As novas tecnologias impõem à Igreja um grande desafio: evangelizar com novas linguagens e atitudes. Foi o que afirmou nessa terça-feira Dom Claudio Maria Celli, presidente do Conselho Pontifício para as Comunicações Sociais.
O prelado participou de uma jornada de estudo em Roma promovida pela Ação Católica Italiana, em vista de sua próxima assembleia nacional (6 a 8 de maio).
“As novas tecnologias nos colocam diante de possibilidades inimagináveis”, mas “criam uma cultura digital dentro da qual é necessário chegar ao homem com essa mesma linguagem, para levar a mensagem evangélica”.
Por isso, é fundamental – afirmou – “comunicar com uma atitude respeitosa e não com imposição agressiva”. Trata-se do “maior desafio que estamos enfrentando”.
Sobre o encontro realizado na segunda-feira no Vaticano com blogueiros do mundo, ele afirmou que foi “uma tomada de consciência sobre a importância da blogosfera no contexto global e cultural”. Recordou que “enquanto se realizava o encontro no Vaticano, os blogueiros, ao mesmo tempo, realizavam outro em paralelo, o dos twitters”.
O presidente do organismo vaticano para as comunicações citou um documento de Bento XVI, de 12 de maio de 2010, em Lisboa, onde indicou que: “no mundo de hoje é necessário dialogar de maneira respeitosa com a verdade dos outros”.
Dom Celli acrescentou que agora estamos em uma fase de aprendizagem, porque muitos blogs, “mesmo ao defender a própria fé, são incapazes de instaurar um diálogo”. Isso é um ponto muito importante – sublinhou o prelado – porque “o Papa não nos convida ao proselitismo nem à defesa agressiva daquilo em que cremos”.
O prelado indicou alguns pontos a se respeitar na comunicação, assim como ser conscientes de pertencer à Igreja, “que não somente faz comunicação, mas é comunicação”. Não é abrigo de conceitos intelectuais como se fosse uma ideologia, mas, “substancialmente, é comunicação do amor de Deus, de um Deus que ama o homem e busca-o com um amor incansável”.
Ele enfatizou que as novas tecnologias dão origem a uma nova cultura, chamada digital. Lamentavelmente – afirmou o prelado – “ainda existe na Igreja uma visão instrumental sobre os meios de comunicação”, enquanto que João Paulo II já tinha entendido “que as novas tecnologias geravam uma nova cultura”.
“Uma criança que vive em conexão com outras, por exemplo, entende melhor o que quer dizer comunicação”. E poderá também “entender melhor o que é o corpo místico de Cristo”, porque “entenderá melhor o que significa estar em comunicação com a Igreja”.
O problema de fundo é entender “em que medida sabemos dialogar com a cultura digital, com a realidade juvenil; em que medida a Igreja é capaz de comunicar e anunciar o Evangelho em uma cultura digital”. “Trata-se do maior desafio que estamos enfrentando”.
Dom Celli recordou que “devemos nos perguntar em que medida exercitamos a pastoral no campo digital e temos de entender de maneira explícita o que ainda nos falta”.
Mas aqui existe – explicou – um paradoxo, porque “enquanto se está muito conectado, ao mesmo tempo se está muito sozinho”. Como exemplo recordou como, em média, um jovem envia cerca de 60 SMS por dia. Ele fez um convite: “compete aos jovens que os valores do Evangelho sejam semeados na cultura digital de hoje”.
Outro ponto importante é o que se refere à “linguagem” e, portanto, “não somente ao tecnológico”. Ou seja, é necessária uma “mediação cultural na contextualidade; é necessário entender as problemáticas do homem de hoje”. Do contrário, poderão existir belas afirmações tecnológicas, mas que não atingem” efetivamente as pessoas.
É necessário ter – concluiu – “uma linguagem que possa ser bem entendida, de modo que consiga levar em seu interior a mensagem do Evangelho”.
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