Na conclusão do seu ciclo de catequeses sobre a oração de Jesus, durante a Audiência geral, o Papa Bento XVI focou sobre o valor do silêncio na relação do homem com Deus.
O silêncio de Deus mais eloqüente, explicou o Papa, é aquele de Cristo na cruz, onde “o Verbo calou, tornou-se silêncio mortal” (cf. Verbum Domini). No entanto, trata-se de um silêncio que fala, porque a crucificação do Senhor "é profundamente reveladora da situação do homem que reza e do ápice da oração”, o silêncio é fundamental para dar espaço à Palavra de Deus: e ele deverá ser “interior e exterior”. O recolhimento não é nada fácil no nosso tempo, tanto é assim que às vezes “parece que existe medo em distanciar-se, ainda que por um momento, do rio de palavras e imagens que marcam e enchem as nossas jornadas”, observou o Pontífice.
Citando novamente a Verbum Domini, o Santo Padre recordou a "grande tradição patrística" que nos ensina que "os mistérios de Cristo estão unidos ao silêncio e somente nele "a Palavra pode habitar em nós, como aconteceu com Maria, inseparavelmente mulher da Palavra e do silêncio".
O tema do silêncio, ressaltou Bento XVI, é também fundamental para a liturgia: "para facilitar uma escuta autêntica", as missas devem estar "cheias de momentos de silêncio e de acolhida não -verbal". E nesse sentido citou Santo Agostinho que dizia: verbo crescente, verba deficiunt ("Quando o Verbo de Deus cresce, as palavras humanas têm menos importância").
Jesus nos ensina a orar, mostrando-nos "a pureza do coração, que procura o Reino e perdoa os inimigos; a confiança audaz e filial, que vai além do que sentimos e compreendemos; a vigilância, que protege o discípulo da tentação" (Compêndio do Catecismo da Igreja Católica, n º 54).
No exemplo de Cristo aprendemos a oração como momento crucial para "interpretar a nossa vida", para "fazer as nossas escolhas", para "acolher a nossa vocação" e para "descobrir os talentos que Deus nos deu" para cumprir a Sua vontade e realizar a nossa existência.
O clímax da oração de Cristo ao Pai é especialmente o grito que Lhe dirige da cruz, no qual se reúnem "todas as angústias da humanidade de todos os tempos, escrava do pecado e da morte, todas as implorações e as intercessões da história da salvação”, que no final o Pai acolhe e, “além de toda esperança, o escuta ressuscitando o seu Filho” (Catecismo da Igreja Católica, 2598).
Lucas Marcolivio
[Tradução Thácio Siqueira]
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