“De grande difusão, mas pouco
estável”, afirma
em encontro com luteranos.
O mais necessário para o ecumenismo hoje é que os cristãos não percam aquilo que têm em comum, pressionados pela secularização.
O Papa fez esta declaração hoje, em um encontro com representantes do Conselho da Igreja Evangélica Alemã (EKD), em Erfurt, cidade onde Lutero (1483-1546) iniciou seu caminho teológico.
Bento XVI identificou dois grandes riscos que ameaçam a comunhão alcançada entre os cristãos nas últimas décadas: o de uma nova forma de cristianismo de grande difusão, mas pouco estável e “às vezes preocupante em suas formas” e o de adulterar a fé, cedendo à secularização, para tentar ser modernos.
Sobre o primeiro desafio, o Papa explicou que “nos últimos tempos, a geografia do cristianismo mudou profundamente e ainda continua mudando”.
“Perante uma nova forma de cristianismo, que se difunde com um imenso dinamismo missionário, às vezes preocupante em suas formas, as Igrejas confessionais históricas ficam frequentemente perplexas”, disse.
“É um cristianismo de escassa densidade institucional, com pouca bagagem racional, menos ainda dogmática, e com pouca estabilidade”, explicou.
Este “fenômeno mundial nos situa novamente diante da pergunta sobre o que é que permanece sempre válido e o que poderia ou deveria mudar, perante a questão de nossa opção fundamental na fé”.
Em relação ao segundo risco, referente ao “contexto do mundo secularizado no qual devemos viver e dar testemunho hoje de nossa fé”, afirmou: “Acaso é necessário ceder à pressão da secularização, chegar a ser modernos adulterando a fé?”.
“Naturalmente, a fé tem de ser novamente pensada e, sobretudo, vivida, hoje de modo novo, para que se converta em algo que pertence ao presente. A isso não ajuda sua adulteração, mas sim vivê-la integramente em nosso hoje. Isso é uma tarefa ecumênica central”, disse o Papa.
Celebração
Depois de falar com os representantes da Igreja Evangélica Alemã, Bento XVI interveio em uma celebração ecumênica, realizada na igreja do Convento dos Agostinianos, em Erfurt. Do momento de oração participaram representantes de outras Igrejas protestantes.
Em seu discurso, Bento XVI enfatizou que a sede de infinito “está presente no homem de modo inextirpável”.
“O homem foi criado para a relação com Deus e precisa d'Ele. Neste tempo, o nosso primeiro serviço ecumênico deve ser testemunharmos juntos a presença de Deus vivo e, deste modo, dar ao mundo a resposta de que tem necessidade.”
“Naturalmente, deste testemunho fundamental de Deus faz parte depois, de maneira absolutamente central, o testemunho de Jesus Cristo, verdadeiro homem e verdadeiro Deus”, disse o Papa.
Segundo Bento XVI, “a seriedade da fé em Deus manifesta-se na vivência da sua palavra. No nosso tempo, manifesta-se, de modo muito concreto, no empenho por aquela criatura que Ele quis à sua imagem: o homem”.
“Vivemos num tempo em que se tornaram incertos os critérios de ser homem. A ética foi substituída pelo cálculo das consequências.”
“Perante isto – prosseguiu o pontífice –, devemos, como cristãos, defender a dignidade inviolável do homem, desde a sua concepção até à morte: nas questões desde o diagnóstico de pré-implantação até à eutanásia.”
“«Só quem conhece Deus, é que conhece o homem» – disse uma vez Romano Guardini. Sem o conhecimento de Deus, o homem torna-se manipulável. A fé em Deus deve-se concretizar-se no nosso empenho comum pelo homem”, afirmou.
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