sábado, 9 de fevereiro de 2013

V DOMINGO COMUM- ''Avança para águas mais profundas, e lançai as vossas redes para a pesca.''


‘’Entrai, inclinai-vos e prostrai-vos: adoremos o Senhor que nos criou, pois ele é o nosso Deus.’’ (cf. Antífona da Entrada, Vº Domingo Comum)
      
    Com a celebração deste Domingo a Igreja interromperá o Tempo Ordinário do Ano, o Tempo Comum, para iniciar, com a Quarta-Feira de Cinzas, o Tempo da Quaresma. A presente Antífona, muito bem compendia a Liturgia da Palavra exposta no Lecionário Dominical. Conferir: Is 6, 1-2a. 3-8; Sl 137; 1Cor 15, 1-11; Lc 5, 1-11.
    

     À primeira leitura ouvimos a vocação do profeta Isaías, a partir, de uma teofania, ou seja, uma manifestação de Deus àquele vidente. Como sabemos Isaías fora um profeta grande para a história da salvação em Israel. O seu livro encontra-se dividido em três partes: o Livro da Santidade, o Deutero-Isaías  e o Trito-Isaías. Este, mais conhecido por nós, onde contém os três cânticos do Servo Obediente que, solenemente, a Igreja, faz-nos ouvir durante os dias  da Semana Santa e na Sexta-feira da Paixão do Senhor.
   
    É fundamentada nesta passagem que a Igreja, na Liturgia da Santa Missa faz em uníssono aos coros angélicos proclama a santidade de Deus. ‘’Sanctus, sanctus, sanctus Dóminus Deus Sábaoth.’’  Diante de estupenda visualização, Isaías, fica atônito a ponto de exclamar: ‘’Ai de mim, estou perdido! Sou apenas um homem de lábios impuros, mas eu vi com meus olhos o rei, o Senhor dos exércitos.’’ Defronte a esta revelação, o profeta, encontra-se, com Aquele que designá-lo-á, para uma missão. Lembremo-nos no domingo passado a vocação de Jeremias. Sempre quando Deus nos chama achamo-nos indignos. ‘’Ai de mim, estou perdido! Sou apenas um homem de lábios impuros.’’ Ou: ‘’Senhor não sei falar, sou uma criança!’’ Mas, a vocação é um querer tão somente de Deus! Uma vontade que suplanta em excelência todas as disposições que, no transcurso da existência, vamos pautando. Os nossos desejos! As conquistas!
     

   Ela é toda uma mistério! Quando Nosso Senhor formara o grupo dos Doze, o Evangelista São Marcos diz: ‘’Chamou os que quis para ficar com Ele.’’ (cf. Mc 3)  A lume desta,  vislumbramos o ocorrido com Isaias: ‘’ (...) um dos serafins voou para mim, tendo na mão uma brasa, que retirara  do altar com uma tenaz, e tocou minha boca, dizendo: ‘’Assim que isto tocou teus lábios, desapareceu tua culpa, e teu pecado está perdoado.’’ Ouvi a voz do Senhor que dizia: ‘’Quem enviarei? Quem irá por nós?’’ Eu respondi: ‘’Aqui estou! Envia-me!’’  Isaías, sentindo-se impotente, mísero, pecador; é inflamado pelo zelo do Senhor que o chama e distribui, largamente, a graça necessária à vocação destinada. O encontro com o Senhor da Seara, sempre, na liberdade, é marcado por uma resposta, portanto, averiguemos as narrações vocacionais, tanto no Antigo Testamento, quanto no Novo, que a Sagrada Escritura nos reserva. Samuel que discerne a voz do Senhor da de Eli diz: ‘’Fala Senhor, que teu servo te escuta!’’  Na hodierna Liturgia, Isaías: ‘’Aqui estou! Envia-me!’’ A vocação é profundamente marcada para um ‘’ide’’ respondido Àquela voz inconfundível e graça, na qual, devemos apoiar o nosso apostolado.
     

     À segunda leitura, da Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios, ouvimos o apóstolo a conclamar à comunidade cristã a viver  segundo o Evangelho de Cristo, logo, diz: ‘’Quero lembrar-vos, irmãos, o evangelho que vos preguei e que recebestes, e no qual estais firmes. Por ele sois salvos, se o estais  guardando tal qual ele vos foi pregado por mim. De outro modo teríeis abraçado a fé em vão.’’ Atentemo-nos: Não há Evangelho sem Cristo e sem a transmissão da fé Nele feita pela Igreja! No Ano da Fé, como amiúde a Igreja vem nos exortando, somos chamados a viver segundo o critério do único Evangelho do Pai: Jesus Cristo. Guardado e transmitido pelo testemunho pela pregação apostólica na e com a Igreja. No mais, além disso, ‘’vêm do maligno’’. De pregações e interpretações fugidas do autêntico magistério.  ‘’por ele sois salvos, se o estais guardando tal qual ele vos foi pregado por mim.’’ Nesta dita de São Paulo observamos a integridade doutrinária da igreja e vejamos: de sempre. Quando lemos o texto da presente missiva é como fizéssemos uma linha temporal e marcando-a chegaremos aos primeiros.
    

    Ainda discorre o apóstolo acerca do marco da pregação do Evangelho de Cristo: ‘’Com efeito, transmitir-vos em primeiro lugar, aquilo que eu mesmo tinha recebido, a saber: que Cristo morreu por nossos pecados, segundo as Escrituras; que foi sepultado; que, ao terceiro dia, ressuscitou, segundo as Escrituras.’’ Este é o fato primordial: Cristo morto e ressuscitado. É o ‘’kerigma’’, o anúncio solene da salvação operada por Deus em favor dos homens. Disto, é, a  Igreja, desde os apóstolos, anunciadora e guardiã. Paulo ainda divaga sobre o evento da Ressurreição de Cristo aos primeiros: ‘’ (...) apareceu a Cefas e, depois, aos Doze. Mais tarde, apareceu a mais de quinhentos irmãos, de uma vez. Depois, apareceu a Tiago e, depois, apareceu aos apóstolos todos juntos. Por último, apareceu também a mim, como a um abortivo.’’ Eis a condição adotada por Paulo: ‘’como a um abortivo.’’ Posterior as cruéis perseguições feitas por Saulo, quis, o Senhor, integrá-lo ao número dos Doze. Mais uma vez debruçamo-nos no mistério da vocação, como escolha de Deus, unicamente, não obstante, ao que somos! E o que se torna Paulo? O apóstolo dos gentios! Dos pagãos. Daqueles, que, como ele, não cria no nome do Filho de Deus, Jesus de Nazaré.
    

    No Evangelho, ouvimos  o convite do seguimento a Nosso Senhor de Pedro., Tiago e Simão. Diferentemente de Isaías, Jeremias, Samuel, São Paulo e alhures, Deus, ao longo dos tempos, continua a chamar homens, como diz a Carta aos Hebreus, ‘’cercados de fraqueza’’, para configurar-se a Ele!  Na primeira leitura fomos conduzidos a um glorioso e santo lugar: o Templo! No Evangelho, há um contraste, quanto ao chamamento divino. Ei-lo:  Às margens do Lago de Genesaré. Pescadores simples, iletrados, são convidados por Jesus a ‘’deixar as redes e o pai’’ e partirem para outras águas, com outras redes e doutros tipos de peixes. É um absurdo e um tremendo mistério. Se fossemos olhá-lo à conjuntura da realidade humana, Deus, seria tido como um injusto. De qual maneira? Olhemos: o ofício da pesca, ou seja, o labor para garantir a sustentabilidade; a segurança daqueles que esperavam com o ofício. Mas é aqui o nó; jamais desvendado por nossos ‘’por que’’. Por que Senhor? Por que logo os pescadores? Por que logo o publicano Levi?  Contentemo-nos: ‘’Ele chamou os que quis para ficar com ele’’ Eis que é um ficar permanente, para toda a vida, com tudo aquilo que esta implica, e daquilo que somos!
      

   Chama-nos, o Senhor da Vinha, no nosso ordinário, chama-nos quando nos pomos debaixo do seu senhorio, Chama-nos na Beleza da Sagrada Liturgia, no ensinamento retilíneo da Igreja, no testemunho da vida sacerdotal, de maneiras adversas, como há muito, quis servir-se, Ele, o todo santo, dos elementos da pesca, das redes, do barco e como disse a Pedro: ‘’Avança para águas mais profundas, e lançai vossas redes para pesca.’’ Esta palavra de Jesus só pode ser atendida com a fé obediente. É a atitude de Simão: ‘’Mestre, nós trabalhamos a noite inteira e nada pescamos. Mas, em atenção à tua palavra, vou lançar as redes.’’
  
   Meus irmãos, ainda no Evangelho que a Liturgia de hoje nos reserva, não podemos de fazer referência aos ‘’primado petrino’’, apontado nalgumas menções de Jesus e nos gestos. Diz o texto sagrado: ‘’Subindo numa das barcas, que era de Simão, pediu que se afastasse um pouco da margem. Depois sentou-se e, da barca, ensinava as multidões.’’ Quais são os significados destas posturas de Cristo?  São, justamente, os significados profundíssimos que representam. A barca é sinal da Igreja que navega no mares mais bravios desta terra, mas é desta barca que o orbi católico cristão é exortando e ensinado pelo Vigário de Cristo e sucessor do apóstolo Pedro. A Barca de Pedro não mais usada para agremiar peixes, mas para, nos meios de salvação nela existente através dos sacramentos e da pregação salvar o homem! Outra atitude deste primado é quem primeiro lança as redes: Pedro! É com ele que todos os batizados, também, formando a Igreja de Cristo é chamada a dar o perfeito testemunho de Cristo na vocação escolhida. Sempre é Pedro! Nunca sem este! Com razão dizia Escrivá de Balaguer: ‘’Com Pedro, por Maria a Jesus!’’
  

     Por fim, vejamos, o quão frágil é Pedro: ‘’Senhor, afasta-te de mim, porque sou um pecador.’’ Apraz-nos recordar do papa Bento XVI, quando do instante primeiro do seu ministério à Cátedra de Pedro:’’ Depois do grande Papa, João Paulo II, os senhores cardeais escolheram a mim! Um simples e humilde trabalhador da Vinha do Senhor!’’ Esta é a grande atitude de quem se reconhece pequeno, frágil, indigno, como Isaías, Simão Pedro, Paulo, como que a um abortivo, mas, na serenidade e confiança que Aquele ‘’que os chamou é fiel’’, põe-se ‘’ao largo para lançar as redes.’’ E nas sendas da vida, deixando as benéfices, ‘’levamos as barcas para a margem, deixamos tudo e seguimos a Jesus.’’ A Ele, o Apóstolo do Pai, a glória e a imortalidade pelos séculos infindos. Amém!

   
 


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