Louvado seja Nosso
Senhor Jesus Cristo!
Reunidos
com os Apóstolos na Última Ceia, para que a memória da Cruz salvadora
permanecesse para sempre, ele se ofereceu a vós como cordeiro sem mancha e foi
aceito como sacrifício de perfeito louvor. (Prefácio da Santíssima
Eucaristia, II)

É de importância suma entendermos que a
Santa Missa, a Sagrada Liturgia, é o sacrifício do Redentor Jesus. Demasiado vazio o é compará-la a uma
‘’festinha’’ ou, até mesmo, a interpretação errônea que muitos Lha dão como um
‘’banquete’’. Não! A Missa é o ‘’zikkáron’’ a memória atualizada; presente do
ato salvífico de Nosso Senhor Jesus Cristo. Como todos os dias escutamos,
segundo as palavras do Senhor, quando antes de torná-lo cruento, o institui
incruentamente, para, assim conosco permanecer, até a parusia no ‘’Dia Final!’’
A Missa é um sacrifício em forma de
banquete. A mesa é o altar. Sim! A lembrança fidedigna da ara do lenho da cruz.
É o lugar por antonomásia da oblação. O Mistério Pascal do Filho de Deus é a
eternidade em meio a nós. Seria muito ínfimo compará-lo às alegrias momentâneas
desta vida de transeuntes. É uma alegria incomensurável da qual não existe, por
mais que busquemos alegorias, da eternidade! Por isso admoesta-nos a Igreja que
a Eucaristia é o penhor da glória futura.
Na
missa dar-te tu, ó Senhor, por inteiro! Todo como estiveste em Maria Virgem,
Todo como estiveste na cruz! Radioso Ressuscitado, Tu que estás à destra do
Pai, ‘’mas, refulges em os nossos tabernáculos como Sacramento da Caridade,
único e mesmo quando da vez que apareceste à Maria, a Pedro, a Dídimo! Hoje nos
aparece no altar, antegozo da vida do alto, para um dia ver-te face a face,
Piedoso Pelicano!
A Liturgia da Palavra deste Vigésimo Nono
Domingo Comum nos apresenta a misteriosa e venerável imagem, no Antigo
Testamento, do ‘’Servo Obediente’’. O quarto cântico, que, todos os anos, na
Semana Santa, a Igreja, pedagogicamente, põe em nossos ouvidos, cujo ápice é
lido na Sexta-Feira da Paixão do Senhor com o cântico quarto, consoante o
Profeta Isaías. Os cânticos do Servo Sofredor é uma literatura riquíssima com uma
adversidade de significados. À princípio trata-se do próprio profeta, depois
caracteriza, justamente, a predileção e o amor de Deus por sua Vinha, por
Israel. Ao vislumbrarmos o mistério da encarnação, paixão e morte do Filho de
Deus, vemos com clarividência o cumprimento dessa tremenda profecia . O Senhor quis macerá-lo com sofrimentos (...)
fará cumprir com êxito a vontade do Senhor. Meu servo, o justo, fará justos
inúmeros homens, carregando sobre si suas culpas.
No Cristo, o Unigênito, a
vida do gênero humano foi refeita, destarte o sofrimento tornou-se oferta para
a reconciliação e abolição do julgo da Antiga Lei, o pecado original. ‘’A verdade é que ele tomava sobre si nossas
enfermidades e sofria, ele mesmo, nossas dores; e nós pensávamos fosse um
chagado, golpeado por Deus e humilhado! Mas foi ferido por causa de nossos
pecados, esmagado por causa de nossos crimes; (...) foi maltratado, e
submeteu-se, não abriu a boca; como cordeiro levado ao matadouro ou como ovelha
diante dos que a tosquiam, ele não abriu a boca.(...) Sendo contado como um malfeitor;
ele, na verdade, resgatava o pecado de todos e intercedia em favor dos
pecadores. O Servo, por antonomásia, é também o sacerdote, a vítima e o
altar. Verificamos na Epístola aos
Hebreus: (...) temos um sumo-sacerdote
capaz de se compadecer de nossas fraquezas, pois ele mesmo foi provado em tudo
como nós, com exceção do pecado. Jesus é o mediador entre nós e o Pai. Sendo exteriormente reconhecido como homem,
humilhou-se ainda mais, tornando-se obediente até a morte, e morte de cruz.
Esvazia-se completamente para encontrarmos no testamento da caridade encerrada
na oferta da cruz, o próprio Deus. Eis a
máxima: De tal modo Deus amou o mundo,
que lhe deu seu Filho único, para que todo o que nele crer não pereça, mas
tenha a vida eterna.
No Evangelho ouvimos o pedido de Tiago e
João, filhos de Zebedeu: Mestre, queremos
que faças por nós o que vamos pedir: Deixa-nos sentar um à tua direita e outro
à tua esquerda, quando estiveres na tua glória. Jesus é duro e solene: Vós não sabeis o que pedis. O que será
pensavam aqueles dois apóstolos? Certamente que Nosso Senhor ao chegar em
Jerusalém destruísse a tirania do Império Romano e tomasse o lugar de
César. Aqueles dois estavam quando no
Monte Tabor, o Senhor, mostrou-lhes a verdadeira glória: sua crua paixão e
radiosa ressurreição. A hora bendita da glorificação do Divino Mestre: a cruz.
Dão-lhe por trono o madeiro, por coroa, espinhos por cetro o trespassar da
lança do soldado. ‘’Este é o Rei dos Judeus!’’ Eis o Rei manso que diferente dos
reis romanos, que passavam sob os basileus, indicando a supremacia, desceu à
planície do sofrimento para subir a’ltura
do Monte Calvário. Jerusalém! Este é o teu Rei! Israel Novo, Igreja,
Cidade do Altíssimo.
Por
acaso podeis beber o cálice que eu vou beber? Podeis ser batizados com o
batismo com que vou ser batizado? Jesus, com estas perguntas, anuncia de
modo solene a sua morte, o ‘’dia em que o Esposo será tirado’’ beber o cálice
do escárnio, da amargura como que o fel e o vinagre que lhe deram quando
naquela hora o Cordeiro Pascal era imolado. Na sua suprema agonia ainda pedira
ao Pai que afastasse o cálice da dor, mas, com resiliência total, submeteu-se!
E o Batismo de Jesus? É o seu sangue
derramado até a última gota. ‘’Tudo está consumado!’’ Pronto! Eis o
esclarecimento para quem deseja segui-lo. Derramar-se e quebrar-se por inteiro!
Como diz São Paulo: Faço tudo para ter
parte no Evangelho!
Vós sabeis
que os chefes das nações as oprimem e os grandes as tiranizam. Mas, entre vós
não deve ser assim: quem quiser ser grande, seja vosso servo, quem quiser ser o
primeiro seja o escravo de todos. Há lógica nessas palavras de Nosso
Senhor? Vejamos! Não! Esta exortação é
literalmente misteriosa. E ainda o é! César entendê-la-ia? Pôncio Pilatos? Os
fariseus? Os Mestres da Lei? Os Anciãos do Povo? Não! Só pode compreendê-la e
bem-aventurado o é! Quem foi capaz de deixar-se atrair pela força renovadora da
Páscoa do Pelicano Jesus. O que nos recorda esta dita de Jesus ao Colégio dos
Apóstolos, portanto, à Igreja, para nós cristãos? O gesto sacerdotal antecipado
no lava-pés. Depõe o manto e cinge-se com o avental. Ele! O Servo
Obedientíssimo! Sacrossanta lição para nós! Quando pensarmos em nos querermos
cravemos o nosso olhar no madeiro. Lá é o vosso e o meu lugar! Quebremo-nos,
como uma oferta agradável e salutar e assim nos unamos aos benefícios do
martírio do Senhor nosso. Porque o Filho
do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida como
resgate para muitos. A obra sacerdotal de Cristo é o seu serviço, ou seja,
a oblação total ao Pai em obséquio do homem. Tal qual o grão de trigo assim
fora o nosso Divino Salvador! Foi até a Ara da Cruz, aonde lá, segundo Santo Agostinho, ''ensinou como Mestre''
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