sábado, 29 de dezembro de 2012

Festa da Sagrada Família de Jesus, Maria e José-Oitava do Natal do Senhor.


     Caríssimos irmãos e irmãs, ‘’graça e paz da parte de Deus, o Pai e do Senhor nosso Jesus Cristo esteja convosco!’’
     Robustecidos pela feliz boa notícia que celebramos: ‘’Hoje, na cidade de Davi, a Belém de Éfrata, nasceu-nos um Menino, um Filho nos foi dado, o seu nome é Emanuel, o Deus-conosco’’ é Natal de Nosso Senhor Jesus Cristo!  E hoje, neste Domingo, na Oitava do Natal, alegramo-nos reverenciando a Sagrada Família de Nazaré que desde à última semana do Advento já começamos a pensar.
     
       Parece uma quimera, em nossos tempos, marcados profundamente pelos estigmas apregoados pelos representantes da sociedade civil; afirmando veementemente a total banalização do sagrado, a abolição dos valores intrínsecos aos pais, o consumo perdulário, o hedonismo, o panteísmo, a desmoralização, a vidinha fácil, os tipos de famílias, a desgraça do aborto, tido, segundo uma mentalidade satânica, como problema de saúde pública, não obstante a tal cenário, celebrar a Festa da Sagrada Família.
     
       Uma realidade é fato: a família é uma instituição sagrada. Deus em seu arcano e libérrimo desejo quis concedê-la  ao homem. Antes de nos determos em Maria e em José, pensemos na primeira noção de Família que a Escritura nos expõe. Permanece expressa no Livro do Gênesis. Eia pois: A Santíssima Trindade. No absoluto mistério trinitário, o Pai, pelo Filho no Espírito e o Pai todo no Filho, o Filho todo no Pai e o Espírito Santo que procede do amor do Pai com o Filho, nesta ciranda mistérica, que é belíssima, vislumbramos a Família. Isto mesmo! Coloquemos aqui a minha e a sua. Eis o desejo de Deus: ‘’Façamos o homem a nossa imagem e semelhança.’’(Gn1, 26) 
   
    No desenvolvimento desta história de salvação, plasma, o Senhor, uma mulher, visto que esta é exclamada pelo homem, como ‘’ ossos dos ossos e carne da carne’’ ou seja, é humana. Ambos são designados à constituição da prole ‘’crescei-vos e multiplicai-vos’’, é como se Deus dissesse: dos mortais vocês serão aqueles que perdurarão as gerações. Pronto! Família é a junção do homem com a mulher cujo fim primordial é garantir a descendência. Nem mais e nem menos é isto! Agora perguntemo-nos: Como tal quadro, ainda presente na primitiva aliança, valida-se?  Graças à união do homem e da mulher elevados à dignidade do Santo Matrimônio. Sim. Por meio deste sacramento, recebido pela liberalidade dos esposos, a família deve ser constituída, pois esta é uma das finalidades do mesmo, uma vez que se encontra, agregado ao sacramento da Ordem, destinado à missão.

        Detenhamo-nos neste ínterim á bendita Família de Nazaré. Reza a Igreja, em sua Liturgia, na Oração de Coleta: ‘’Ó Deus de bondade, que nos destes a Sagrada Família como exemplo, concedei-nos imitar em nossos lares a suas virtudes para que, unidos pelos laços do amor, possamos chegar um dia às alegrias da vossa casa.’’ Vemos na família de Jesus o protótipo perfeito para as nossas. Partamos do grande evento que é a encarnação do Verbo que celebramos hoje. Deus que é ‘’Eu sou’’ sempiterno, quis para si uma família humana. Adentra à história nossa nascido de Maria sempre virgem e quis para si um pai também. Pensemos na infância de Jesus, os dias ocultos em Nazaré, nos fatos e nas vicissitudes da existência como que num eloquente silêncio, Deus vai, paulatinamente, santificando as nossas famílias. Foi assim em Nazaré e o será por todo sempre. Ao centro das nossas há um lugar que, sem dúvida, deve ser ocupado por Aquele que tudo rege, por Aquele, que desde sempre, pensava na salvação da família. É-nos notório aos olhos o quanto a família é degradada pelos ditames daqueles que querem, a todo custo, ora tornarem-se seus senhores; ora destruírem como assassinos em série.
    
        As leituras desta Sagrada Liturgia, são, na verdade, instruções que as famílias cristãs devem pautar as suas vidas. Vejamos: ‘’Deus honra o pai nos filhos e confirma, sobre eles, a autoridade da mãe. Quem honra o seu pai, alcança o perdão dos pecados; evita cometê-los e será ouvido na oração cotidiana. Quem respeita a sua mãe é como alguém que ajunta tesouros.’’ (Eclo 3) Estas exortações são consideradas bênçãos. Ela provém do alto, do Coração de Deus. É lamentável em nossos dias vermos o dissabor existente entre as famílias: pais e mães em querelas, filhos desentendidos. Sim esta é uma astúcia de Satanás, uma vez que é nela que as vocações são nascidas, sobretudo o sacerdócio e o matrimônio.
    
      Na segunda leitura, extraída da carta de São Paulo aos Colossenses há um período que é o miolo para bem vivermos no seio familiar. Escutai só o que diz o apóstolo: ‘’Amai-vos uns aos outros, pois o amor é o vínculo da perfeição.’’ A família não é perfeita, outrossim não existe  a melhor família, mas o que a caracteriza verdadeiramente é a prática do amor, porque é justamente ele que santificará os membros que a compõe.  Atentemo-nos! Não o amorzinho fácil, todavia àquele, que, com alegoria, diz São Paulo: ‘’Maridos amai as vossas esposas como Cristo amou a sua Igreja e por ela se entregou. (Ef 5) Qual é então? É o da cruz! A família é vocacionada dia a dia a ofertar-se com Cristo e este crucificado! É o vetor para a santificação, por isso continua o Apóstolo na segunda leitura da missa de hoje: ‘’Maridos, amai as vossas esposas e não sejais grosseiros com elas. Filhos, obedecei em tudo aos vossos pais, pois isso é bom e correto no Senhor. Pais,  não intimideis os vossos filhos, para que eles não desanimem.’’ A família, que vive imersa nas mais variadas relações sociais, é o lugar da presença de Deus, logo o testemunho é primordial ; ‘’Vós sois a luz do mundo! Vós sois o sal da terra!’’

        No Evangelho, extraído de Lucas 2, 41-52,  é o texto único, presente na Escritura que fala  de Jesus aos doze anos. Instruído pela Lei de Moisés vai para o Templo. Atentemo-nos aos pormenores do texto sagrado: é a Páscoa, a festa dos judeus, ‘’passados os dias da Páscoa, começaram a viagem de volta, mas o menino ficou em Jerusalém, sem que seus pais o notassem.’’ Vejamos: o Menino Jesus, o quase adolescente Jesus de Nazaré, de Maria e de Joset, não se perde propositalmente dos pai ou se perdeu na multidão. Não! Jesus já anuncia a sua vida pública. Quem o é. Testifiquemos com a sua resposta: ‘’Por que me procuráveis? Não sabeis que devo estar na casa de meu Pai?’’
      
      Naquele Menino-Deus cumpre-se as Sagradas Escrituras. Eis o palco dos acontecimentos: Jerusalém. Aí fará a sua Páscoa, com a paixão, morte e ressurreição. ‘’Três dias’’- sinal da Ressurreição. Quem é agora o Templo, senão o Filho de Deus, que possui a ‘’plenitude da Divindade’’ Ele que é ‘’a imagem do Deus Invisível’’! Ao término do Evangelho, notamos, a particular atenção do evangelista. Aquele que é Deus é homem em sua plenitude: ‘’Jesus desceu então com seus pais para Nazaré, e era-lhes obediente... e Jesus crescia em  sabedoria estatura e graça, diante de Deus e diante dos homens.’’
       
    Nesta festa litúrgica da Sagrada Família, bendizemos a Deus por nossas famílias, bendizemos também porque com ela, pelo Batismo, participamos da família de Cristo que a sua Esposa, a Igreja, e, conforme pediu o sacerdote na Oração inicial de hoje, ‘’unidos pelos laços do amor, possamos chegar um dia às alegrias da vossa casa.’’  Ao Menino Deus, em comunhão com o Pai o louvor e a glória pelo séculos dos séculos!


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