’’Hosana ao Filho de
Davi! Bendito Aquele que vem em nome do Senhor!’’ Esta é a soleníssima exclamação que
tributamos ao Cordeiro Imolado na Liturgia dos Santos Mistérios, na Santa
Missa. Reconhecemos que o Cordeiro imolado é Deus e Senhor. Debaixo do seu
senhorio, do Deus Messias, colocamos o existir, para, que em nossos intentos,
desejos, ações... correspondamos, de fato, a sermos agradáveis a Deus. É
característico do Tempo Litúrgico que ora celebramos, o Tempo Ordinário,
mostrar a vida pública de Jesus, que justamente, conforme os sinóticos,
principia com o Batismo, às margens do Jordão, a tentação no deserto. O Divino
Salvador, através dos milagres, clarividencia quem o é. Ele é Deus Santíssimo,
consubstancial ao Pai, a Palavra criadora e dinâmica que tudo fizera e sem a
qual, como canta o prólogo joanino, ‘’nada do que existe seria feito’’.
À primeira leitura extraída do Livro do
Profeta Isaías, precisamente o dito
‘’Terceiro Isaías’’, também conhecido como o opúsculo apocalipse de Isaías. Contextualizemo-nos
quanto à época. Esta parte do livro mostra
o regresso do povo de Israel da
mazela do exílio em a Babilônia.Reparemos a terrível situação. Israel
passara por cruéis momento no exílio e, um deles, foi deixar-se influenciar pelos ídolos, pelos
deuses estrangeiros e por conseguinte cometeram a idolatria. Abandonaram o Deus
da Aliança para servir aos estranhos. Qual a esperança, então, daquele povo?
Eis! ‘’Dizei às pessoas deprimidas: Criai ânimo, não tenhais medo! Vede, é
vosso Deus, é a vingança que vem, é a recompensa de Deus; é ele que vem para
vos salvar.’’ O profeta evidencia que a esperança dar-se no advento do Messias davídico,
cuja presença é a autenticidade através dos atos: ‘’ se abrirão os olhos dos
cegos e se descerrarão os ouvidos dos surdos. O coxo saltará como um cervo e se
desatará a língua dos mudos, assim como brotarão águas no deserto e jorrarão
torrentes no ermo.’’ Assim profetizara
Isaías e, tal cumprimento, vemo-lo, na pessoa de Jesus que é verdadeiramente o
Deus Messias! Noutra passagem o mesmo profeta diz: ‘’O Espírito do Senhor
Iahweh está sobre mim, porque Iahweh me ungiu; enviou-me a anunciar a boa nova
aos pobres a curar os quebrantados de coração e proclamar um ano aceitável a
Iahweh.’’ (cf. Is, 61)
A ação redentora de Cristo através dos
milagres, dos prodígios, portentos é a caminho de Jerusalém, no lenho da cruz,
ele esclarece com a oblação da sua vida, qual a missão que viera cumprir.
Lembremo-nos quando da vez que os discípulos de João Batista acorreram a Nosso
Senhor e lhes perguntaram: ‘’És tu mesmo que devia vim ou devemos esperar um
outro?’’ Eis a resposta daquele que o Batista anunciara como a Luz. ‘’Digam a
João que os cegos veem, os surdos ouvem, os coxos andam e o Evangelho é
anunciado.’’ Pronto! Aqui fica esclarecido que o Filho do Carpinteiro e de
Maria Santíssima é o Messias Santo prometido na Escritura do Antigo Israel.
Na segunda leitura, extraída da epístola de
São Tiago, as admoestações do apóstolo são, deveras, precisas para o
Cristianismo. ‘’Meus irmãos a fé que tendes em Nosso Senhor Jesus Cristo
glorificado não deve admitir acepção de pessoas.’’ O testemunho intrépido que
damos da nossa adesão ao projetode Deus deve acompanhar a nossa praxe na
vivência da caridade. Caridade verdadeira em que comungamos na face dos mais
frágeis, a face de Cristo. ‘’Um copo de água que deres a um desses pequeninos é
a mim que estais dando.’’ Apraz-nos as
palavras de São Paulo: ‘’Ainda que eu falasse línguas, as dos homens e as dos
anjos, se eu não tivesse a caridade, seria como bronze que soa ou como címbalo
que tine.’’ (I Cor. 13) Oxalá a nossa experiência com o Ressuscitado nos
transforme em luminosos faróis, de maneira tal, que a caridade evangélica
conquiste a muitos. A Beata Tereza de Calcutá dizia para as suas irmãs ‘’comungastes
ao Senhor no Sacramento da Caridade, comungue-o agora no rosto desfigurado dos
mais indigentes.’’
Chegamos ao Evangelho, centro da Liturgia da
Palavra. A missão do Filho de Deus fora libertar o homem da escravidão do
pecado. Para a mentalidade cultural-religiosa dos judeus, se um indivíduo
possuísse uma enfermidade como lepra e, até mesmo, deficiências como a surdez,
a paralisia era excluído da convivência normal.
A página do Evangelho é caríssima de
significados. ‘’Jesus afastou-se com o homem, para fora da multidão; em
seguida, colocou os dedos nos seus ouvidos, cuspiu e com a saliva tocou a
língua dele. Olhando para o céu, suspirou e disse: ‘’Efatá!’’, que quer dizer: ‘’Abre-te!’’
Pensemos nesse ínterim nas benditas palavras proferidas pelo centurião romano
quando do martírio do nosso Salvador, ‘’verdadeiramente esse Homem era o Filho
de Deus!’’ Eis! O Obedientíssimo, o Unigênito, que na carne humana, tirou o
pecado do mundo. Abriu-nos as portas do céu. Aquele que é o primogênito dos
mortos! Pensemos, irmãos, nos pormenores que são os gestos de Jesus, pois esses
são salvíficos cuja máxima é o sinal da
cruz.
As ações sensíveis de Cristo. (1) Colocou
os dedos nos ouvidos do surdo; ( 2) cuspiu; (3) tocou a língua dele. Aonde
bebemos desse manancial da salvação? Nos santos sacramentos da Igreja. Eles são
a solene e verdadeira perpetuação do Mistério Pascal, em que Cristo, através e
com a Igreja, Esposa Imaculada, salva-nos! Conforme registra-se nos primeiros
sacramentais, o sacerdote, antes de deitar
a água batismal, tocava os ouvidos dos neófitos e proferia o ‘’Efatá’’ e a seguir colocava sal na boca.
Abre-te! Esta é a ordem do Cristo para o cristão, nós, que somos partícipes do mistério da salvação, que aceitamo-Lo como nosso Senhor. Mais que os ouvidos físicos; abramo-nos inteiramente às exigências do fiel seguimento a Cristo, de maneira tal, que afirmem: ‘’Ele tem feito bem todas as coisas: Aos surdos faz ouvir e aos mudos falar.
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