segunda-feira, 18 de abril de 2011

Más notícias para os coptas do Egito depois de Mubarak







Igrejas são alvo dos fundamentalistas na guerra das licenças de construção







ROMA, domingo, 17 de abril de 2011 (ZENIT.org) – No Egito, depois de Mubarak, as coisas não parecem tomar bom rumo para a comunidade cristã. O que evidencia isso é uma série de ataques contra alvos cristãos nos últimos dias, identificados pela agência ‘Assyrian International News’ (AINA).







Em um artigo publicado no sábado, 9 de abril, a agência informou sobre três ataques realizados recentemente por grupos ou elementos salafistas - uma corrente fundamentalista - contra muitas outras igrejas coptas. A última agressão aconteceu na terça-feira, 5 de abril, na aldeia de Kamadeer, nas imediações de Samalout, na província de Minya, quando um grupo de muçulmanos ocupou a igreja de São João o Amado. O objetivo desta ação era prevenir o início dos trabalhos de manutenção e reparação do edifício, que foi danificado pelas chuvas violentas de janeiro.







A comunidade muçulmana não se importou com o fato de os cristãos terem recebido todas as permissões necessárias das autoridades para realizar a reforma da igreja em ruínas, situada a pouca distância (apenas cinco metros) de uma nova mesquita. Os salafistas queriam que a igreja (embora seja anterior à mesquita) fosse transferida.







Sobre as relações entre muçulmanos e coptas, continua pesando a velha história de duas supostas convertidas ao islamismo - Camelia Shehata e Wafa' Constantine -, que teriam sido trancadas como prisioneiras em um mosteiro copta. O caso, que levou a dois sangrentos atentados contra os cristãos - o de 31 de outubro de 2010, contra uma igreja sírio-católica de Bagdá (Iraque) e o atentado suicida em 1º de janeiro passado, em Alexandria, no Egito - foi definido como “completamente falso” pelo famoso islamólogo Pe. Samir Khalil Samir.







Conforme relatado pela AINA, centenas de muçulmanos organizaram, em 30 de março, um "sit-in" na frente do Conselho de Estado, durante o qual anunciaram o lançamento de uma nova aliança para apoiar os "novos muçulmanos", a ‘Coalition for the Support New Muslims’. Segundo os dirigentes da coligação, seriam cerca de 70 os convertidos ao Islã e "detidos" pelos coptas. No primeiro dia de lançamento, 29 de março, difundiu-se pela internet a ameaça de que qualquer mulher sem véu ou com a cabeça descoberta seria assassinada. Este anúncio levou a ‘Egyptian Union of Human Rights Organization’ a apresentar uma queixa.







Conforme relatado pelas fontes, a violência está obrigando muitos cristãos a deixarem o Egito. Segundo Naguib Gabriel, um proeminente advogado e diretor da ‘Egyptian Federation of Human Rights’, seu escritório recebe pelo menos 70 ligações por semana de pessoas que querem emigrar. "Todos os dias pessoas vêm me procurar para me perguntar como podem se dirigir às embaixadas dos Estados Unidos ou Canadá. Insistem em abandonar o Egito, pois é muito arriscado permanecer" (AINA, 12 de abril). "Estamos em uma encruzilhada - diz Gabriel. Muitos cristãos têm medo do futuro devido aos fanáticos das mesquitas." Embora a embaixada canadense no Cairo tenha declarado que não poderia dar detalhes, de acordo com Sam Fanous, que dirige uma sociedade que auxilia aqueles que pretendem emigrar para o Canadá, seu escritório está sendo bombardeado por essas solicitações.







Em declarações a ‘AsiaNews’ (12 de abril), o Pe. Rafic Greiche, diretor do gabinete de imprensa da Igreja Católica egípcia, admitiu que a atual situação no Egito é crítica, especialmente para as comunidades cristãs. "No país apareceram muitos grupos extremistas, incluindo os Irmãos Muçulmanos, mas estão ganhando forças também grupos mais radicais, como o ‘Islamic Jihad Movement’ e os salafistas”, disse ele. “Muitos cristãos estão indo embora, porque não sabem o que vai acontecer no futuro e preferem emigrar", acrescentou o Pe. Greiche, que teme as forças armadas. "Embora o exército diga que não vai apoiar ninguém, todos nós sabemos que os militares egípcios tendem a favorecer o Islã", disse o sacerdote, recordando que, durante a revolução de 1952 - que terminou com a abdicação do rei Farouk I -, muitos dos soldados golpistas eram próximos dos Irmãos Muçulmanos.







Também o Pe. Luciano Verdoscia não esconde certos temores. Ainda que a mensagem fundamentalista não tenha penetrado os jovens da “Revolução de 25 de janeiro”, existe uma brecha entre os jovens e os estratos mais ignorantes da população egípcia. Esses últimos "podem ​​ser facilmente manipulados por pregadores islâmicos, como se viu no recente referendo constitucional, apresentado como uma eleição entre ser a favor ou contra Deus", confidenciou à agência ‘Fides’ o missionário colombiano (13 de abril).




(Paul De Maeyer)

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