O tempo pascal conclui-se com a Solenidade de Pentecostes, celebração do Espírito Santo, Dom que o Cristo morto e ressuscitado faz à sua Igreja. Vejamos alguns aspectos do significado profundo deste mistério tão importante da nossa fé.
(1) O dom do Espírito Santo é fruto da Páscoa de Cristo. Morto como homem, ele foi ressuscitado pelo Pai na força do Espírito Santo derramado sobre ele (cf. 1Tm 3,16; Rm 1,4). O Espírito torna-se a própria energia divina que sustenta e vivifica a natureza humana de Jesus, de tal modo que São Paulo chega a dizer que o Senhor Jesus é Espírito (cf. 2Cor 3,18). É assim que o Senhor Jesus se torna doador do Espírito Santo: “Exaltado pela Direita de Deus, ele (Jesus) recebeu do Pai o Espírito Santo prometido e o derramou” (At 2,33).
(2) Este derramamento do Espírito deu-se no próprio dia da ressurreição, “na tarde daquele mesmo dia” (Jo 20,19): Jesus entrou no Cenáculo estando fechadas as portas, soprou sobre os Onze e disse: ‘Recebei o Espírito Santo” (Jo 20,22). Aqui nasce a Igreja, aqui os apóstolos são batizados no Espírito Santo, tornando-se cristãos, pois receberam aqui a vida nova do Cristo morto e ressuscitado!
(3) Sendo assim, qual o sentido da festa de Pentecostes? Os judeus celebravam-na cinqüenta dias após a Páscoa para comemorar o dom da Lei que Deus fizera ao povo de Israel. Os israelitas saíram do Egito, atravessaram o Mar e, cinqüenta dias após, chegaram ao pé do Monte Sinai, onde Deus lhes dera a Lei. Como Pentecostes sempre coincidia com o início da colheita, também era considerado a Festa das Primícias. Pois bem: cinqüenta dias após a Páscoa de Jesus, os apóstolos reunidos em Jerusalém, receberam o Espírito de um modo vistoso, barulhento, com fenômenos exteriores. A idéia é muito clara: para o novo povo de Deus, que é a Igreja, a Lei não é mais a Lei dos judeus, mas o Espírito de Amor que Jesus derramou nos nossos corações e que habita em nós (cf. Rm 5,5). O amor que Jesus nos deu como mandamento não é um sentimento, mas é o seu próprio Espírito, no qual unicamente podemos nos amar como ele amou. É este amor que é a plenitude da Lei (cf. Rm 13,8.10). Se olharmos com atenção o texto dos Atos dos Apóstolos que narra a vinda do Espírito, veremos as mesmas características do Monte Sinai: no deserto, dom da Lei acontece no quadro de uma tempestade [“houve trovões, relâmpagos...’ (Ex 19,16)], uma erupção vulcânica [“uma espessa nuvem sobre a montanha, e um clamor muito forte de trombeta... toda a montanha do Sinai fumegava... a sua fumaça subiu como a fumaça de uma fornalha...” (Ex 19,16.18)] e um terremoto [“toda a montanha tremia violentamente” (Ex 19,18)]; no Cenáculo, aparecem os mesmo sinais: ruído, vendaval impetuoso, línguas como de fogo (cf. At 2,2s). a Igreja, fruto da ação do Espírito do Ressuscitado é também primícias da colheita de tudo quanto Cristo realizou na sua páscoa.
(4) Se procurarmos articular o dom do Espírito no dia mesmo da ressurreição (cf. Jo 20,19) com o dom do Espírito em Pentecostes (cf. At 2), podemos dizer o seguinte: o dom do Espírito em João, no dia da ressurreição, equivale ao nosso batismo, quando recebemos, no símbolo da água, o Espírito de vida do Cristo ressuscitado. Nele, recebemos uma vida nova, que germina até a glória eterna. Já o dom do Espírito em Pentecostes equivale à experiência de cada cristão no sacramento da crisma, quando nos é dado o Espírito de força para o testemunho de Jesus e a edificação do Corpo de Cristo, que é a Igreja. Agora, com a manifestação no Cenáculo, a Igreja abre as portas e começa a sair de si, lançando-se nas estradas do mundo para testemunhar Jesus e construir-se como comunidade dos discípulos daquele que morreu e ressuscitou.
(5) Na solenidade de Pentecostes é isto que celebramos: o dom do Espírito que é dado à Igreja continuamente, na pregação da Palavra e, sobretudo, nos sacramentos, de modo particular no batismo e na eucaristia. Em cada sacramento, a Igreja suplica ao Pai o dom do Espírito do Filho, que a una sempre mais ao Ressuscitado, vá dando-lhe a vida nova que ele, seu Senhor e Esposo, agora tem à direita do Pai e, assim, vá conduzindo-a mais e mais à vida eterna.
(6) Nunca esqueçamos que, sem o Espírito, não há nem pode haver Igreja. Somente nele, a vida do Cristo permanece e é continuamente renovada na Comunidade dos discípulos; somente no Espírito é possível viver em Cristo, fazer o bem por amor de Cristo... Somente no Espírito o Evangelho pode ser anunciado como boa-nova e não como letra morta e preceito exterior e opressor. É no Espírito Santo que a vida do Cristo não somente está no nosso meio, mas em nós, no nosso interior, inspirando-nos para o bem, dando-nos força contra o mal, plasmando em nós os sentimentos de Jesus e nos preparando para a vida eterna. Somente no Espírito a Comunidade pode se manter unida na verdadeira fé e ligada no mesmo amor, sem, contudo, sufocar as diversidades existentes. Só no Espírito, a Igreja pode se lançar para o futuro, sem ter medo das novidades e, ao mesmo tempo, manter-se fiel ao passado de sua origem, sem tornar-se ancrônica ou ultrapassada. É por tudo isso que o Espírito foi chamado pelos Santos Padres da Igreja Antiga de “alma da Igreja”: ele a vivifica, a mantém unida, a faz cresce e a conduz à plenitude. É também por isso que a Igreja é real e verdadeiramente Templo do Espírito Santo, que nela habita e repousa, nela permanecendo até transfigurá-la completamente no final dos tempos, quando, então, ela será plenamente Corpo do Cristo glorioso e povo de Deus Pai, para sempre.
(1) O dom do Espírito Santo é fruto da Páscoa de Cristo. Morto como homem, ele foi ressuscitado pelo Pai na força do Espírito Santo derramado sobre ele (cf. 1Tm 3,16; Rm 1,4). O Espírito torna-se a própria energia divina que sustenta e vivifica a natureza humana de Jesus, de tal modo que São Paulo chega a dizer que o Senhor Jesus é Espírito (cf. 2Cor 3,18). É assim que o Senhor Jesus se torna doador do Espírito Santo: “Exaltado pela Direita de Deus, ele (Jesus) recebeu do Pai o Espírito Santo prometido e o derramou” (At 2,33).
(2) Este derramamento do Espírito deu-se no próprio dia da ressurreição, “na tarde daquele mesmo dia” (Jo 20,19): Jesus entrou no Cenáculo estando fechadas as portas, soprou sobre os Onze e disse: ‘Recebei o Espírito Santo” (Jo 20,22). Aqui nasce a Igreja, aqui os apóstolos são batizados no Espírito Santo, tornando-se cristãos, pois receberam aqui a vida nova do Cristo morto e ressuscitado!
(3) Sendo assim, qual o sentido da festa de Pentecostes? Os judeus celebravam-na cinqüenta dias após a Páscoa para comemorar o dom da Lei que Deus fizera ao povo de Israel. Os israelitas saíram do Egito, atravessaram o Mar e, cinqüenta dias após, chegaram ao pé do Monte Sinai, onde Deus lhes dera a Lei. Como Pentecostes sempre coincidia com o início da colheita, também era considerado a Festa das Primícias. Pois bem: cinqüenta dias após a Páscoa de Jesus, os apóstolos reunidos em Jerusalém, receberam o Espírito de um modo vistoso, barulhento, com fenômenos exteriores. A idéia é muito clara: para o novo povo de Deus, que é a Igreja, a Lei não é mais a Lei dos judeus, mas o Espírito de Amor que Jesus derramou nos nossos corações e que habita em nós (cf. Rm 5,5). O amor que Jesus nos deu como mandamento não é um sentimento, mas é o seu próprio Espírito, no qual unicamente podemos nos amar como ele amou. É este amor que é a plenitude da Lei (cf. Rm 13,8.10). Se olharmos com atenção o texto dos Atos dos Apóstolos que narra a vinda do Espírito, veremos as mesmas características do Monte Sinai: no deserto, dom da Lei acontece no quadro de uma tempestade [“houve trovões, relâmpagos...’ (Ex 19,16)], uma erupção vulcânica [“uma espessa nuvem sobre a montanha, e um clamor muito forte de trombeta... toda a montanha do Sinai fumegava... a sua fumaça subiu como a fumaça de uma fornalha...” (Ex 19,16.18)] e um terremoto [“toda a montanha tremia violentamente” (Ex 19,18)]; no Cenáculo, aparecem os mesmo sinais: ruído, vendaval impetuoso, línguas como de fogo (cf. At 2,2s). a Igreja, fruto da ação do Espírito do Ressuscitado é também primícias da colheita de tudo quanto Cristo realizou na sua páscoa.
(4) Se procurarmos articular o dom do Espírito no dia mesmo da ressurreição (cf. Jo 20,19) com o dom do Espírito em Pentecostes (cf. At 2), podemos dizer o seguinte: o dom do Espírito em João, no dia da ressurreição, equivale ao nosso batismo, quando recebemos, no símbolo da água, o Espírito de vida do Cristo ressuscitado. Nele, recebemos uma vida nova, que germina até a glória eterna. Já o dom do Espírito em Pentecostes equivale à experiência de cada cristão no sacramento da crisma, quando nos é dado o Espírito de força para o testemunho de Jesus e a edificação do Corpo de Cristo, que é a Igreja. Agora, com a manifestação no Cenáculo, a Igreja abre as portas e começa a sair de si, lançando-se nas estradas do mundo para testemunhar Jesus e construir-se como comunidade dos discípulos daquele que morreu e ressuscitou.
(5) Na solenidade de Pentecostes é isto que celebramos: o dom do Espírito que é dado à Igreja continuamente, na pregação da Palavra e, sobretudo, nos sacramentos, de modo particular no batismo e na eucaristia. Em cada sacramento, a Igreja suplica ao Pai o dom do Espírito do Filho, que a una sempre mais ao Ressuscitado, vá dando-lhe a vida nova que ele, seu Senhor e Esposo, agora tem à direita do Pai e, assim, vá conduzindo-a mais e mais à vida eterna.
(6) Nunca esqueçamos que, sem o Espírito, não há nem pode haver Igreja. Somente nele, a vida do Cristo permanece e é continuamente renovada na Comunidade dos discípulos; somente no Espírito é possível viver em Cristo, fazer o bem por amor de Cristo... Somente no Espírito o Evangelho pode ser anunciado como boa-nova e não como letra morta e preceito exterior e opressor. É no Espírito Santo que a vida do Cristo não somente está no nosso meio, mas em nós, no nosso interior, inspirando-nos para o bem, dando-nos força contra o mal, plasmando em nós os sentimentos de Jesus e nos preparando para a vida eterna. Somente no Espírito a Comunidade pode se manter unida na verdadeira fé e ligada no mesmo amor, sem, contudo, sufocar as diversidades existentes. Só no Espírito, a Igreja pode se lançar para o futuro, sem ter medo das novidades e, ao mesmo tempo, manter-se fiel ao passado de sua origem, sem tornar-se ancrônica ou ultrapassada. É por tudo isso que o Espírito foi chamado pelos Santos Padres da Igreja Antiga de “alma da Igreja”: ele a vivifica, a mantém unida, a faz cresce e a conduz à plenitude. É também por isso que a Igreja é real e verdadeiramente Templo do Espírito Santo, que nela habita e repousa, nela permanecendo até transfigurá-la completamente no final dos tempos, quando, então, ela será plenamente Corpo do Cristo glorioso e povo de Deus Pai, para sempre.
Fonte: costa_hs.blog.uol.com.br
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