sábado, 12 de janeiro de 2013

**FESTA DO BATISMO DO SENHOR**- ÚLTIMO DOMINGO DO NATAL E PRIMEIRO DOMINGO DO TEMPO ORDINÁRIO




         ‘’Batizado o Senhor, os céus se abriram, e o Espírito Santo pairou sobre ele sob a forma de pomba. E a voz do Pai se fez ouvir: Este é p meu Filho muito amado, nele está todo o meu amor. ’’ (cf. Antífona da Entrada, MISSAL ROMANO) Irmãos caríssimos, são com tais palavras que o sacerdote inicia a celebração litúrgica deste domingo; tido como o último do Tempo do Natal e, neste tempo litúrgico, a última das epifanias do nosso Divino Salvador. Desde o dia do Natal é-nos dada a graça de contemplar a manifestação do Amor de Deus em o seu Unigênito. Vemos com precisão, tamanha verdade, às palavras da segunda leitura, extraída da Epístola de São Paulo a Tito, que a Igreja proclamou na Missa da Noite: Manifestou-se a bondade de Deus, nosso Salvador, e o seu amor pelos homens: Ele salvou-nos (...) por sua misericórdia, quando renascemos e fomos renovados no batismo pelo espírito Santo, que ele derramou abundantemente sobre nós por meio de nosso Salvador Jesus Cristo. 
     
      A hodierna festa litúrgica é uma referência ao limiar do ministério messiânico de Jesus de Nazaré. Este Evento pode ser muito bem notável nos Evangelhos sinóticos; o que, no quarto Evangelho, segundo São João é mostrado de maneira solene quando das Bodas nupcial em Caná da Galileia. Perguntemo-nos: Qual é o mistério do Batismo do Senhor? Por que acorre Ele, ‘’o Justo, o Santíssimo, o Inocente, o Imaculado, o Filho de Deus, a quem, neste Tempo do Natal, pudemos com a Igreja, expressar a bimilenar fé, afirmando Ele ‘’ser consubstancial ao Pai’’, e pede o batismo que João Batista ministrava? Por quê quis, Nosso Senhor, ser batizado, ‘’que viveu em tudo a nossa humanidade, exceto o pecado?’’ 

    É um mistério grandíssimo! Sublime! Tenhamos a nossa atenção devotada às palavras da Oração do Dia desta Sagrada Liturgia: ‘’ Deus eterno e todo-poderoso sendo o Cristo batizado no Jordão, e pairando sobre ele o Espírito Santo, o declarastes solenemente vosso Filho, concedei aos vossos filhos adotivos, renascidos da água e do Espírito Santo, perseverar constantemente em vosso amor.’’ Nesta solene oração, encontramos o miolo fundamental desta Santa e Divina Liturgia. Cristo adentra às águas do Jordão porque, de fato, é Ele quem alvejará a humanidade decaída pelo pecado original. Sim! SIM! Não é água do Jordão que lavara o Cristo; como muitos que se aproximavam de João, o batizador e que segundo as veneráveis escrituras ‘’confessavam os seus pecados e eram batizados por João no Jordão.’’ Em Jesus, verdadeiro Deus e verdadeiro homem, aquele outrora rito de ablução, ganha um pleno e real significado, pois como bem diz São Paulo que ‘’Cristo é Aquele que possui a plenitude universal’’.

    Neste dia, Cristo banhado, lavado nas águas já santificadas do Jordão, nasce o Sacramento do Batismo. O ritual de purificação ganha a dignidade de sacramento. É sabido disto nas palavras do Evangelho de São Marcos: ‘’Naqueles dias, Jesus veio de Nazaré da Galileia, e foi batizado por João no rio Jordão. ‘E logo, ao sair da água, viu o céu se abrindo, e o Espírito, como pomba, descer sobre ele’.’’ Como ganha tal dignidade? Na misteriosa voz que se ouve e outrossim o elemento da pomba. Eis: ‘Tu és o meu Filho amado, em ti ponho o meu bem-querer.’’ Que hora santíssima! Pondo-se o nosso Salvador, na fileira daqueles penitentes, assinala que ‘’veio salvar o que estava perdido’’. Esta é a causa da sua encarnação no seio de Maria Virgem, ademais quando é mergulhado na água. Cumpre-se, digamos assim, o que dissera o Profeta Isaías: ‘Meu servo, o justo, fara justos inúmeros homens.’’ Nosso Senhor assumindo a nossa condição humana sepulta com a sua santíssima humanidade o julgo do pecado original, por isso replica quando João Batista lhe indaga: ‘’Eu preciso ser batizado por ti e tu vens a mim.’’ Diz-lhe: ‘’Por enquanto deixa como está, porque nós devemos cumprir toda a justiça.’’ Admoesta-nos o Papa Bento XVI analisando preciosíssima resposta quão mistérica: ‘’Justiça é, neste mundo, no qual Jesus está, a resposta do homem à Tora, aceitar toda vontade de Deus, levar o ‘jugo do reino de Deus’, (...) expressão para o ilimitado sim à vontade de Deus, como acolhimento obediente do seu jugo.’’ (cf. Jesus de Nazaré, do Batismo no Jordão à Transfiguração; p. 33)

    Pronto! Notamos que o Batismo de Jesus é um prelúdio do que acontecerá quando a sua ‘’hora’’ chegar. De fato, é na árvore da obediência, na cruz, que acontece o Batismo de Cristo é lavado ele como seu sangue santíssimo para o homem encontrar a redenção. Parafraseando o Apóstolo, é em Cristo morto e ressuscitado que fomos batizados. Caros e estimados irmãos, só a partir desta verdade, que é o Mistério Pascal, podemos entender os gestos acontecidos lá no Jordão. Quando Jesus é mergulhado é sinal da sua morte, da sua sepultura que garantir-nos-á a imortalidade. E o que pensar da voz e da pomba?
Ei-los: naquela voz testifica-se que Aquele homem é o Ungido do Senhor, o servo, que a primeira leitura da missa hoje nos apresenta. A pomba é sinal do Espírito Santo que confirmará todo o agir messiânico do Filho de Deus. Aquela é lembrada e vista, a primeira vez, no dilúvio, simbolizando o término e o recomeço duma nova criação, a partir daqueles que foram salvos e encontravam-se na arca. Qual é esta nova criação? Quem é esta arca? Eis pois: o Batismo e a Igreja. A humanidade é afeita pelo Mistério Pascal do Divino Pelicano, cuja perpetuação e sinal visível é a água do Batismo jorrada uma única vez do coração do Cordeiro de Deus imolado no alto do Gólgota.

       Os Sermões de São Proclo de Constantinopla nos ensina: ‘’Prestai atenção, contemplai o novo e admirável dilúvio, maior e mais poderoso que o do tempo de Noé. No primeiro dilúvio, a água fez perecer o gênero humano, agora, porém, a água do batismo, pelo poder daquele que foi batizado por João, chama os mortos para a vida. No primeiro dilúvio, uma pomba, trazendo no bico um ramo de oliveira, anunciava o odor da suavidade de Cristo; agora, o espírito Santo, vindo em forma de pomba, mostra-nos o Senhor cheio de misericórdia.’’ Esta tão santa manifestação do Filho de Deus deve ser, de maneira tal, absorvida por nós, porque nos tornamos cristãos. No dia do nosso Batismo a pia batismal, o grande útero da Senhora e mãe católica, a Igreja, nos gerou para a vida do alto, por esta razão que misteriosamente dissera Jesus a Nicodemos: ‘’Em verdade, em verdade vos digo: se não nasceres da água e do Espírito Santo não poderá entrar no Reino do Céus.’’ Foi-nos ofertado o germe da vida eterna pela virtude da fé, da esperança e da caridade, recebida naquela dia. Tornamo-nos outros Cristos, logo são entendidas as palavras do sermão das Bem-aventuranças: ‘’Vós sois o sal da terra! Vós sois a luz do mundo!’’

     Oxalá esta inserção nossa à família de Deus que é a Igreja nos faça merecedores do prêmio eterno, do qual, o penhor é a Páscoa de Nosso senhor Jesus Cristo e a graça batismal que a Igreja tal como uma mãe zelosa nos mereceu. Que o Deus-Messias, cuja Epifania no batismo, hoje celebramos, faça-nos na força do santo Espírito suas fieis testemunhas, destarte estaremos espalhando o ‘’Seu bom odor.’’ A Ele, o ‘’primogênito dentre os mortos’’, a glória e a eternidade pelos séculos dos séculos. Amém!

Um comentário:

  1. qual o nome do pintor da gravura de batista batizando cristo no rio jordão? achei ela muito linda

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