sexta-feira, 29 de abril de 2011

Preparativos para a missa de Beatificação

Funcionários do Vaticano retiram o caixão com os restos mortais de João Paulo 2º do túmulo na cripta da Basílica de São Pedro. O caixão será levado ao Altar da Confissão da Basílica para a cerimônica de beatificação do papa, no domingo

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Ampola com sangue de João Paulo II será exposta como relíquia


O Escritório de Imprensa da Santa Sé informou que os milhares de fiéis que chegarem ao Vaticano este fim de semana para comparecer à cerimônia de beatificação do Papa João Paulo II poderão venerar como relíquia do futuro beato uma pequena ampola de sangue.

A relíquia que será exposta à veneração dos fiéis, pela ocasião da beatificação do Papa João Paulo, é uma pequena ampola de sangue, inserida no precioso relicário que o Escritório das Celebrações Litúrgicas do Supremo Pontífice preparou para este momento solene e íntimo, conforme sustenta um comunicado do Escritório.

O texto explica que a equipe médica que cuidou do Papa em seus últimos dias realizou extrações de sangue para pô-la à disposição do Centro de Transfusões do Hospital Bambino Gesú – que cuida do serviço médico papal-, no caso de uma eventual transfusão.

Entretanto, não se realizou nenhuma transfusão e o sangue extraído ficou conservado em quatro pequenas ampolas. Duas das quais ficaram à disposição do secretário particular do Papa João Paulo II, cardeal Dziwisz, e os outros dois permaneceram no mencionado hospital, devotamente custodiados pelas religiosas do centro. Precisamente estes são os que foram colocados em dois relicários.

Para o público, este será apresentado à veneração dos fiéis, na ocasião da cerimônia de Beatificação, de 1º de maio, e logo será conservado no Sacrário, sob os cuidados do Escritório das Celebrações Litúrgicas do Supremo Pontífice, junto com outras importantes relíquias. O segundo relicário será novamente entregue ao hospital pediátrico romano Bambino Gesú, cujas religiosas, como foi informado, têm custodiado esta preciosa relíquia durante estes anos. O sangue se encontra em estado líquido, circunstância que se explica pela presença de uma substância anticoagulante, presente nas provetas no momento da extração.

Papa João Paulo II saiu 115 vezes “às escondidas” do Vaticano para esquiar em seus dias de folga.


João Paulo II saiu às escondidas do Vaticano para esquiar em 115 ocasiões durante seus 27 anos de pontificado e visitou diversos pontos da Itália, revelou Claudio Paganini, conselheiro espiritual do Centro Esportivo Italiano.

A reportagem é da Agência Efe, 26-04-2011. A tradução é do Cepat.

Em entrevista para a Notimex, o sacerdote assegurou que não obstante fosse Papa, às terças-feiras escapava secretamente do Vaticano e ia esquiar em diversas estâncias dos Apeninos Centrais em Los Abruzzos, nos Dardamelos ou nos Alpes.

A paixão pelo esqui do futuro beato foi confirmada por um de seus colaboradores mais próximos, Joaquín Navarro Valls, histórico porta-voz e diretor da sala de imprensa vaticana.

“Agora se pode dizer: às vezes, nas terças-feiras, que continua sendo o único dia da semana no qual o Papa não recebe pessoas e que é usado para escrever e ler documentos, se saía e com um carro se ia esquiar por três ou quatro horas”, disse em entrevista ao canal de televisão Rai 1.

“Em silêncio se saía e se atravessava Roma. Imagina, às seis da tarde como é o tráfico romano. Minha insegurança: seguramente alguém descobre o Papa neste carro. Era um carro anônimo, sem a identificação do Vaticano, mas nunca ninguém o reconheceu”, disse.

O amor de João Paulo II pela neve e pela montanha ficou gravado no centro de esqui Campo Felice, na região italiana de Los Abruzzos, a cerca de 200 quilômetros a leste de Roma, onde atualmente uma pista leva seu nome.

Segundo Paganini, o Karol Wojtyla deixou claro que não se pode eliminar a fé e a cultura do esporte, nem deixar a espiritualidade de lado na hora dos esportes.

Recordou que desde a sua juventude caminhava, andava de bicicleta, jogava vôlei e praticava caiaque, mas gostava muito de esquiar.

“Um homem que sabe viver como João Paulo II a fé, os valores e o esporte faz compreender que o esporte é um ingrediente importante para a formação. O homem de hoje se realiza quando une a atividade física à oração, ao estudo e à cultura”, indicou.

“Não surpreende que um Papa tenha tempo para fazer isto, pensamos que quem produz e ganha dinheiro é importante, absolutamente não. Wojtyla nos ensinou que ter tempo para si mesmo, para praticar esporte, é fundamental para a santidade”, considerou.

Para Claudio Paganini, atualmente o esporte deve aprender que um código de ética não tem muito sentido, que é necessário formar a pessoa globalmente porque um homem bem formado vive o esporte corretamente, mas se carece de valores não pode ser honesto.

Como homenagem ao “Papa peregrino”, o Centro Esportivo Italiano decidiu nomeá-lo “capitão” da edição 2011 da Clericus Cup, a “Copa do Mundo” de futebol exclusiva para seminaristas e sacerdotes, organizada por essa associação com o aval do Vaticano.

Também em entrevista, Kevin Lixey, responsável pelo Escritório Igreja e Esportesda Sé Apostólica, disse que João Paulo II será um beato esportista.

“O mesmo foi um grande esportista, um beato pode fazer esportes, ele mesmo beatificou Pier Giorgio Frassati que escalava montanhas, esquiava; isto é importante para que os jovens saibam que também o tempo livre pode ser um espaço de santidade”, apontou.

Qual foi o segredo da eficácia evangelizadora do Papa João Paulo II?




Há anos que se ouvem testemunhos de jovens, e menos jovens, que se sentiram atraídos por Cristo graças às palavras, ao exemplo e à proximidade de João Paulo II. Com a ajuda de Deus, alguns empreenderam um caminho de procura da santidade sem mudar de estado, na vida matrimonial ou no celibato, outros, no sacerdócio ou na vida religiosa. São vários milhares e há quem lhes chame “a geração João Paulo II”.

Qual foi o segredo da eficácia evangelizadora deste Papa extraordinário? É evidente que Karol Wojtyla foi um defensor incansável da dignidade humana, um pastor solícito, um comunicador credível da verdade e um pai, para crentes e não crentes. Mas o Papa que nos guiou na transição do segundo para o terceiro milénio foi acima de tudo um homem apaixonado por Jesus Cristo e identificado com Ele.

“Para saber quem é João Paulo II é preciso vê-lo rezar, sobretudo na intimidade da sua capela privada”, escreveu um dos biógrafos deste santo pontífice.

E assim é, de fato. Uma das últimas fotografias da sua caminhada terrena retrata-o na capela privada acompanhando, pela televisão, a Via-Sacra que decorria no Coliseu. Naquela Sexta-Feira Santa de 2005, João Paulo II não pôde presidir fisicamente ao evento, como fizera nos anos anteriores. Já não conseguia nem falar nem andar, mas essa imagem espelha a intensidade do momento que vivia. Agarrado a um grande crucifixo de madeira, o Papa abraça Jesus na cruz, aproxima o Crucificado do seu coração e beija-O. A imagem de João Paulo II, ancião e doente, unido à Cruz, é um discurso tão eloquente como as suas palavras vigorosas ou as viagens extenuantes.

O novo beato cumpriu com generosidade heróica o mandato de Cristo aos Seus discípulos: “Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda a criatura” (Mc 16, 15). Na ânsia de chegar ao último recanto de África, da América, da Ásia, da Europa e da Oceânia, João Paulo II não pensava em si próprio; tinha o ímpeto de gastar a vida em serviço dos outros, o desejo de mostrar a dignidade do ser humano – criado à imagem e semelhança de Deus e redimido por Cristo – e de transmitir a mensagem do Evangelho.

Certa vez, ao fim da tarde, acompanhei D. Álvaro del Portillo – então prelado do Opus Dei – aos aposentos pontifícios. Enquanto esperávamos a chegada do Papa ouvimos os passos cansados, de alguém que arrastava os pés, aproximar-se por um corredor. Era João Paulo II, muito cansado. D. Álvaro del Portillo exclamou: “Santo Padre, está tão cansado!” O Papa olhou para ele e, com voz amável, explicou: “Se por esta altura não estivesse cansado, seria sinal de que não teria cumprido o meu dever.”

O zelo pelas almas transportou-o ao último canto da Terra para levar a mensagem de Cristo. Há alguém no mundo que tenha estreitado mais mãos na sua vida, ou tenha cruzado o seu olhar com o de tantas pessoas como ele? Esse esforço, também humano, era outro modo de abraçar e de se unir ao Crucificado.

A universalidade do coração de João Paulo II não o conduzia só a uma atividade que poderíamos chamar exterior: também no seu interior agia operativamente este espírito, assumindo as inquietações do mundo inteiro. Diariamente, a partir da capela privada no Vaticano, percorria o globo. Por isso foi natural a resposta a um jornalista que perguntou como rezava: a oração do Papa – respondeu – é uma “peregrinação pelo mundo inteiro rezando com o pensamento e o coração”.

Na sua oração – explicava – emerge “a geografia das comunidades, das igrejas, das sociedades e também dos problemas que angustiam o mundo contemporâneo”, e deste modo o Papa “expõe diante de Deus todas as alegrias e esperanças e ao mesmo tempo as tristezas e preocupações que a Igreja partilha com a humanidade contemporânea”.

Esse coração universal e esse impulso missionário levaram-no a dialogar com pessoas de todos os tipos. Isso tornou-se patente durante o Jubileu do ano 2000; quis encontrar-se com crianças, jovens, adultos e idosos; com desportistas, artistas, governantes, políticos, polícias e militares; com trabalhadores do campo, universitários, presos e doentes; com famílias, pessoas do mundo do espectáculo, emigrantes e nómadas…

A biografia de Karol Wojtyla pode também ler-se como um contínuo levar o Evangelho aos mais variados setores da sociedade humana: às famílias, à escola e à fábrica, ao teatro e à literatura, às cidades de arranha-céus e aos bairros de barracas. A sua história levou-o a perceber com clareza que é possível tornar presente Cristo em todas as circunstâncias, também nos momentos trágicos da guerra mundial e das dominações totalitárias que imperaram na sua terra natal. Nos cenários mais diversos da modernidade, João Paulo II levou a luz de Jesus Cristo à humanidade inteira. Com a sua existência ensina-nos a descobrir Deus nas circunstâncias em que nos toca viver.

Numa das suas obras, S. Josemaria Escrivá de Balaguer, contempla Jesus na cruz como Sacerdote Eterno, que “abre os seus braços à humanidade inteira”. Penso que a caminhada terrena de João Paulo II foi uma réplica fiel desse Senhor a acolher no Seu coração todos os homens e mulheres, derramando amor e misericórdia em cada um, com um acento especial para os doentes e os desvalidos.

A vida do cristão é procurar configurar-se com Cristo; e João Paulo II cumpriu-o de modo sublime: por causa da sua heróica correspondência à graça, da sua alegria de filho de Deus, pessoas de todas as raças e condições sociais viram brilhar nele o rosto do Ressuscitado.

A fotografia que referi no início destas reflexões parece-me uma síntese visual da vida de João Paulo II: um Papa exausto pelo longo tempo de serviço às almas, que conduz o olhar do mundo para Jesus na cruz, para que cada um e cada uma encontre aí respostas para as suas interrogações mais profundas. A vida do novo beato é pois um exemplo de transparência cristã: tornar visível, através da própria vida, o rosto e os sentimentos misericordiosos de Jesus. Penso que é essa a razão e o segredo da sua eficácia evangelizadora. E estou convencido – assim o peço a Deus – de que a sua elevação aos altares induzirá no mundo e na Igreja uma onda de fé e de amor, de desejos de servir os outros e de gratidão ao Senhor.

No dia 1 de Maio de 2011, na Praça de São Pedro, sob o olhar carinhoso da Mãe da Igreja, poderemos unir-nos a Bento XVI e dizer uma vez mais: “Queremos expressar a nossa profunda gratidão ao Senhor pelo dom de João Paulo II e queremos também agradecer a este Papa tudo o que fez e sofreu”Aos que o conhecemos em vida, cabe- -nos agora o gostoso dever de o dar a conhecer às gerações vindoura.

Votos de Feliz Páscoa do Seminário Arquidiocesano Sagrado Coração de Jesus

RESSUSCITOU DE VERDADE!!!!!!

Celebrar a Páscoa é chegar ao encontro com Cristo vivo

Uma antiga e sempre atual saudação para o Tempo Pascal resume em poucas palavras a fé dos cristãos: “Cristo ressuscitou”! A resposta confirma a convicção: “Ressuscitou de verdade”! Pode ser retomada na Liturgia e repetida nos cumprimentos entre as pessoas e, mais ainda, pode ser roteiro de vida! É o nosso modo de desejar uma Santa Páscoa a todos, augurando vida nova e testemunho vivo do Ressuscitado, com todas as consequências para a vida pessoal e para a sociedade.

Celebrar a Páscoa é penetrar no mistério de Nosso Senhor Jesus Cristo. Nestes dias de Semana Santa salta à vista Seu modo tão divino e humano de viver a entrega definitiva. “Antes da festa da Páscoa, sabendo Jesus que tinha chegado a sua hora, hora de passar deste mundo para o Pai, tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até o fim” (Jo 13, 1). É a entrega livre daquele de quem ninguém tira a vida, mas se faz dom de salvação.

Jesus Cristo, que é verdadeiro Deus, oferece o testemunho de inigualável maturidade, na qual se encontra a referência para todos os seres humanos. “Os guardas voltaram aos sumos sacerdotes e aos fariseus, que lhes perguntaram: Por que não o trouxestes? Responderam: Ninguém jamais falou como este homem” (Jo 7, 45-46). Encontrá-Lo é descobrir o caminho da realização pessoal. Mas seria pouco considerá-Lo apenas exemplo a ser seguido. “De fato, Deus amou tanto o mundo, que deu o seu Filho único, para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3, 16). O homem verdadeiro é Senhor e Salvador. N'Ele estão nossas esperanças e a certeza da ressurreição. Mais do que Mestre ou sábio de renome, n'Ele está a salvação.

Seus apóstolos e discípulos, antes temerosos diante das perseguições, tendo recebido o Espírito Santo, sopro divino do Ressuscitado sobre a comunidade dos fiéis, tornaram-se ardorosos anunciadores de Sua ressurreição e de Seu nome. Basta hoje o anúncio de Cristo: “Que todo o povo de Israel reconheça com plena certeza: Deus constituiu Senhor e Cristo a este Jesus que vós crucificastes. “Quando ouviram isso, ficaram com o coração compungido e perguntaram a Pedro e aos outros apóstolos: Irmãos, que devemos fazer? Pedro respondeu: “Convertei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo, para o perdão dos vossos pecados. E recebereis o dom do Espírito Santo. Pois a promessa é para vós e vossos filhos, e para todos aqueles que estão longe, todos aqueles que o Senhor, nosso Deus, chamar” (At 2, 36-39).

Cristo morreu, Cristo ressuscitou, Cristo há de voltar! O que parece simplório é suficiente, pois daí nascem todas as consequências: vida nova, alegria perene, capacidade para se levantar das próprias crises e pecados, amor ao próximo, vida de comunidade, testemunho corajoso da verdade, vida nova na família cristã, compromisso social, serviço da caridade! Tudo isso? Sim, na Páscoa de Jesus Cristo está o centro da fé cristã e a fonte de vitalidade, da qual gerações e gerações de cristãos beberam como de uma fonte verdadeiramente inesgotável.

Celebrar a Páscoa é ir além da recordação dos fatos históricos, para chegar ao encontro com Cristo vivo. Nós cristãos O reconhecemos hoje presente, fazendo arder os corações, vamos ao Seu encontro nos irmãos, especialmente na partilha com os mais pobres, acolhemos Sua palavra viva, lida da Sagrada Escritura e proclamada na liturgia, sabemos que Ele permanece conosco se nos amamos uns aos outros e está vivo na Igreja, quando se expressam os sucessores dos Apóstolos e O buscamos na maior exuberância de Sua presença, que é a Eucaristia. Este é nosso documento de identidade!

Com o necessário respeito à liberdade de todas as pessoas, queremos hoje dizer a todos os homens e mulheres, em todas as condições em que se encontram, que as portas estão abertas, mais ainda: escancaradas. Se quiserem, aqui está o convite para a maior de todas as comemorações: “Celebremos a festa, não com o velho fermento nem com o fermento da maldade ou da iniquidade, mas com os pães ázimos da sinceridade e da verdade!” (I Cor 5, 8). É Páscoa do Senhor! Feliz, verdadeira e santa Páscoa da Ressurreição!

terça-feira, 26 de abril de 2011

Excerto da Paschalis Sollemnitatis, sobre o Tempo Pascal

CONGREGAÇÃO PARA O CULTO DIVINO

CARTA CIRCULAR

« PASCHALIS SOLLEMNITATIS »

A PREPARAÇÃO E CELEBRAÇÃO

DAS FESTAS PASCAIS

16 de janeiro de 1988


VIII. O TEMPO PASCAL

100. A celebração da Páscoa continua durante o tempo pascal. Os cinqüenta dias que vão do domingo da Ressurreição ao domingo de Pentecostes são celebrados com alegria como um só dia festivo, antes como “o grande domingo”.[105]

101. Os domingos deste tempo devem ser considerados como “domingos de Páscoa” e têm precedência sobre qualquer festa do Senhor e qualquer solenidade. As solenidades que coincidem com estes domingos são celebradas no sábado anterior.[106] As festas em honra da bem-aventurada Virgem Maria ou dos santos, que ocorrem durante a semana, não podem ser transferidas para estes domingos.[107]

102. Para os adultos que receberam a iniciação cristã na vigília pascal, todo este tempo é reservado à mistagogia. Portanto, onde houver neófitos, observe-se tudo o que é indicado no Rito da Iniciação cristã dos adultos, n. 37-40 e 235-239. Faça-se sempre, na oitava da Páscoa, a oração de intercessão pelos neo-batizados, inserida na oração eucarística.

103. Durante todo o tempo pascal, nas missas dominicais, os neófitos tenham reservado um lugar especial entre os fiéis. Procurem eles participar nas missas juntamente com os seus padrinhos. Na homília e, segundo a oportunidade, na oração universal, faça-se menção deles.

No encerramento do tempo da mistagogia, nas proximidades do domingo de Pentecostes, faça-se alguma celebração segundo os costumes da própria região.[108] Além disso, é muito oportuno que as crianças recebam a sua Primeira Comunhão nestes domingos pascais.

104. Durante o tempo pascal os pastores instruam os fiéis, que já fizeram a Primeira Comunhão, sobre o significado do preceito da Igreja de receber neste tempo a Eucaristia.[109] Recomenda-se, sobretudo na oitava da Páscoa, que a sagrada Comunhão seja levada aos doentes.

105. Onde houver o costume de benzer as casas por ocasião das festas pascais, tal bênção seja feita pelo pároco ou por outros sacerdotes ou diáconos por ele delegados. É esta uma ocasião preciosa para exercitar o múnus pastoral.[110] O pároco faça a visita pastoral a cada família, tenha um colóquio com os seus membros e ore brevemente com eles, usando os textos contidos no Ritual das Bênçãos.[111] Nas grandes cidades veja-se a possibilidade de reunir mais famílias, para juntas celebrarem o rito da bênção.

106. Segundo a diversidade dos lugares e dos povos, existem muitos costumes populares vinculados com as celebrações do tempo pascal, que às vezes suscitam. maior participação popular que as mesmas celebrações litúrgicas; tais costumes não devem ser desprezados, e podem muitas vezes manifestar a mentalidade religiosa dos fiéis. Por isso, as conferências episcopais e os ordinários do lugar cuidem de que estes costumes, que podem favorecer a piedade, possam ser ordenados do melhor modo possível com a liturgia, estejam impregnados do seu espírito e a ela conduzam o povo de Deus.[112]

107. O domingo de Pentecostes conclui este sagrado período de cinqüenta dias, quando se comemora o dom do Espírito Santo derramado sobre os apóstolos, os primórdios da Igreja e o início da sua missão a todos os povos, raças e nações.[113] Recomenda-se a celebração prolongada da missa da vigília, que não tem um caráter batismal como a vigília da Páscoa, mas de oração intensa segundo o exemplo dos apóstolos e discípulos, que perseveravam unânimes em oração juntamente com Maria, a Mãe de Jesus, esperando a vinda do Espírito Santo.[114]

108. “É próprio da festividade pascal que toda a Igreja se alegre pelo perdão dos pecados, concedido não só àqueles que renascem no santo Batismo, mas também aos que há tempo foram admitidos no número dos filhos adotivos”.[115] Mediante uma atividade pastoral mais intensa e maior empenho espiritual da parte de cada um, com a graça do Senhor, será possível a todos os que tenham participado nas festas pascais testemunhar na vida o mistério da Páscoa celebrado na fé.[116]

Postado originalmente em: http://www.presbiteros.com.br/site/paschalis-sollemnitatis-a-preparacao-e-celebracao-das-festas-pascais/

segunda-feira, 25 de abril de 2011

“O eco da Ressurreição continua a ressoar na Igreja”, diz o papa Bento XVI

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“A manhã de Páscoa trouxe-nos este anúncio antigo e sempre novo: Cristo ressuscitou!”. Disse o papa Bento XVI após presidir a Missa Pascal, ao meio dia deste domingo, 24, no balcão central da Basílica de São Pedro, de onde proferiu sua mensagem de Páscoa.

“O eco deste acontecimento, que partiu de Jerusalém há vinte séculos, continua a ressoar na Igreja, que traz viva no coração a fé vibrante de Maria, a Mãe de Jesus, a fé de Madalena e das primeiras mulheres que viram o sepulcro vazio, a fé de Pedro e dos outros Apóstolos”, continuou o pontífice.

O papa explicou ainda em sua mensagem que “a ressurreição de Cristo não é fruto de uma especulação, de uma experiência mística: é um acontecimento, que ultrapassa certamente a história, mas verifica-se num momento concreto da história e deixa nela uma marca indelével. A luz, que encandeou os guardas de sentinela ao sepulcro de Jesus, atravessou o tempo e o espaço. É uma luz diferente, divina, que fendeu as trevas da morte e trouxe ao mundo o esplendor de Deus, o esplendor da Verdade e do Bem”.

Nas palavras de Bento XVI: “a Ressurreição de Cristo dá força e significado a cada esperança humana, a cada expectativa, desejo, projeto. Por isso, hoje, o universo inteiro se alegra, implicado na primavera da humanidade, que se faz intérprete do tácito hino de louvor da criação. O aleluia pascal, que ressoa na Igreja peregrina no mundo, exprime a exultação silenciosa do universo e, sobretudo, o anseio de cada alma humana aberta sinceramente a Deus, mais ainda, agradecida pela sua infinita bondade, beleza e verdade”.

O papa falou então sobre as situações de miséria, fome, doenças, violência e guerra, que contrastam com o aleluia pascal, mas que, devemos lembrar, que para a redenção da nossa história também de hoje Cristo foi crucificado e ressuscitou. Recordou em seguida os povos do Oriente Médio, invocando para estes “a luz da paz e da dignidade humana”, que “vença as trevas da divisão, do ódio e das violências”. “Na Líbia – disse o Pontífice -, que as armas cedam o lugar à diplomacia e ao diálogo e se favoreça o acesso das ajudas humanitárias a quantos sofrem as consequências da luta. Nos países da África do Norte e do Oriente Médio, que todos os cidadãos – e de modo particular os jovens – se esforcem por promover o bem comum e construir uma sociedade, onde a pobreza seja vencida e cada decisão política seja inspirada pelo respeito da pessoa humana. A tantos migrantes e refugiados, que provêm de diversos países africanos e se vêem forçados a deixar os afetos dos seus entes mais queridos, chegue a solidariedade de todos; os homens de boa vontade sintam-se inspirados a abrir o coração ao acolhimento, para que se torne possível, de maneira solidária e concorde, acudir às necessidades prementes de tantos irmãos; a quantos se prodigalizam com generosos esforços e dão exemplares testemunhos nesta linha chegue o nosso conforto e apreço.”

Continuou auspiciando que “possa recompor-se a convivência civil entre as populações da Costa do Marfim, onde é urgente empreender um caminho de reconciliação e perdão, para curar as feridas profundas causadas pelas recentes violências”. Fez especial menção ainda ao Japão e aos demais países que, nos meses passados, passaram por calamidades naturais.

E encerrando sua mensagem deste domingo de Páscoa, o papa disse: “Cristo ressuscitado caminha à nossa frente para os novos céus e a nova terra (cf. Ap 21, 1), onde finalmente viveremos todos como uma única família, filhos do mesmo Pai. Ele está conosco até ao fim dos tempos. Sigamos as suas pegadas, neste mundo ferido, cantando o aleluia. No nosso coração, há alegria e sofrimento; na nossa face, sorrisos e lágrimas. A nossa realidade terrena é assim. Mas Cristo ressuscitou, está vivo e caminha conosco. Por isso, cantamos e caminhamos, fiéis ao nosso compromisso neste mundo, com o olhar voltado para o Céu.”

Após a mensagem, o Bento XVI fez a saudação de Páscoa aos fiéis e peregrinos em 60 diferentes idiomas, entre os quais, português. Em seguida aos votos de Boa Páscoa, o papa concedeu a todos a Benção Urbi et Orbi (à cidade de Roma e ao mundo).

SEG, 25 DE ABRIL DE 2011 07:34
POR: CNBB/RÁDIO VATICANO

domingo, 24 de abril de 2011

Hino das Laudes (Páscoa)

Desdobra-se no céu
a rutilante aurora.
Alegre, exulta o mundo;
gemendo, o inferno chora.

Pois eis que o Rei, descido
à região da morte,
àqueles que o esperavam
conduz à nova sorte.

Por sob a pedra posto,
por guardas vigiado,
sepulta a própria morte
Jesus ressuscitado.

Da região da morte
cesse o clamor ingente:
'Ressuscitou!' exclama
o Anjo refulgente.

Jesus, perene Páscoa,
a todos alegrai-nos.
Nascidos para a vida,
da morte libertai-nos.

Louvor ao que da morte
ressuscitado vem,
ao Pai e ao Paráclito
eternamente. Amém.






Este belo hino nos canta a grandeza máxima da obra de Deus na Ressurreição de Cristo. Meditando-o, entendamos a Glória do Salvador Ressuscitado!

sábado, 23 de abril de 2011

Uma antiga Homilia no grande Sábado Santo

A descida do Senhor à mansão dos mortos

Que está acontecendo hoje? Um grande silêncio reina sobre a terra. Um grande silêncio e
uma grande solidão. Um grande silêncio, porque o Rei está dormindo; a terra estremeceu e
ficou silenciosa, porque o Deus feito homem adormeceu e acordou os que dormiam há
séculos. Deus morreu na carne e despertou a mansão dos mortos.

Ele vai antes de tudo à procura de Adão, nosso primeiro pai, a ovelha perdida. Faz questão
de visitar os que estão mergulhados nas trevas e na sombra da morte. Deus e seu Filho vão
ao encontro de Adão e Eva cativos, agora libertos dos sofrimentos.

O Senhor entrou onde eles estavam, levando em suas mãos a arma da cruz vitoriosa.
Quando Adão, nosso primeiro pai, o viu, exclamou para todos os demais, batendo no peito
e cheio de admiração: “O meu Senhor está no meio de nós”. E Cristo respondeu a Adão: “E
com teu espírito”. E tomando-o pela mão, disse: “Acorda, tu que dormes, levanta-te dentre
os mortos, e Cristo te iluminará.

Eu sou o teu Deus, que por tua causa me tornei teu filho; por ti e por aqueles que nasceram
de ti, agora digo, e com todo o meu poder, ordeno aos que estavam na prisão: ‘Saí!’; e aos
que jaziam nas trevas: ‘Vinde para a luz!’; e aos entorpecidos: ‘Levantai-vos!’

Eu te ordeno: Acorda, tu que dormes, porque não te criei para permaneceres na mansão dos
mortos. Levanta-te dentre os mortos; eu sou a vida dos mortos. Levanta-te, obra das minhas
mãos; levanta-te, ó minha imagem, tu que foste criado à minha semelhança. Levanta-te,
saiamos daqui; tu em mim e eu em ti, somos uma só e indivisível pessoa.

Por ti, eu, o teu Deus, me tornei teu filho; por ti, eu, o Senhor, tomei tua condição de
escravo. Por ti, eu, que habito no mais alto dos céus, desci à terra e fui até mesmo sepultado
debaixo da terra; por ti, feito homem, tornei-me como alguém sem apoio, abandonado entre
os mortos. Por ti, que deixaste o jardim do paraíso, ao sair de um jardim fui entregue aos
judeus e num jardim, crucificado.

Vê em meu rosto os escarros que por ti recebi, para restituir-te o sopro da vida original. Vê
na minha face as bofetadas que levei para restaurar, conforme à minha imagem, tua beleza
corrompida.

Vê em minhas costas as marcas dos açoites que suportei por ti para retirar de teus ombros o
peso dos pecados. Vê minhas mãos fortemente pregadas à árvore da cruz, por causa de ti,
como outrora estendeste levianamente as tuas mãos para a árvore do paraíso.

Adormeci na cruz e por tua causa a lança penetrou no meu lado, como Eva surgiu do teu, ao
adormeceres no paraíso. Meu lado curou a dor do teu lado. Meu sono vai arrancar-te do
sono da morte. Minha lança deteve a lança que estava dirigida contra ti.

Levanta-te, vamos daqui. O inimigo te expulsou da terra do paraíso; eu, porém, já não te
coloco no paraíso mas num trono celeste. O inimigo afastou de ti a árvore, símbolo da vida;
eu, porém, que sou a vida, estou agora junto de ti. Constituí anjos que, como servos, te
guardassem; ordeno agora que eles te adorem como Deus, embora não sejas Deus.

Está preparado o trono dos querubins, prontos e a postos os mensageiros, construído o leito
nupcial, preparado o banquete, as mansões e os tabernáculos eternos adornados, abertos os
tesouros de todos os bens e o reino dos céus preparado para ti desde toda a eternidade”.

sexta-feira, 22 de abril de 2011

Indulgência plenária na Semana Santa. Como Recebê-la?






André Luiz Brandalise





O dom da indulgência manifesta a plenitude da misericórdia de Deus, que é expressa em primeiro lugar no sacramento da Penitência e da Reconciliação.











(Penitenciária Apostólica – O Dom da Indulgênciahttp://www.vatican.va/roman_curia/tribunals/apost_penit/documents/rc_trib_appen_pro_20000129_indulgence_po.html)











Durante a Semana Santa podemos ganhar para nós ou para os defuntos o dom da Indulgência plenária.





Indulgência é definida no Código de Direito Canónico (cf. cân. 992) e no Catecismo da Igreja Católica (n. 1471), assim:





A indulgência é a remissão, perante Deus, da pena temporal devida aos pecados cuja culpa já foi apagada; remissão que o fiel devidamente disposto obtém em certas e determinadas condições pela acção da Igreja que, enquanto dispensadora da redenção, distribui e aplica, por sua autoridade, o tesouro das satisfações de Cristo e dos Santos.





O caminho da reconciliação com Deus, embora se trate de um dom da Sua misericórdia, segue um processo em que a Igreja envolve-se pela sua missão sacramental, e cabe ao homem o seu empenho pessoal.





Este caminho tem o seu centro no sacramento da Penitência, que é elemento essencial para se buscar a indulgência plenária. No entanto mesmo após o perdão dos pecados obtido mediante esse sacramento, o homem ainda permanece manchado por resquícios que impedem que sejamos totalmente abertos à graça.





Assim, precisamos de purificação e da renovação total em virtude da graça de Cristo, e o dom da Indulgência é de grande auxílio nestes casos.





Não há dúvidas que a Semana Santa é o período em que toda a nossa fé é justificada, pois é quando relembramos (no sentido de renovar) o imenso mistério do amor de Deus, a instituição da Eucaristia, a morte e ressurreição de Cristo. E a mais correta vivência de todas as celebrações, além de nos fazer aprofundar cada vez mais nos mistérios de nossa fé, traz como benefício extra (quase que um bônus) a concessão da Indulgência plenária.





Para ganhar a Indulgência plenária além de ter realizado a obra enriquecida se requer o cumprimento das seguintes condições:





a) Exclusão de todo afeto para qualquer pecado, inclusive venial. Portanto, temos que rejeitar de vez aquilo que muitos chamam de “pecado de estimação”.





b) Confissão sacramental, Comunhão eucarística e Oração pelas intenções do Sumo Pontífice. Estas três condições podem ser cumpridas uns dias antes ou depois da execução da obra enriquecida com a Indulgência plenária, mas convém que a comunhão e a oração pelas intenções do Sumo Pontífice se realizem no mesmo dia em que se cumpre a obra.





Deve-se ressaltar que com uma só confissão sacramental podemos ganhar várias indulgências. Mesmo assim, convém que se receba frequentemente a graça do sacramento da Penitência, para aprofundar na conversão e na pureza de coração. Por outro lado, com uma só comunhão eucarística e uma só oração pelas intenções do Santo Padre só se ganha uma Indulgência plenária.





A condição de orar pelas intenções do Sumo Pontífice se cumpre rezando-se em sua intenção um Pai Nosso e Ave-Maria, mas se concede a cada fiel cristão a faculdade de rezar qualquer outra fórmula, segundo sua piedade e devoção.





Durante a Semana Santa, são as seguintes obras que gozam do dom da Indulgência plenária:





Quinta-feira Santa





- Se durante a solene reserva do Santíssimo, que segue à Missa da Ceia do Senhor, recitamos ou cantamos o hino eucarístico “Tantum Ergo” (”Adoremos Prostrados”).





- Se visitarmos pelo espaço de meia hora o Santíssimo Sacramento reservado no Monumento para adorá-lo.





Sexta-feira Santa





- Se na Sexta-feira Santa assistirmos piedosamente à Veneração da Cruz na solene celebração da Paixão do Senhor.





Sábado Santo





- Se rezarmos juntos a reza do Santo Rosário.





Vigília Pascal





- Se assistirmos à celebração da Vigília Pascal (Sábado Santo de noite) e nela renovamos as promessas de nosso Santo Batismo.

O protesto contra a blasfema exposição de um crucifixo




Avignon (La Porte Latine / Pius.info) O protesto contra a blasfema exposição de um crucifixo “Piss Christ” (pius.info berichtete), exposta no museu de Avignon, que consiste na fotografia de um pequeno crucifixo mergulhado em urina do próprio autor.



Foi já exposta em outros lugares e gera polêmica há décadas



O manifesto para a honra da cruz até agora foi assinado por mais de oitenta mil cristãos. Ajude assinando-o no sítio www.defendonslecrucifix.org.



No sábado, dia 16 de abril, reuniram-se mais de 1.800 pessoas no Place du Palais em Avignon para expressar sua indignação sobre a exposição blasfema da cruz e para exigir a sua imediata retirada. Também muitos jornalistas (rádio, jornal, televisão) estiveram presentes.



Dentre inúmeros fiéis encontravam-se também muitos sacerdotes e religiosos, bem como políticos, como, por exemplo, Madame Bompard, prefeita de Bollène e o senador de Vaucluse, Alain Dufaut.



Na primeira linha trata-se dos direitos de Deus, cujo nome “k’dosch” – “sanctus” — é “santo”, em segundo plano também temos uma violação dos sentimentos religiosos das pessoas! Isso nunca deveria acontecer numa sociedade que vê a si mesma como tolerante e aberta ao mundo!

“A silenciosa atração ao cristianismo”. Testemunho de uma busca e de um feliz encontro




Pedro Ravazzano


A minha história de conversão inicia-se, paradoxalmente, com a minha descrença.



Ainda sendo formado numa família católica, educado em colégios confessionais, a figura de Cristo sempre fora a mera simbolização de uma estrutura meramente moral e social. De fato, o cristianismo, por mais fundamental que fosse na minha edificação enquanto homem, jamais havia conseguido romper a apatia diante da abertura a Deus.


O grande estopim para a busca incansável pelo conhecimento de Deus começou quando da minha adesão às mais estapafúrdias perspectivas agnósticas da realidade. Entretanto, se faz mister pontuar que essa não-crença só foi desperta a partir do momento em que, espantado diante do mudo, estruturei um mínimo de reflexão a respeito das coisas.

Antes, era apenas mais um jovem que, embebido nos grandes axiomas da modernidade, vivia a sua vida ignorando qualquer capacidade do espírito. Esse acordar me levou a constatar a situação antitética na qual me colocava; professava – teoricamente – uma fé, na prática, não acreditava.



Entretanto, ao abraçar o agnosticismo imediatamente iniciei uma busca pessoal por esse Deus desconhecido. Diferentemente do que poderiam esperar, a minha oposição à Igreja Católica não deu, fundamentalmente, por causa dos velhos chavões anticlericais repetidos à exaustão nas escolas e universidades.



Constatava isto sim, uma crise espiritual grave no catolicismo que não só obstruía a relação estreita com Deus como desconstruía a credibilidade da fé. Assim, em busca da religião verdadeira, debrucei-me ao estudo. Inicialmente, até como reflexo do fascínio visual, aproximei-me do hinduísmo e das religiões orientais. Não obstante, foi no islamismo, num primeiro momento, e em segunda na ortodoxia, onde mais me aprofundei.







A fé islâmica que conheci, primeiramente, por meio de uma reflexão histórica, abriu-me um vasto campo de potenciais filosóficos, teológicos, estéticos, tradicionais. Parecia, então, que aquilo que eu buscava encontrava na religião de Maomé. Assim, iniciei um estudo minucioso e rigoroso que me encaminhasse objetivamente à constatação a respeito da veracidade do islamismo.



A abertura ao transcendente, com um viés místico, fascinou-me. A espiritualidade oriental fora para mim impactante e decisiva, até mesmo, no meu retorno ao cristianismo. Ao deparar-me com esse forte estudo espiritual fui confrontado com as minhas próprias origens e identidade como homem formado sobre a égide da fé cristã. Analisando, então, as razões da decadência espiritual no Ocidente eu tinha como fim refletir acerca dos pressupostos dessa Civilização então em crise. Assim, com o propósito de endossar e confirmar a minha busca e proximidade com o islamismo, aproximei-me da fé cristã como objeto de estudo.





Nesse patamar da caminhada eu me encontrei com uma gama de autores que foram fundamentais no meu regresso: Santo Tomás de Aquino, Olavo de Carvalho, René Guénon, René Girard, Santos Padres, Ortega y Gasset, Eric Voegelin, Chesterton, Mircea Eliade, São Paulo, Mário Ferreira dos Santos etc. Com alguns tive rápidos e decisivos contatos, já outros marcaram fortemente o trilhar.

O interessante que, partindo da premissa de que o Ocidente não só se encontrava em crise como deficitário de uma verdadeira tradição espiritual, eu me vi confrontado com um prédio gloriosamente colossal dessa incrível cultura ocidental.





Por mais que o islamismo e a tradição oriental me fascinassem eu não encontrava o Deus então desconhecido. O meu agnosticismo havia deixado de ser propriamente uma posição. Acreditava em Deus, mas enquanto não O achava o agnosticismo continuava sendo o lugar comum do meu conforto (ir)religioso.





A Igreja Católica, como havia marcado a minha juventude, aparentava ser uma caricatura do que, no passado, fora. Os parâmetros que usara para me não mais me considerar católico anos antes eram totalmente distintos dos parâmetros que hoje usava para continuar na mesma posição. Se outrora os fundamentos eram concepções superficiais, ainda que com certo ar pontifical, o argumento, depois dessa caminhada, saíra do raso e ganhara em coesão. Os pontos essenciais eram mais robustos e o meu olhar direcionado à Igreja, ainda que a visse de forma negativa, buscava encontrar aquela herança espiritual que eu sabia que existia, mas que parecia oculta.





A fascinação com a mística oriental e, ao mesmo tempo, a mirada crítica diante do catolicismo me fizeram, então, tender para uma proximidade com a Igreja Ortodoxa. Basicamente esse passo foi dado depois de não apenas refletir a respeito das incoerências internas do islamismo – por mais bela que fosse a mística islâmica – como do conhecimento do grande legado dos Santos Padres, totalmente desconhecidos para mim. Ainda que a fé cristã católica permeasse a realidade na qual me inseria, o anticatolicismo havia brotado quase como uma raiz ideológica. Se o cristianismo era verdadeiro, com certeza não encontrava a sua plenitude na Igreja Católica, pensava.

Desse modo, o meu olhar foi lançado sobre a Ortodoxia. Sem dúvida alguma essa fase foi de um grande crescimento espiritual e intelectual. Não só pude conhecer mais estreitamente a beleza da fé cristã como deparar-me com uma realidade que, ainda que fosse vivida no seio familiar e social, não era objeto da minha contemplação pessoal: a caridade.





A proximidade com as riquezas espirituais do Oriente cristão me levou, naturalmente, ao meu mundo ocidental e latino. Envolvido, então, em debates apologéticos com católicos, vi-me moralmente obrigado a iniciar uma cruzada pela desconstrução dos mitos “papistas” dos “romanos”. No fundo esse anseio era reflexo da busca de auto-afirmar a minha identidade enquanto anticatólico e voltado para a Ortodoxia. Entretanto, nessa saga pessoal, com leituras, traduções, artigos, fui me deparando com afirmações muito fortes que não só endossavam as posições contrárias como desfaziam categoricamente as minhas – tênues – crenças.





Analisando, outrossim, a minha aversão ao catolicismo descobri-me diante não daquilo que era, em concreto, a Igreja Católica, mas o que eu, em minha experiência, havia conhecido. Comparar, então, a tradição oriental com as corrupções progressistas da fé passou a me parecer o sintoma de um arraigado sentimento passional e pouquíssimo fiel à Verdade, que sempre foi o fim último da minha corrida.





Digo, com muita humildade, que, nesse instante, conhecer o catolicismo foi não apenas a melhor experiência da minha vida como o meio mais eficaz de compreender-me enquanto homem e crente. Descobrir o Cristo na Sua Santa Igreja foi um processo longo, de muita angústia, sofrimento, mas de crescimento não apenas intelectual, mas espiritual. Talvez as minhas imperfeitas preces direcionadas ao então Deus desconhecido tenham chegado até Ele, Compassivo e Misericordioso, e que, assim, guiou-me não apenas até a Casa da qual nunca deveria ter saído como, num convite muito corajoso, chamou-me para o precioso e santo Sacerdócio do qual todos são indignos.





Analisando os caminhos pelos quais eu passei me vejo diante de uma dupla constatação; a tristeza do homem distante de Deus e, ao mesmo tempo, a Misericórdia divina que o guia pelas veredas desconhecidas. Ainda quando eu não acreditava nEle, Ele acreditava em mim.



Eu já havia desistido de Cristo, mas Cristo jamais desistira de mim. O chamado ao Sacerdócio foi a conseqüência dessa busca que se formava no mais profundo das entranhas. Talvez, tenho a audácia de dizer, que o meu agnosticismo fora um sinal da minha vocação.



A busca pela Verdade era a grande motivação da corrida e, acreditava, dos anseios pessoais. Procurava, simplesmente, onde repousar o meu coração. Não obstante, Deus me impulsionara a subir todo o monte e, com a mesma inquietação que me levou a virar o mundo ao avesso, eu busquei o meu lugar dentro da vontade Cristo depois de plenamente e conscientemente católico.





A vocação sacerdotal, na minha experiência, é indissociável da minha vida de convertido. O fôlego que dinamizava a minha busca por Deus foi o fôlego que, quando membro da Igreja, usei para ouvir o chamado de Deus e para viver de forma plena a Sua vontade.





Sou católico, graças a Deus!




O relato da Morte de Cristo, do ponto de vista de um médico




Dr. Barbet, médico francês.




Sou um cirurgião, e dou aulas há algum tempo.





Por treze anos vivi em companhia de cadáveres e durante a minha carreira estudei anatomia a fundo.
Posso portanto escrever sem presunção a respeito de morte como aquela.


Jesus entrou em agonia no Getsemani e seu suor tornou-se como gotas de sangue a escorrer pela terra’.




O único evangelista que relata o fato é um médico, Lucas. E o faz com a precisão de um clínico. O suar sangue, ou “hematidrose”, é um fenômeno raríssimo. É produzido em condições excepcionais: para provocá-lo é necessário uma fraqueza física, acompanhada de um abatimento moral violento causado por uma profunda emoção, por um grande medo.


O terror, o susto, a angústia terrível de sentir-se carregando todos os pecados dos homens devem ter esmagado Jesus.




Tal tensão extrema produz o rompimento das finíssimas veias capilares que estão sob as glândulas sudoríparas, o sangue se mistura ao suor e se concentra sobre a pele, e então escorre por todo o corpo até a terra.





Conhecemos a farsa do processo preparado pelo Sinédrio hebraico, o envio de Jesus a Pilatos e o desempate entre o procurador romano e Herodes. Pilatos cede, e então ordena a flagelação de Jesus.




Os soldados despojam Jesus e o prendem pelo pulso a uma coluna do pátio. A flagelação se efetua com tiras de couro múltiplas sobre as quais são fixadas bolinhas de chumbo e de pequenos ossos.




Os carrascos devem ter sido dois, um de cada lado, e de diferente estatura. Golpeiam com chibatadas a pele, já alterada por milhões de microscópicas hemorragias do suor de sangue. A pele se dilacera e se rompe; o sangue espirra. A cada golpe Jesus reage em um sobressalto de dor. As forças se esvaem; um suor frio lhe impregna a fronte, a cabeça gira em uma vertigem de náusea, calafrios lhe correm ao longo das costas. Se não estivesse preso no alto pelos pulsos, cairia em uma poça de sangue.




Depois o escárnio da coroação. Com longos espinhos, mais duros que os de acácia, os algozes entrelaçam uma espécie de capacete e o aplicam sobre a cabeça. Os espinhos penetram no couro cabeludo fazendo-o sangrar (os cirurgiões sabem o quanto sangra o couro cabeludo).




Pilatos, depois de ter mostrado aquele homem dilacerado à multidão feroz, o entrega para ser crucificado. Colocam sobre os ombros de Jesus o grande braço horizontal da Cruz; pesa uns cinqüenta quilos. A estaca vertical já está plantada sobre o Calvário. Jesus caminha com os pés descalços pelas ruas de terreno irregular, cheias de pedregulhos. Os soldados o puxam com as cordas. O percurso, é de cerca de 600 metros. Jesus, fatigado, arrasta um pé após o outro, freqüentemente cai sobre os joelhos. E os ombros de Jesus estão cobertos de chagas. Quando ele cai por terra, a viga lhe escapa, escorrega, e lhe esfola o dorso.




Sobre o Calvário tem início a crucificação. Os carrascos despojam o condenado, mas a sua túnica está colada nas chagas e tirá-la produz dor atroz. Quem já tirou uma atadura de gaze de uma grande ferida percebe do que se trata. Cada fio de tecido adere à carne viva: ao levarem a túnica, se laceram as terminações nervosas postas em descoberto pelas chagas. Os carrascos dão um puxão violento. Há um risco de toda aquela dor provocar uma síncope, mas ainda não é o fim.





O sangue começa a escorrer. Jesus é deitado de costas, as suas chagas se incrustam de pé e pedregulhos. Depositam-no sobre o braço horizontal da cruz. Os algozes tomam as medidas. Com uma broca, é feito um furo na madeira para facilitar a penetração dos pregos. Os carrascos pegam um prego (um longo prego pontudo e quadrado), apoiam-no sobre o pulso de Jesus, com um golpe certeiro de martelo o plantam e o rebatem sobre a madeira. Jesus deve ter contraído o rosto assustadoramente.




O nervo mediano foi lesado. Pode-se imaginar aquilo que Jesus deve ter provado; uma dor lancinante, agudíssima, que se difundiu pelos dedos, e espalhou-se pelos ombros, atingindo o cérebro. A dor mais insuportável que um homem pode provar, ou seja, aquela produzida pela lesão dos grandes troncos nervosos: provoca uma síncope e faz perder a consciência.




Em Jesus não. O nervo é destruído só em parte: a lesão do tronco nervoso permanece em contato com o prego: quando o corpo for suspenso na cruz, o nervo se esticará fortemente como uma corda de violino esticada sobre a cravelha. A cada solavanco, a cada movimento, vibrará despertando dores dilacerantes. Um suplício que durará três horas.





O carrasco e seu ajudante empunham a extremidade da trava; elevam Jesus, colocando-o primeiro sentado e depois em pé; conseqüentemente fazendo-o tombar para trás, o encostam na estaca vertical. Depois rapidamente encaixam o braço horizontal da cruz sobre a estaca vertical. Os ombros da vítima esfregam dolorosamente sobre a madeira áspera. As pontas cortantes da grande coroa de espinhos penetram o crânio. A cabeça de Jesus inclina-se para frente, uma vez que o diâmetro da coroa o impede de apoiar-se na madeira.





Cada vez que o mártir levanta a cabeça, recomeçam pontadas agudas de dor. Pregam-lhe os pés. Ao meio-dia Jesus tem sede. Não bebeu desde a tarde anterior. Seu corpo é uma máscara de sangue. A boca está semi-aberta e o lábio inferior começa a pender. A garganta, seca, lhe queima, mas ele não pode engolir. Tem sede. Um soldado lhe estende sobre a ponta de uma vara, uma esponja embebida em bebida ácida, em uso entre os militares. Tudo aquilo é uma tortura atroz. Um estranho fenômeno se produz no corpo de Jesus. Os músculos dos braços se enrijecem em uma contração que vai se acentuando: os deltóides, os bíceps esticados e levantados, os dedos, se curvam. É como acontece a alguém ferido de tétano. A isto que os médicos chamam tetania, quando os sintomas se generalizam: os músculos do abdômen se enrijecem em ondas imóveis, em seguida aqueles entre as costelas, os do pescoço, e os respiratórios. A respiração se faz, pouco a pouco mais curta. O ar entra com um sibilo, mas não consegue mais sair. Jesus respira com o ápice dos pulmões. Tem sede de ar: como um asmático em plena crise, seu rosto pálido pouco a pouco se torna vermelho, depois se transforma num violeta purpúreo e enfim em cianítico.




Jesus é envolvido pela asfixia. Os pulmões cheios de ar não podem mais esvaziar-se. A fronte está impregnada de suor, os olhos saem fora de órbita.




Mas o que acontece? Lentamente com um esforço sobre-humano, Jesus toma um ponto de apoio sobre o prego dos pés. Esforça-se a pequenos golpes, se eleva aliviando a tração dos braços. Os músculos do tórax se distendem. A respiração torna-se mais ampla e profunda, os pulmões se esvaziam e o rosto recupera a palidez inicial.




Por que este esforço? Porque Jesus quer falar: “Pai, perdoa-lhes porque não sabem o que fazem”.
Logo em seguida o corpo começa afrouxar-se de novo, e a asfixia recomeça. Foram transmitidas sete frases pronunciadas por ele na cruz: cada vez que quer falar, deverá elevar-se tendo como apoio o prego dos pés. Inimaginável!




Atraídas pelo sangue que ainda escorre e pelo coagulado, enxames de moscas zunem ao redor do seu corpo, mas ele não pode enxotá-las. Pouco depois o céu escurece, o sol se esconde: de repente a temperatura diminui. Logo serão três da tarde, depois de uma tortura que dura três horas. Todas as suas dores, a sede, as cãibras, a asfixia, o latejar dos nervos medianos, lhe arrancam um lamento: “Meu Deus, meu Deus, porque me abandonastes?”.




Jesus grita: “Tudo está consumado!”. Em seguida num grande brado diz: “Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito”. E morre. Em meu lugar e no seu.





Leia Mais: http://padom.com.br/o-relato-da-morte-de-cristo-do-ponto-de-vista-de-um-medico-frances#ixzz1ELG3K7rI

Papa preside funções litúrgicas da Paixão de Cristo


Nesta Sexta-Feira Santa, 22, o Papa Bento XVI presidiu as funções litúrgicas da Paixão de Cristo, na Basílica de São Pedro, no Vaticano. A homilia, como em todos os anos, foi confiada ao pregador da Casa Pontifícia, frei Raniero Cantalamessa, OFM Cap.Em seu discurso, Raniero destacou que a morte de Cristo não testemunha apenas a verdade, mas o Seu amor pela humanidade. O pregador explicou ainda que este amor se revela na cruz e que esta não é um juízo de Deus sobre o mundo ou simplesmente uma denúncia do pecado, mas é um "sim" de Deus ao homem: "Não, não é um 'não' de Deus ao mundo, mas o seu 'sim' de amor".


"Não pode ser assim tão envenenado o sofrimento humano, não pode ser apenas negatividade, perda, absurdo, se o próprio Deus escolheu prová-lo". Foi assim que o pregador da Casa Pontifícia ressaltou que o próprio Cristo se fez pecado pela humanidade para provar a esta que "no fundo do cálice deve haver uma pérola", ou seja, a Ressurreição.

Ele enfatiza que, a partir da fé na Ressurreição de Jesus, não se pode pensar que a vida acaba aqui e não teria um sentido maior depois da morte. Caso contrário - ressalta o frei capuchinho -, seria "desesperador" pensar nas bilhões de pessoas que morrem ou sofrem com as situações de injustiça social e pobreza. "A morte não só elimina as diferenças, mas as derruba", acrescenta, ao indicar que, após a morte, não haverá distinção social, religiosa e política.
Ao citar as palavras do Papa João Paulo II - "Sofrer significa tornar-se particularmente receptivo, particularmente aberto à ação das forças salvíficas de Deus, oferecidas em Cristo à humanidade" -, Cantalamessa esclarece que o sofrimento dos inocentes é unido à cruz de Cristo de modo misterioso, conhecido aó a Deus.


Canção Nova/Roma


Frei Raniero Cantalamessa também tratou de temas atuais em sua pregação

Temas atuais na pregação

Além das meditações acerca do sofrimento e da Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus, Raniero Cantalamessa tratou de temas muito atuais, como os terremotos que atingiram o Japão, ameaças aos cristãos em país asiático, sucesso do filme francês "Homens e Deuses" e o assassinato do ministro pasquistanês católico, Shahbaz Bhatti, no último dia 2 de março.

Ao mencionar tais assuntos, o pregador pretendeu enfatizar os testemunhos de fé, mesmo entre aqueles que não são cristãos. Ele ressalta que as catástrofes naturais e perseguições religiosas não são um castigo de Deus, pois seria ofender a Deus e os homens, contudo constituem um alerta: "A advertência de não se iludir que bastam a ciência e a técnica para se salvar. Se não formos capazes de estabelecer limites, podemos nos tornar (...) a ameaça mais grave de todas".

E sobre a situação no Japão, Cantalamessa deixou uma mensagem de esperança: "Podemos dizer a esses nossos irmãos em humanidade que estamos admirados por sua dignidade e exemplo de postura e ajuda mútua que deram ao mundo. A globalização tem ao menos este efeito positivo: a dor de um povo se torna a dor de todos, suscita a solidariedade de todos. Dá-nos a chance de descobrir que somos uma família humana, ligada no bem e no mal. Ajuda-nos a superar as barreiras de raça, cor e religião".



Por fim, o pregador pontifício recordou que houve um terremoto no momento da morte de Cristo e um outro maior ainda em Sua Ressurreição, que deu a garantia da vida nova: "Assim será sempre. A cada terremoto de morte sucederá um terremoto de ressurreição de vida".

Pela 1ª vez, Papa responde a perguntas do público na TV



O Papa Bento XVI respondeu a perguntas de uma criança do Japão, de uma mulher muçulmana da Costa do Marfim e de uma mãe com um filho em coma durante o primeiro diálogo televisionado com o público, transmitido nesta Sexta-Feira Santa.

O programa de TV, chamado "Em Sua Imagem", foi transmitido pela televisão italiana à tarde (manhã no horário de Brasília), por volta do horário em que se acredita que Cristo teria morrido na Sexta-Feira Santa. Foram feitas ao Papa sete perguntas de participantes selecionados ao redor do mundo.

Seguindo o formato dos programas de auditório italianos, a atração incluía respostas gravadas anteriormente pelo Papa, que falava através de um vídeo com pessoas de outros países.

Para uma menina de 7 anos de idade no Japão, que pediu que o Papa explicasse o sofrimento do país após o terremoto e o tsunami de 11 de março que matou ao menos 28 mil pessoas, Bento XVI falou de Jesus e disse que o sofrimento não foi em vão.

"Nós não temos todas as respostas, mas sabemos que Jesus sofreu como vocês", disse o Papa.

Papa Bento XVI preside Via Sacra no Coliseu de Roma

O Papa Bento XVI presidiu nesta sexta-feira (22), no Coliseu de Roma, a tradicional Via Sacra. E este ano foi dedicada à crise do homem moderno.
Como ocorreu no ano passado, o Papa, que fez 84 anos no dia 16 de abril, acompanhou da colina do Palatino boa parte da Via Sacra, sem percorrer a pé as 14 estações. No final, Bento XVI se uniu à celebração, mas não carregou a cruz.
A Via Sacra teve início às 21h15 locais (17h15 de Brasília) e este ano durou menos de duas horas.
O Papa encarregou a redação das meditações lidas durante as 14 estações à religiosa Maria Rita Piccione, presidente da Fundação das Freiras Augustinas.
Esta foi a primeira vez que Bento XVI entregou a redação das meditações da Via Sacra a uma mulher.


O Papa Bento XVI preside a Via Sacra nesta sexta-feira (22) em Roma (Foto: AP) O Papa Bento XVI preside a Via Sacra nesta sexta-feira (22) em Roma (Foto: AP)
As meditações foram inspiradas no pensamento de Santo Agostinho (354-430), uma das referências de Bento XVI, que se graduou como teólogo, em 1953, com uma tese sobre a doutrina da Igreja segundo este santo.
O texto denuncia "a perseguição contra a Igreja de ontem e de hoje", que "mata cristãos em nome de um Deus estranho ao amor, e que ataca a dignidade com mentiras e palavras arrogantes".
"É a hora das trevas (...) as várias máscaras da mentira enganam a verdade e as ilusões do sucesso afogam o apelo íntimo à honestidade", destaca.
Este ano, a cruz foi carregada nas 14 estações do calvário por uma família romana, de cinco filhos, incluindo gêmeos, outra família, etíope, e uma menina egípcia.
A maior parte da cerimônia foi oficiada pelo cardeal italiano Agostino Vallini, vigário de Roma.


A Via Sacra foi acompanhada por numerosos peregrinos, que carregavam tochas, e transmitida pela TV para vários países do planeta.

Sobre a paixão - São Leão Magno

Uma vez erguido da terra, atrairei tudo a mim» (Jo 12,32).



Oh poder admirável da cruz! Oh glória inefável da Paixão! Ali se encontra o tribunal do Senhor, ali o julgamento do mundo, ali o poder do crucificado!

Tudo atraíste a ti, Senhor, e quando, «durante um dia inteiro, estendias as tuas mãos a um povo incrédulo e rebelde» (Is 65,2; Rm 10,21) todos receberam a inteligência para confessar a tua majestade.

Tudo atraíste a ti, Senhor, porque todos os elementos da natureza pronunciaram a sua sentença..., a criação inteira recusou servir os ímpios (Mt 27,45s).

Tudo atraíste a ti, Senhor, porque, quando o véu do Templo se rasgou, o símbolo do Santo dos Santos manifestou-se verdadeiramente... e a Lei antiga conduziu ao Evangelho.

Tudo atraíste a ti, Senhor, a fim de que o culto de todas as nações seja celebrado por um sacramento pleno, finalmente manifestado...

Porque a tua cruz é a fonte de todas as bênçãos, a origem de todas as graças. Da fraqueza da cruz, os crentes recebem a força; do seu opróbrio, a glória; da tua morte, a vida.

Com efeito, agora a diversidade dos sacrifícios chegou ao fim; a oferenda única do teu corpo e do teu sangue consome todas as diferentes vítimas oferecidas no mundo inteiro, porque tu és o verdadeiro Cordeiro de Deus que tiras o pecado do mundo (Jo 1,29). Tu completas em ti todas as religiões de todos os homens para que todos os povos não sejam mais do que um só Reino.

Entenda o significado do beijo na Cruz na Sexta-feira Santa


Em todo o ano, existe somente um dia em que não se celebra a Santa Missa: a Sexta-Feira Santa. Ao invés da Missa temos uma celebração que se chama Funções da Sexta-feira da Paixão, que tem origem em uma tradição muito antiga da Igreja que já ocorria nos primeiros séculos, especialmente depois da inauguração da Basílica do Santo Sepulcro e do reencontro da Santa Cruz por parte de Santa Helena (ano 335 d.C.).

Esta celebração é dividida em três partes: a primeira é a leitura da Sagrada Escritura e a oração universal feita por todas as pessoas de todos os tempos; a segunda é a adoração da Santa Cruz e a terceira é a Comunhão Eucarística, juntas formam o memorial da Paixão e Morte de Nosso Senhor. Memorial não é apenas relembrar ou fazer memória dos fatos, é realmente celebrar agora, buscando fazer presente, atual, tudo aquilo que Deus realizou em outros tempos. Mergulhamos no tempo para nos encontrarmos com a graça de Deus no momento que operou a salvação e, ao retornarmos deste mergulho, a trazemos em nós.

Os cristãos peregrinos dos primeiros séculos a Jerusalém nos descrevem, através de seus diários que, em um certo momento desta celebração, a relíquia da Santa Cruz era exposta para adoração diante do Santo Sepulcro. Os cristãos, um a um, passavam diante dela reverenciando e beijando-a. Este momento é chamado de Adoração à Santa Cruz, que significa adorar a Jesus que foi pregado na cruz através do toque concreto que faziam naquele madeiro onde Jesus foi estendido e que foi banhado com seu sangue.

Em nosso mundo de hoje, falar da Adoração à Santa Cruz pode gerar confusão de significado, mas o que nós fazemos é venerar a Cruz e, enquanto a veneramos, temos nosso coração e nossa mente que ultrapassa aquele madeiro, ultrapassa o crufixo, ultrapassa mesmo o local onde estamos, até encontrar-se com Nosso Senhor pregado naquela cruz, dando a vida para nos salvar. Quando beijamos a cruz, não a beijamos por si mesma, a beijamos como quem beija o próprio rosto de Jesus, é a gratidão por tudo que Nosso Senhor realizou através da cruz. O mesmo gesto o padre realiza no início de cada Missa ao beijar o Altar. É um beijo que não pára ali, é beijar a face de Jesus. Por isso, não se adora o objeto. O objeto é um símbolo, ao reverênciá-lo mergulhamos em seu significado mais profundo, o fato que foi através da Cruz que fomos salvos.

Nós cristãos temos a consciência que Jesus não é apenas um personagem da história ou alguém enclausurado no passado acessível através da história somente. "Jesus está vivo!" Era o que gritava Pedro na manhã de Pentecostes e esse era o primeiro anúncio da Igreja. Jesus está vivo e atuante em nosso meio, a morte não O prendeu. A alegria de sabermos que, para além da dolorosa e pesada cruz colocada sobre os ombros de Jesus, arrastada por Ele em Jerusalém, na qual foi crucificado, que se torna o simbolo de sua presença e do amor de Deus, existe Vida, existe Ressurreição. Nossa vida pode se confundir com a cruz de Jesus em muitos momentos, mas diante dela temos a certeza que não estamos sós, que Jesus caminha conosco em nossa via sacra pessoal e, para além da dor, existe a salvação.

Ao beijar a Santa Cruz, podemos ter a plena certeza: Jesus não é simplesmente um mestre de como viver bem esta vida, como muitos se propõem, mas o Deus vivo e operante em nosso meio.


*Pe. Antonio Xavierhttp://www.cancaonova.com/
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