sábado, 26 de janeiro de 2013

IIIºDomingo Comum- Ano B


           Caros irmãos na fé trinitária: graça e paz da parte de Deus, nosso Pai e de Jesus Cristo nosso Senhor. Eis que no peregrinar do Ano Eclesiástico fazemos solenemente a atualização dos mistérios da nossa salvação executados pelo Cristo, o Filho do Deus vivo como pudemos vislumbrar, recentemente, o admirável intercâmbio dos céus com a terra, quando, por libérrima e arcana vontade da Trindade Santíssima o ‘’Logos’’ fez-se carne nas entranhas fecundíssimas de Maria Virgem, a Mãe de Deus, e ‘’armou a Tenda em nosso meio’’; ou seja, é um de nós, da raça de Adão, exceto no pecado.
        
   Magnânima verdade, celebramos, com a Santa Igreja ao transcorrer do curtíssimo, mas mui significativo Tempo do Natal. Posteriormente a este, iniciamos o Tempo Ordinário, conhecido como o ‘’Tempo Comum’’. Qual é o significado? O que representa para a Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo? São demasiadas amplas as respostas. Elas estão na literatura da Sagrada Escritura, os Santos Evangelhos, os sinópticos e o solene Evangelho segundo São João. Na oração ‘’super-oblata’’, da Sagrada Liturgia do 2º do Tempo Comum, está, ainda que compendiada, a resposta. Diz o sacerdote: ‘’Concedei-nos, ó Deus, a graça de participar constantemente da Eucaristia, pois, todas às vezes que celebramos este mistério, torna-se presente a nossa redenção.’’
      
  É isto mesmo! Celebrar a Sagrada Páscoa do Senhor até que venha o seu derradeiro advento, na glória dos céus. Ademais, como já referimos, no Tempo Ordinário é posta a tônica de toda a ação messiânica de Jesus; os prodígios e obras portentosas executadas na força do Espírito Santo durante os três anos quando do seu ministério de Máximo Pontífice entre os homens e o Pai, logo, a Igreja, sabiamente dividiu em três anos (A) São Mateus, (B) São Marcos e (C) São Lucas cujo Ano Litúrgico celebramos desde o primeiro do Tempo do Advento.
  
     À partir da óptica teológica deste evangelista e apóstolo, escutaremos, com profundidade ‘’quem foi Jesus de Nazaré,’’ já observada noutro livro de sua autoria, os Atos dos Apóstolos: ‘Jesus de Nazaré foi ungido por Deus com o Espírito Santo e com poder. Ele andou por toda parte  fazendo o bem e curando a todos os que estavam dominados pelo demônio, porque Deus estava com ele.’’
    
   Após consideráveis ponderações, adentremos à atmosfera da Liturgia da Palavra deste domingo; o terceiro do Tempo Comum. Conferir: (Ne VIII, 2-4 a 5-6.8-10; Sl XVIII; I Cor XII, 12-30; Lc I, 1-4; IV, 14-21). Com a Igreja cantamos: ‘’ A Lei do Senhor Deus é perfeita, conforto para alma! O Testemunho do Senhor é fiel, sabedoria dos humildes; os preceitos de Adonai são precisos, alegria ao coração. O mandamento de Adonai é brilhante, para os olhos é uma luz.’’ (cf. Salmo Responsorial)
   
    A Lei de Deus é a vida do homem, pois ela permanece nas veneráveis Escrituras é imutável e perene desde quando fora confiada aos nossos ancestrais na fé, ou seja, o Povo da Antiga Aliança conforme lemos no Livro do Deuteronômio e alhures: ‘’Ouve, ó Israel: Adonai nossos Deus é o único Adonai! Portanto, amarás Adonai teu Deus com todo o teu coração, com toda a tua alma e com toda a tua força.’’ (cf. Dt5) Nesta tão especial profissão de fé dos nossos irmãos, os judeus; encontra-se a sinopse de todos os preceitos.

   A Lei, consiste em ‘’shemá’’ (ouve) Israel! Escuta! Presta bem atenção! ‘’Eu sou o Senhor, teu Deus!’’ Não houve antes de mim algum outro e não haverá! Eu sou o Deus que fez o êxodo dos teus pais da casa da escravidão! Destarte, amar a Deus é, como diz são Paulo, ‘’ a plenitude da lei.’’
   
   Na primeira leitura ouvimos de maneira solene a leitura da ‘’Torah’’ da Lei de Moisés feita pelo escriba Esdras. É o nascimento da religião de Israel. A Palavra de Deus que é a vida dos homens. No quadro que a Escritura nos reserva hoje, deparamo-nos com uma Liturgia! Nesta, encontra-se uma assembleia de crentes composta por homens e mulheres. Todos põem-se de prontidão em ouvir a ‘’Lei do Senhor’’ pois esta é mais ‘’adocicada que o mel sai dos favos das abelhas!’’. Afirma o autor sagrado: ‘’(...) todo o povo ficou de pé(...) e respondeu, levantando as mãos: ‘’Amém! Amém! Depois inclinaram-se e prostraram-se diante do Senhor, com o rosto em terra.’’ Ainda ressalta-se: ‘’Este é um dia consagrado ao Senhor, vosso Deus!’’ Ide para vossas casas e comei carnes gordas, tomai bebidas doces e reparti com aqueles que nada prepararam, pois este dia é santo para o nosso Senhor.’’
     
      A experiência com a suma Caridade sempre desembocará no amor ao próximo conforme assinala Santa Agostinho: ‘’Vês a Caridade? Vês a Trindade!’’ As palavras do sacerdote Esdras ‘’reparti com aqueles que nada prepararam’’ revela que a Lei de deus é autenticada no amor fraterno e puramente gratuito, desinteressado!
  

    Na segunda leitura, da primeira carta de São Paulo aos Coríntios, o apóstolo desenvolve, numa linguagem conotativa, a  realidade da Igreja de Cristo e dos seus batizados. Logo, utilizar-se-á das nomenclaturas ‘’corpo e membros’’. A palavra do Apóstolo das gentes é mister para melhor compreendermos que fomos inseridos no ‘’Cristo’’ pela água do Batismo e pelo espírito santo e formamos uma comunidade de eleitos. ‘’Vós, todos juntos, sois membros desse corpo.’’ Devemos honrar aquilo que fomos feito: cristãos! Na unidade somos cristãos, pois, onde estivermos (o estado da nossa vocação diante da sociedade) há, aí, a presença da Igreja o ‘’Corpo’’ expressa pelo membro-batizado, por conseguinte de Cristo, como que a Cabeça que tudo governa e os demais irmãos na fé comum recebida.

   No Evangelho, estamos ao limiar da obra literária de São Lucas. Atentemo-nos a este, digamos assim, ‘’Prefácio’’: ‘’Muitas pessoas já tentaram escrever a história dos acontecimentos que se realizaram entre nós, como nos foram transmitidos por aqueles que, desde o princípio foram testemunhas oculares e ministros da palavra. Assim sendo, após fazer um estudo cuidadoso de tudo o que aconteceu desde o princípio.(...)’’ Ao depararmo-nos com este prolegômenos, é-nos, de antemão, colocada a verdade: Jesus de Nazaré, o Filho de Deus, não é uma estória, uma crônica, um conto fabuloso com finais mirabolantes, não é o principezinho que se transforma em sapo e tampouco a carruagem que virá abóbora. Jesus de Nazaré é  o evento de salvação pelo mistério de sua encarnação e da sua Páscoa. Lucas usa um vocábulo que assegura a plena verdade: ‘’Transmitidos’’. Por quem? Pelos ‘’que comeram e beberam com Jesus’’. A nossa fé é puramente uma transmissão de descendência a descendência. De quem conviveu ouviu e conclamou. Não temos uma fé nova e tampouco envelhecida, mas sempre presente e vivificante com o testemunho dos primeiros nosso irmãos!
  

   Vai Jesus a Nazaré, a cidade onde se tinha criado e adentra a sinagoga em dia de sábado. Atentemo-nos: Nosso Senhor não entra nesse edifício como os demais rabis e escribas. Entra para ‘’plenificar a Lei e, através da leitura do profeta Isaías revelar-se. Eis! É Ele o Messias prometido à casa de Davi! É o ‘’ungido pelo Espírito Santo’’ como Filho de Deus que veio trazer a liberdade e a salvação para toda a humanidade. Jesus tão mais que Esdras diz: ‘’O Espírito do Senhor está sobre mim, porque ele me consagrou com a unção’’. É o ministério apostólico de Cristo, a sua santa missão que, como já sabemos, culminará na obra redentora do sagrado madeiro! Veio como ‘’luz para as nações’’, para quem se achava perdido, ‘’uma luz resplandeceu’’ nas trevas do homem, morto pelo pecado. ‘’Todos os que estavam na sinagoga tinham os olhos fixos nele.’’ É isto mesmo!  Chegou os últimos tempos porque o Pai ofereceu o seu Filho como havia desde todo o sempre prometido!
  Quanto a nós vivamos consoante o seu projeto de amor, de modo que, um dia, participemos da comunhão dos santos!



  
    

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