sábado, 29 de dezembro de 2012

Festa da Sagrada Família de Jesus, Maria e José-Oitava do Natal do Senhor.


     Caríssimos irmãos e irmãs, ‘’graça e paz da parte de Deus, o Pai e do Senhor nosso Jesus Cristo esteja convosco!’’
     Robustecidos pela feliz boa notícia que celebramos: ‘’Hoje, na cidade de Davi, a Belém de Éfrata, nasceu-nos um Menino, um Filho nos foi dado, o seu nome é Emanuel, o Deus-conosco’’ é Natal de Nosso Senhor Jesus Cristo!  E hoje, neste Domingo, na Oitava do Natal, alegramo-nos reverenciando a Sagrada Família de Nazaré que desde à última semana do Advento já começamos a pensar.
     
       Parece uma quimera, em nossos tempos, marcados profundamente pelos estigmas apregoados pelos representantes da sociedade civil; afirmando veementemente a total banalização do sagrado, a abolição dos valores intrínsecos aos pais, o consumo perdulário, o hedonismo, o panteísmo, a desmoralização, a vidinha fácil, os tipos de famílias, a desgraça do aborto, tido, segundo uma mentalidade satânica, como problema de saúde pública, não obstante a tal cenário, celebrar a Festa da Sagrada Família.
     
       Uma realidade é fato: a família é uma instituição sagrada. Deus em seu arcano e libérrimo desejo quis concedê-la  ao homem. Antes de nos determos em Maria e em José, pensemos na primeira noção de Família que a Escritura nos expõe. Permanece expressa no Livro do Gênesis. Eia pois: A Santíssima Trindade. No absoluto mistério trinitário, o Pai, pelo Filho no Espírito e o Pai todo no Filho, o Filho todo no Pai e o Espírito Santo que procede do amor do Pai com o Filho, nesta ciranda mistérica, que é belíssima, vislumbramos a Família. Isto mesmo! Coloquemos aqui a minha e a sua. Eis o desejo de Deus: ‘’Façamos o homem a nossa imagem e semelhança.’’(Gn1, 26) 
   
    No desenvolvimento desta história de salvação, plasma, o Senhor, uma mulher, visto que esta é exclamada pelo homem, como ‘’ ossos dos ossos e carne da carne’’ ou seja, é humana. Ambos são designados à constituição da prole ‘’crescei-vos e multiplicai-vos’’, é como se Deus dissesse: dos mortais vocês serão aqueles que perdurarão as gerações. Pronto! Família é a junção do homem com a mulher cujo fim primordial é garantir a descendência. Nem mais e nem menos é isto! Agora perguntemo-nos: Como tal quadro, ainda presente na primitiva aliança, valida-se?  Graças à união do homem e da mulher elevados à dignidade do Santo Matrimônio. Sim. Por meio deste sacramento, recebido pela liberalidade dos esposos, a família deve ser constituída, pois esta é uma das finalidades do mesmo, uma vez que se encontra, agregado ao sacramento da Ordem, destinado à missão.

        Detenhamo-nos neste ínterim á bendita Família de Nazaré. Reza a Igreja, em sua Liturgia, na Oração de Coleta: ‘’Ó Deus de bondade, que nos destes a Sagrada Família como exemplo, concedei-nos imitar em nossos lares a suas virtudes para que, unidos pelos laços do amor, possamos chegar um dia às alegrias da vossa casa.’’ Vemos na família de Jesus o protótipo perfeito para as nossas. Partamos do grande evento que é a encarnação do Verbo que celebramos hoje. Deus que é ‘’Eu sou’’ sempiterno, quis para si uma família humana. Adentra à história nossa nascido de Maria sempre virgem e quis para si um pai também. Pensemos na infância de Jesus, os dias ocultos em Nazaré, nos fatos e nas vicissitudes da existência como que num eloquente silêncio, Deus vai, paulatinamente, santificando as nossas famílias. Foi assim em Nazaré e o será por todo sempre. Ao centro das nossas há um lugar que, sem dúvida, deve ser ocupado por Aquele que tudo rege, por Aquele, que desde sempre, pensava na salvação da família. É-nos notório aos olhos o quanto a família é degradada pelos ditames daqueles que querem, a todo custo, ora tornarem-se seus senhores; ora destruírem como assassinos em série.
    
        As leituras desta Sagrada Liturgia, são, na verdade, instruções que as famílias cristãs devem pautar as suas vidas. Vejamos: ‘’Deus honra o pai nos filhos e confirma, sobre eles, a autoridade da mãe. Quem honra o seu pai, alcança o perdão dos pecados; evita cometê-los e será ouvido na oração cotidiana. Quem respeita a sua mãe é como alguém que ajunta tesouros.’’ (Eclo 3) Estas exortações são consideradas bênçãos. Ela provém do alto, do Coração de Deus. É lamentável em nossos dias vermos o dissabor existente entre as famílias: pais e mães em querelas, filhos desentendidos. Sim esta é uma astúcia de Satanás, uma vez que é nela que as vocações são nascidas, sobretudo o sacerdócio e o matrimônio.
    
      Na segunda leitura, extraída da carta de São Paulo aos Colossenses há um período que é o miolo para bem vivermos no seio familiar. Escutai só o que diz o apóstolo: ‘’Amai-vos uns aos outros, pois o amor é o vínculo da perfeição.’’ A família não é perfeita, outrossim não existe  a melhor família, mas o que a caracteriza verdadeiramente é a prática do amor, porque é justamente ele que santificará os membros que a compõe.  Atentemo-nos! Não o amorzinho fácil, todavia àquele, que, com alegoria, diz São Paulo: ‘’Maridos amai as vossas esposas como Cristo amou a sua Igreja e por ela se entregou. (Ef 5) Qual é então? É o da cruz! A família é vocacionada dia a dia a ofertar-se com Cristo e este crucificado! É o vetor para a santificação, por isso continua o Apóstolo na segunda leitura da missa de hoje: ‘’Maridos, amai as vossas esposas e não sejais grosseiros com elas. Filhos, obedecei em tudo aos vossos pais, pois isso é bom e correto no Senhor. Pais,  não intimideis os vossos filhos, para que eles não desanimem.’’ A família, que vive imersa nas mais variadas relações sociais, é o lugar da presença de Deus, logo o testemunho é primordial ; ‘’Vós sois a luz do mundo! Vós sois o sal da terra!’’

        No Evangelho, extraído de Lucas 2, 41-52,  é o texto único, presente na Escritura que fala  de Jesus aos doze anos. Instruído pela Lei de Moisés vai para o Templo. Atentemo-nos aos pormenores do texto sagrado: é a Páscoa, a festa dos judeus, ‘’passados os dias da Páscoa, começaram a viagem de volta, mas o menino ficou em Jerusalém, sem que seus pais o notassem.’’ Vejamos: o Menino Jesus, o quase adolescente Jesus de Nazaré, de Maria e de Joset, não se perde propositalmente dos pai ou se perdeu na multidão. Não! Jesus já anuncia a sua vida pública. Quem o é. Testifiquemos com a sua resposta: ‘’Por que me procuráveis? Não sabeis que devo estar na casa de meu Pai?’’
      
      Naquele Menino-Deus cumpre-se as Sagradas Escrituras. Eis o palco dos acontecimentos: Jerusalém. Aí fará a sua Páscoa, com a paixão, morte e ressurreição. ‘’Três dias’’- sinal da Ressurreição. Quem é agora o Templo, senão o Filho de Deus, que possui a ‘’plenitude da Divindade’’ Ele que é ‘’a imagem do Deus Invisível’’! Ao término do Evangelho, notamos, a particular atenção do evangelista. Aquele que é Deus é homem em sua plenitude: ‘’Jesus desceu então com seus pais para Nazaré, e era-lhes obediente... e Jesus crescia em  sabedoria estatura e graça, diante de Deus e diante dos homens.’’
       
    Nesta festa litúrgica da Sagrada Família, bendizemos a Deus por nossas famílias, bendizemos também porque com ela, pelo Batismo, participamos da família de Cristo que a sua Esposa, a Igreja, e, conforme pediu o sacerdote na Oração inicial de hoje, ‘’unidos pelos laços do amor, possamos chegar um dia às alegrias da vossa casa.’’  Ao Menino Deus, em comunhão com o Pai o louvor e a glória pelo séculos dos séculos!


domingo, 21 de outubro de 2012

XXIXº DOMINGO COMUM- Porque o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida como resgate para muitos!


Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo!
      Reunidos com os Apóstolos na Última Ceia, para que a memória da Cruz salvadora permanecesse para sempre, ele se ofereceu a vós como cordeiro sem mancha e foi aceito como sacrifício de perfeito louvor. (Prefácio da Santíssima Eucaristia, II)
Foto: No Evangelho ouvimos o pedido de Tiago e João, filhos de Zebedeu: Mestre, queremos que faças por nós o que vamos pedir: Deixa-nos sentar um à tua direita e outro à tua esquerda, quando estiveres na tua glória. Jesus é duro e solene: Vós não sabeis o que pedis. O que será pensavam aqueles dois apóstolos? Certamente que Nosso Senhor ao chegar em Jerusalém destruísse a tirania do Império Romano e tomasse o lugar de César.  Aqueles dois estavam quando no Monte Tabor, o Senhor, mostrou-lhes a verdadeira glória: sua crua paixão e radiosa ressurreição. A hora bendita da glorificação do Divino Mestre: a cruz. Dão-lhe por trono o madeiro, por coroa, espinhos por cetro o trespassar da lança do soldado. ‘’Este é o Rei dos Judeus!’’ Eis o Rei manso que diferente dos reis romanos, que passavam sob os basileus, indicando a supremacia, desceu à planície do sofrimento para subir a’ltura  do Monte Calvário. Jerusalém! Este é o teu Rei! Israel Novo, Igreja, Cidade do Altíssimo.  
    Por acaso podeis beber o cálice que eu vou beber? Podeis ser batizados com o batismo com que vou ser batizado? Jesus, com estas perguntas, anuncia de modo solene a sua morte, o ‘’dia em que o Esposo será tirado’’ beber o cálice do escárnio, da amargura como que o fel e o vinagre que lhe deram quando naquela hora o Cordeiro Pascal era imolado. Na sua suprema agonia ainda pedira ao Pai que afastasse o cálice da dor, mas, com resiliência total, submeteu-se! E o Batismo de Jesus?  É o seu sangue derramado até a última gota. ‘’Tudo está consumado!’’ Pronto! Eis o esclarecimento para quem deseja segui-lo. Derramar-se e quebrar-se por inteiro! Como diz São Paulo: Faço tudo para ter parte no Evangelho! 
     Vós sabeis que os chefes das nações as oprimem e os grandes as tiranizam. Mas, entre vós não deve ser assim: quem quiser ser grande, seja vosso servo, quem quiser ser o primeiro seja o escravo de todos. Há lógica nessas palavras de Nosso Senhor? Vejamos! Não!  Esta exortação é literalmente misteriosa. E ainda o é! César entendê-la-ia? Pôncio Pilatos? Os fariseus? Os Mestres da Lei? Os Anciãos do Povo? Não! Só pode compreendê-la e bem-aventurado o é! Quem foi capaz de deixar-se atrair pela força renovadora da Páscoa do Pelicano Jesus. O que nos recorda esta dita de Jesus ao Colégio dos Apóstolos, portanto, à Igreja, para nós cristãos? O gesto sacerdotal antecipado no lava-pés. Depõe o manto e cinge-se com o avental. Ele! O Servo Obedientíssimo! Sacrossanta lição para nós! Quando pensarmos em nos querermos cravemos o nosso olhar no madeiro. Lá é o vosso e o meu lugar! Quebremo-nos, como uma oferta agradável e salutar e assim nos unamos aos benefícios do martírio do Senhor nosso. Porque o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida como resgate para muitos. A obra sacerdotal de Cristo é o seu serviço, ou seja, a oblação total ao Pai em obséquio do homem. Tal qual o grão de trigo assim fora o nosso Divino Salvador! Foi até a Ara da Cruz, aonde lá, segundo Santo Agostinho ''ensinou como Mestre.''
     
    É de importância suma entendermos que a Santa Missa, a Sagrada Liturgia, é o sacrifício do Redentor Jesus.  Demasiado vazio o é compará-la a uma ‘’festinha’’ ou, até mesmo, a interpretação errônea que muitos Lha dão como um ‘’banquete’’. Não! A Missa é o ‘’zikkáron’’ a memória atualizada; presente do ato salvífico de Nosso Senhor Jesus Cristo. Como todos os dias escutamos, segundo as palavras do Senhor, quando antes de torná-lo cruento, o institui incruentamente, para, assim conosco permanecer, até a parusia no ‘’Dia Final!’’
     
     A Missa é um sacrifício em forma de banquete. A mesa é o altar. Sim! A lembrança fidedigna da ara do lenho da cruz. É o lugar por antonomásia da oblação. O Mistério Pascal do Filho de Deus é a eternidade em meio a nós. Seria muito ínfimo compará-lo às alegrias momentâneas desta vida de transeuntes. É uma alegria incomensurável da qual não existe, por mais que busquemos alegorias, da eternidade! Por isso admoesta-nos a Igreja que a Eucaristia é o penhor da glória futura.
      
     Na missa dar-te tu, ó Senhor, por inteiro! Todo como estiveste em Maria Virgem, Todo como estiveste na cruz! Radioso Ressuscitado, Tu que estás à destra do Pai, ‘’mas, refulges em os nossos tabernáculos como Sacramento da Caridade, único e mesmo quando da vez que apareceste à Maria, a Pedro, a Dídimo! Hoje nos aparece no altar, antegozo da vida do alto, para um dia ver-te face a face, Piedoso Pelicano!
     
       A Liturgia da Palavra deste Vigésimo Nono Domingo Comum nos apresenta a misteriosa e venerável imagem, no Antigo Testamento, do ‘’Servo Obediente’’. O quarto cântico, que, todos os anos, na Semana Santa, a Igreja, pedagogicamente, põe em nossos ouvidos, cujo ápice é lido na Sexta-Feira da Paixão do Senhor com o cântico quarto, consoante o Profeta Isaías. Os cânticos do Servo Sofredor é uma literatura riquíssima com uma adversidade de significados. À princípio trata-se do próprio profeta, depois caracteriza, justamente, a predileção e o amor de Deus por sua Vinha, por Israel. Ao vislumbrarmos o mistério da encarnação, paixão e morte do Filho de Deus, vemos com clarividência o cumprimento dessa tremenda profecia . O Senhor quis macerá-lo com sofrimentos (...) fará cumprir com êxito a vontade do Senhor. Meu servo, o justo, fará justos inúmeros homens, carregando sobre si suas culpas. 
       
       No Cristo, o Unigênito, a vida do gênero humano foi refeita, destarte o sofrimento tornou-se oferta para a reconciliação e abolição do julgo da Antiga Lei, o pecado original. ‘’A verdade é que ele tomava sobre si nossas enfermidades e sofria, ele mesmo, nossas dores; e nós pensávamos fosse um chagado, golpeado por Deus e humilhado! Mas foi ferido por causa de nossos pecados, esmagado por causa de nossos crimes; (...) foi maltratado, e submeteu-se, não abriu a boca; como cordeiro levado ao matadouro ou como ovelha diante dos que a tosquiam, ele não abriu a boca.(...) Sendo contado como um malfeitor; ele, na verdade, resgatava o pecado de todos e intercedia em favor dos pecadores. O Servo, por antonomásia, é também o sacerdote, a vítima e o altar. Verificamos na Epístola aos Hebreus: (...) temos um sumo-sacerdote capaz de se compadecer de nossas fraquezas, pois ele mesmo foi provado em tudo como nós, com exceção do pecado. Jesus é o mediador entre nós e o Pai. Sendo exteriormente reconhecido como homem, humilhou-se ainda mais, tornando-se obediente até a morte, e morte de cruz. Esvazia-se completamente para encontrarmos no testamento da caridade encerrada na oferta da cruz,  o próprio Deus. Eis a máxima: De tal modo Deus amou o mundo, que lhe deu seu Filho único, para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna. 
    
      No Evangelho ouvimos o pedido de Tiago e João, filhos de Zebedeu: Mestre, queremos que faças por nós o que vamos pedir: Deixa-nos sentar um à tua direita e outro à tua esquerda, quando estiveres na tua glória. Jesus é duro e solene: Vós não sabeis o que pedis. O que será pensavam aqueles dois apóstolos? Certamente que Nosso Senhor ao chegar em Jerusalém destruísse a tirania do Império Romano e tomasse o lugar de César.  Aqueles dois estavam quando no Monte Tabor, o Senhor, mostrou-lhes a verdadeira glória: sua crua paixão e radiosa ressurreição. A hora bendita da glorificação do Divino Mestre: a cruz. Dão-lhe por trono o madeiro, por coroa, espinhos por cetro o trespassar da lança do soldado. ‘’Este é o Rei dos Judeus!’’ Eis o Rei manso que diferente dos reis romanos, que passavam sob os basileus, indicando a supremacia, desceu à planície do sofrimento para subir a’ltura  do Monte Calvário. Jerusalém! Este é o teu Rei! Israel Novo, Igreja, Cidade do Altíssimo. 
   
        Por acaso podeis beber o cálice que eu vou beber? Podeis ser batizados com o batismo com que vou ser batizado? Jesus, com estas perguntas, anuncia de modo solene a sua morte, o ‘’dia em que o Esposo será tirado’’ beber o cálice do escárnio, da amargura como que o fel e o vinagre que lhe deram quando naquela hora o Cordeiro Pascal era imolado. Na sua suprema agonia ainda pedira ao Pai que afastasse o cálice da dor, mas, com resiliência total, submeteu-se! E o Batismo de Jesus?  É o seu sangue derramado até a última gota. ‘’Tudo está consumado!’’ Pronto! Eis o esclarecimento para quem deseja segui-lo. Derramar-se e quebrar-se por inteiro! Como diz São Paulo: Faço tudo para ter parte no Evangelho!
        
      Vós sabeis que os chefes das nações as oprimem e os grandes as tiranizam. Mas, entre vós não deve ser assim: quem quiser ser grande, seja vosso servo, quem quiser ser o primeiro seja o escravo de todos. Há lógica nessas palavras de Nosso Senhor? Vejamos! Não!  Esta exortação é literalmente misteriosa. E ainda o é! César entendê-la-ia? Pôncio Pilatos? Os fariseus? Os Mestres da Lei? Os Anciãos do Povo? Não! Só pode compreendê-la e bem-aventurado o é! Quem foi capaz de deixar-se atrair pela força renovadora da Páscoa do Pelicano Jesus. O que nos recorda esta dita de Jesus ao Colégio dos Apóstolos, portanto, à Igreja, para nós cristãos? O gesto sacerdotal antecipado no lava-pés. Depõe o manto e cinge-se com o avental. Ele! O Servo Obedientíssimo! Sacrossanta lição para nós! Quando pensarmos em nos querermos cravemos o nosso olhar no madeiro. Lá é o vosso e o meu lugar! Quebremo-nos, como uma oferta agradável e salutar e assim nos unamos aos benefícios do martírio do Senhor nosso. Porque o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida como resgate para muitos. A obra sacerdotal de Cristo é o seu serviço, ou seja, a oblação total ao Pai em obséquio do homem. Tal qual o grão de trigo assim fora o nosso Divino Salvador! Foi até a Ara da Cruz, aonde lá, segundo Santo Agostinho, ''ensinou como Mestre''

domingo, 7 de outubro de 2012

XXVIIºDOMINGO COMUM- ''O que Deus uniu o homem não separe!''


      A Igreja celebra o Vigésimo Sétimo Domingo do Tempo Ordinário. É preciso robustecer a  nossa feliz esperança que herdamos quando do dia do nosso Batismo e a cada domingo experimentamos o antegozo da vida quão bem-aventurada, a eternidade. Passando o mundo de transeuntes chegue, em sua plenitude, o Reino de Deus, ou seja, o advento definitivo do Ungido do Senhor.
      A Liturgia da Palavra propõe-nos o lecionário do Livro dos Gênesis (cf.2, 18-24), Salmo 127, a Epístola aos Hebreus( cf. 2, 9-11) e o Evangelho de São Marcos( 10, 2-16). À primeira leitura ouvimos a narração em que após Deus plasmar Adão à sua imagem e semelhança, outorga-lhe a administração das outras criaturas. ‘’Então o Senhor Deus formou da terra todos os animais selvagens e todas as aves do céu, e trouxe-os a Adão para ver como os chamaria; todo ser vivo teria o nome que Adão lhe desse.’’ Contemplamos aqui a primazia do homem. Dentre as criaturas, feitas do nada, o ser humano, dotado de predicativos únicos, a saber: a inteligência, a vontade e a liberdade, é vocacionado, através do ato criador do amor, a contribuir com o desenvolvimento do cosmos, cuja mácula do pecado original, sujeitou toda a criação.
     Na paulatina história da criação aprouve ao Onipotente confiar ao homem, como afirma o texto sagrado, ‘’uma auxiliar semelhante a ele’’ diante das obras criadas, nenhuma, ainda, o era semelhante. Então. Eis! ‘’O Senhor Deus fez cair um sono profundo sobre Adão. Quando este adormeceu, tirou-lhe uma das costelas e fechou o lugar com carne. Depois, da costela tirada de Adão, o Senhor Deus formou a mulher e conduziu-a a Adão. E Adão exclamou: Desta vez, sim, é osso dos meus ossos e carne da minha carne!’’ Quão misteriosa e estupenda é esta passagem da Escritura! Como compreendê-la? Qual a via? Qual a acessibilidade? Ei-la pois: o entranhado e único Amor. Deus, a Trindade Santíssima!
   ‘’A mulher, ‘’carne de sua carne’’, isto é, um auxílio.(cf. CIC-1605) No mistério da criação, o Senhor, dá ao homem uma companheira. Eva, a mulher, a vivente. A unidade de ambos é relacionada com uma ordem:’’o homem deixará seu pai e sua mãe e unir-se-á à sua mulher, e eles serão uma só carne.’’ A partir desta, observar-se, um querer divino à raça dos nossos primeiros pais, a família humana e que se perpetua até aos nossos dias. É bem verdade e evidente que na conjuntura da sociedade atual o vocábulo ‘’família’’ é ilusoriamente e outrossim inverossímil pluralizado. Admoesta-se os nossos filhos com uma gama de conceitos e tipos. Família, a saber, é a união, através da aliança matrimonial, do homem com a mulher, a fim de garantir a perpetuação da prole, conforme a bendita dita do Senhor:’’ Crescei e multiplicai-vos’’ . Existem muitos que referem-se a esta realidade como retrógrada e inconcebível à mentalidade do século vinte e um. Ademais há uma série de afirmações. Quais, deveras, os pseudos-intentos aí manifestados? A banalização da instituição mais sagrada e célula-mater da sociedade que é a família, subtraindo o arcano desejo de Deus que a união entre o homem e a mulher fossem elevados à dignidade de Matrimônio, cuja prefiguração, vê-se na criação dos mesmos.
     No Salmo Responsorial vemos de maneira poética, o salmista, tercendo elogio a Israel: ‘’A Tua esposa é uma videira bem fecunda no coração da tua casa, os teus filhos são rebentos de oliveira ao redor de tua mesa.’’ O sacramento do Matrimônio, bem como o sacramento da Ordem, estão inscrito na listas dos sacramentos de serviço e missão, destarte, a aliança conjugal é destinada à formação da família, a educação humana e cristã dos filhos, como, quando no dia em que diante de Deus, da Igreja e da assembleia, dois cristãos, numa só carne, prometeram, na aliança matrimonial que é indissolúvel, educar a sua prole na Lei de Deus e da Igreja.
   À segunda leitura, extraída da Epístola aos Hebreus, a referente missiva, consoante alguns estudos exegéticos, é atribuída ao apóstolo São Barnabé, outros, ainda, afirmam pertencer a uma coletânea de homilias de uma grupo de sacerdotes. A epístola é um tratado, cujo tema central é o sacerdócio de Cristo. Comparado a Melquisedec e aos levitas. Cristo Jesus, Senhor nosso, é o sacerdote por antonomásia, pois é Nele mesmo que o Pai realiza a reconciliação do Gênero humano mediante a sua oferta na ara da cruz. Para gesto quão solene e único, fora preciso que, se fizesse homem, ‘’viveu em tudo a condição humana, exceto o pecado .’’  ‘’Convinha de fato que aquele, por quem e para quem todas as coisas existem, e que desejou conduzir muitos filhos à glória, levasse o iniciador da salvação deles à consumação, por meio de sofrimentos.’’ O nosso sacerdote Jesus, com uma carne semelhante a nossa, nos remiu e por conseguinte deu-nos com a oblação de sua vida na árvore da cruz a acessibilidade da eternidade, perdida com a primeira queda. ‘’Um por todos ele aceitou ser pregado na cruz.’’ Assim reza a Igreja num dos prefácios da paixão. Cristo, o Sumo e Eterno sacerdote, continua nos altares, a perpetuar, através do ministério dos sacerdotes, a obra consumada na cruz, ‘’pois todas às vezes que participamos da Eucaristia torna-se presente a nossa redenção’’.
   No Evangelho, a seita dos fariseus, quer apanhar Jesus nalguma palavra a fim de condená-lo, logo acorrem a Lei de Moisés, interpretando-a de forma dúbia, perguntando se era permitido ao homem divorciar-se de sua mulher. Nosso Senhor, logo, censura-os: ‘’ Foi por causa da dureza do vosso coração que Moisés vos escreveu este mandamento.’’ Jesus é solene e preciso com esta pontuação. Os fariseus estavam condicionados ao legalismo incapazes de reconhecer que o Messias prometido nas Escrituras realizava-se em Jesus. A condição da unidade entre o homem e a mulher numa só carne é elevada a dignidade de Matrimônio, ou seja, sinal da graça de Deus, nas palavras do Senhor: ‘’(...) desde o começo da criação Deus os fez homem e mulher. Por isso, o homem deixará seu pai e sua mãe e os dois serão uma só carne. Assim, já não dois, mas uma só carne. Portanto, o que Deus uniu, o homem não separe!’’
    O estabelecimento da aliança conjugal é tido como o tipo da união de Cristo com a Igreja-Esposa na aliança do calvário como bem ressalta São Paulo  na carta aos Efésios: ‘’Maridos, amai as vossas mulheres, como Cristo amou  a Igreja e se entregou por ela.’’ A vivência do sacramento do matrimônio só pode ser entendida à luz do Mistério Pascal, ou seja, na mútua e total entrega que os cônjuges são chamados a fazer. O sacrifício dos esposos é a via de santificação e participação à paixão do Redentor. Para o mundo hodierno esta concepção não existe, sobretudo, àqueles, que veem o casamento como uma simples união abstraindo o predicativo de sacramento.
     Confiemos na Celebração da Sagrada Eucaristia, no altar, signo da aliança do Senhor com a Igreja, os nossos casais para que, não obstante as adversidades da missão confiada, nutram suas vidas com o Sagrada Eucaristia, e, como no dia em que se entregaram um ao outro em Matrimônio mereçam a companhia dos santos na glória dos céus. Ao Cristo, sempiterno Rei, a soberania e a adoração pelos séculos infindos. Amém!
      


quarta-feira, 3 de outubro de 2012

O Tempo: construção da existência do homem de instantes em instantes em direção a Deus


         ''Senhor quem é o homem para dele assim vos lembrardes e o tratardes com tanto carinho? Pouco abaixo dos anjos o fizeste, coroando-o de glória e esplendor. Caríssimos 
         Irmãos que caras palavras são estas do Salmo Oitavo que, associadas a outras, são dignas de aspirações existenciais. Ei-las: Há um tempo para tudo debaixo da terra. Tempo de nascer e tempo de morrer. Tempo para plantar e tempo para colher. Tempo de sorrir e tempo de chorar. Tempo de fazer guerra e tempo para dá a paz'. A Liturgia ferial da semana passada colocava em nossos ouvidos estas verdades do Eclesiastes? Que é o tempo? Para que o tempo?

       
           Ligeiramente, às vezes, exclamamos: ''Como passou ligeiro o tempo!'' Há uma gama de realidades que o constitui: as lembranças, as analogias, as marcas de expressão, o crescimento, as circunstâncias, as perdas, as relações, as amizades. Bendito o tempo. Sem ele, o que seria da nossa existência? Precisamos dele para nos organizarmos nos diversos âmbitos que envolvem esta vida de sonhadores.

       
       Mas, irmãos meus, na realidade tudo aqui é tempo quer seja de um ângulo, quer seja do outro. O Tempo é o intervalo entre o homem, as suas concepções e ações. Que palavras caras a do Eclesiastes! Tempo para isto! Tempo para aquilo! Os nossos pais e avós costumam exclamar:' Deus é o Senhor do tempo!' Esta, deveras, é possuidora duma verdade de fé augustíssima. Ele,só Ele! Rege o tempo, portanto é Senhor. Na natureza soube caracterizá-lo mediante as quatro estações assinalando-as com as características peculiares. Para a primavera o perfume das flores e a sua beleza, para o Outono o cair discreto das folhas caducas e o desabrochamento dos frutos, para o inverno as chuvas para alagar os mananciais, irrigar os solos, para o Verão que os raios do Sol fossem mais expressivos. Ele é a Sabedoria! 

        
      Eis que chegada a plenitude dos tempos, Ele, que é o 'Alpha e Ômega', cujo princípio não existe e tampouco fim. O Sempiterno entrou nas realidades finitas do ''Kronos''' para que no seu ''kairós'' o bicho-adão torna-se imortal, transcendente aos demais seres vivos. Ei-lo: o Verbo encarnado. E, como diz a Escritura, precisamente o Prólogo do Evangelho de São João: ''Ela (a Palavra) fez tudo, sem Ela nada do que existe seria feito.'' Já noutra passagem exclama-se: ''Nele nos movemos, existimos e somos!''

      
       Irmão meu da pia batismal, cujas entranhas, é o útero, a Mãe Católica, a Santa Igreja. A nossa vida é superabundante a esta peregrinação. No Adão Jesus Cristo, Deus de Deus santíssimo, recebemos a imortalidade e com ela nos tornamos coerdeiros do nosso Santíssimo Salvador. Ele que não é tempo, mas o Dia sem ocaso. A Eternidade, o Cristo Total, no qual permanece tu e eu. Lembremos do dia solene da Ascenção de Jesus. Subira Ele e assentara-se à destra do Pai, por isso dissera: ''Vou lhes preparar um lugar'' Quando vai o nosso Salvador glorificado, o Adão Novo, Cristo Jesus, vai a humanidade do Adão primeiro, recapitulada nos méritos da Páscoa, como nos faz rezar a Igreja: ' Ó Deus, Ascensão do vosso Filho já é a nossa vitória!' A sede bendita do'' antrophos'' não é sacidada nesta vida. É sempre engano. Lembremo-nos da mulher da Samaria que sempre ia ao poço de Jacó. Lembremos de nós quando das vezes que pomos o nosso cântaro no poço das vaidades. ''Vanitas vanitarum!'' Ó vaidade das vaidades! Tudo é vaidade!'' Tudo desta vida é ilusão. ''Vai-se uma geração e logo após vem outra'' 

       É no Filho de Deus que a sede nossa é saciada. É esta a busca dos homens de sempre que nas vãs filosofias e ideologias de autossuficiência julgam, aparentemente, gozar da satisfação. Isto é vidinha! É marasmo! No tempo, busquemos o consumador da nossa fé como os três primeiros, dos doze, Pedro, André e João acharam. ''Era por volta das quatro da tarde!''

Oxalá vejamos o Dia do Senhor em que, como diz o Apocalipse de São João, ''não precisará mais da luz do sol, pois Ele mesmo será a luz!'' Ao primogênito dentre os mortos, louvor e a eternidade. Amém!
Foto: O Tempo: construção da existência do homem de instantes em instantes.
   ''Senhor quem é o homem para dele assim vos lembrardes e o tratardes com tanto carinho? Pouco abaixo dos anjos o fizeste, coroando-o de glória e esplendor. Caríssimos irmãos que caras palavras são estas do Salmo Oitavo que, associadas, às outras são dignas de aspirações existenciais. Ei-las: ''Há um tempo para tudo debaixo da terra. Tempo de nascer e tempo de morrer. Tempo para plantar e tempo para colher. Tempo de sorrir e tempo de chorar. Tempo de fazer guerra e tempo para dá a paz''. A Liturgia ferial da semana passada colocava em nossos ouvidos estas verdades do Eclesiastes? Que é o tempo? Para que o tempo?
   Ligeiramente, às vezes, exclamamos: ''Como passou ligeiro o tempo!'' Há uma gama de realidades que o constitui: as lembranças, as analogias, as marcas de expressão, o crescimento, as circunstâncias, as perdas, as relações, as amizades. Bendito o tempo. Sem ele, o que seria da nossa existência? Precisamos dele para nos organizarmos nos diversos âmbitos que envolvem esta vida de sonhadores.
   Mas, irmãos meus, na realidade tudo aqui é tempo quer seja de um ângulo, quer seja do outro. O Tempo é o intervalo entre o homem, as suas concepções e ações. Que palavras caras a do Eclesiastes! Tempo para isto! Tempo para aquilo! Os nossos pais e avós costumam exclamar:' Deus é o Senhor do tempo!' Esta, deveras, é possuidora duma verdade de fé augustíssima. Ele,só Ele! Rege o tempo, portanto é Senhor. Na natureza soube caracterizá-lo mediante as quatro estações assinalando-as com as características peculiares. Para a primavera o perfume das flores e a sua beleza, para o Outono o cair discreto das folhas caducas e o desabrochamento dos frutos, para o inverno as chuvas para alagar os mananciais, irrigar os solos, para o Verão que os raios do Sol fossem mais expressivos. Ele é a Sabedoria! 
    Eis que chegada a plenitude dos tempos, Ele, que é o 'Alpha e Ômega', cujo princípio não existe e tampouco fim. O Sempiterno entrou nas realidades finitas do ''Kronos''' para que no seu ''kairós'' o bicho-adão torna-se imortal, transcendente aos demais seres vivos. Ei-lo: o Verbo encarnado. E, como diz a Escritura, precisamente o Prólogo do Evangelho de São João: ''Ela (a Palavra) fez tudo, sem Ela nada do que existe seria feito.'' Já noutra passagem exclama-se: ''Nele nos movemos, existimos e somos!''
    Irmão meu da pia batismal, cujas entranhas, é o útero, a Mãe Católica, a Santa Igreja. A nossa vida é superabundante a esta peregrinação. No Adão Jesus Cristo, Deus de Deus santíssimo, recebemos a imortalidade e com ela nos tornamos coerdeiros do nosso Santíssimo Salvador. Ele que não é tempo, mas o Dia sem ocaso. A Eternidade, o Cristo Total, no qual permanece tu e eu. Lembremos do dia solene da Ascenção de Jesus. Subira Ele e assentara-se à destra do Pai, por isso dissera: ''Vou lhes preparar um lugar''  Quando vai o nosso Salvador glorificado, o Adão Novo, Cristo Jesus, vai a humanidade do Adão primeiro, recapitulada nos méritos da Páscoa, como nos faz rezar a Igreja: ' Ó Deus, Ascensão do vosso Filho já é a nossa vitória!' A sede bendita do'' antrophos'' não é sacidada nesta vida. É sempre engano. Lembremo-nos da mulher da Samaria que sempre ia ao poço de Jacó. Lembremos de nós quando das vezes que pomos o nosso cântaro no poço das vaidades. ''Vanita vanitarum!'' Ó vaidade das vaidades! Tudo é vaidade!'' Tudo desta vida é ilusão. ''Vai-se uma geração e logo após vem outra'' 
  É no Filho de Deus que a sede nossa é saciada. É esta a busca dos homens de sempre que nas vãs filosofias e ideologias de autossuficiência julgam, aparentemente, gozar da satisfação. Isto é vidinha! É marasmo! No tempo, busquemos o consumador da nossa fé como os três primeiros, dos doze, Pedro, André e João acharam. ''Era por volta das quatro da tarde!''
  Oxalá vejamos o Dia do Senhor em que, como diz o Apocalipse de São João, ''não precisará mais da luz do sol, pois Ele mesmo será a luz!'' Ao primogênito dentre os mortos,  louvor e a eternidade. Amém!

domingo, 23 de setembro de 2012

XXVº DOMINGO COMUM- Se alguém quiser ser o primeiro, que seja o último de todos e aquele que serve a todos!





      Eu sou a salvação do povo, diz o Senhor. Se clamar por mim em qualquer provação eu o ouvirei e serei seu Deus para sempre. 
     São com estes períodos, contidos na Antífona da Entrada da Santa Missa Dominical, que principiamos a nossa reflexão acerca deste Vigésimo Quinto Domingo Comum. O que são as provações? Cravemos os nossos olhares e abramos os nossos ouvidos ao que sabiamente enaltece a Escritura Sagrada quanto a indagação. Eis as benditas palavras do Eclesiástico: Meu Filho, se te ofereceres para servir ao Senhor, prepara-te para a prova. Endireita teu coração e sê constante, não te apavores no tempo da adversidade. Une-te a ele e não te separes, a fim de seres exaltado no teu último dia. Tudo o que te acontecer, aceita-o, e nas vicissitudes que te humilharem sê paciente, pois o ouro se prova no fogo, e os eleitos, no cadinho da humilhação. Na doença e na indigência, conserva tua confiança. Confia no Senhor, ele te ajudará, endireitai teus caminhos e espera nele. (cf. Ecl. 2, 1 sg.)            

       Desta feita, recobremos a precedente Liturgia do Vigésimo Quarto Domingo. Nosso Senhor, após ouvir a solene e intrépida profissão de fé petrina, anuncia aos seus seguidores, às turbas, o que suceder-lhe-ia ao chegar à cidade santa de Jerusalém que o Filho do homem sofreria em demasia, seria rejeitado pelos anciãos, sumos sacerdotes e doutores da Lei; devia ser morto, e ressuscitar após três dias. Pedro censura o Senhor. Como pode se conceber um Messias fraco? Esperara-se um Libertador com aquele poderio de Elias que fora arrebatado na carruagem de fogo, ou, ainda, tal qual Isaías e Jeremias, profetas valentes. Jesus, logo, repreendera-o: ‘’Afasta-te de mim Satanás! Tu não pensas como Deus, mas como os homens.’’

O nosso Messias Santo é segundo a profecia de Zacarias: ‘’Dizei à Filha de Sião: Eis que o rei vem a ti, manso e montado num jumento, num jumentinho, num potro de jumenta.’’ (cf. Zc, 9, 9)

   À primeira leitura pertence ao bloco da Literatura Sapiencial, o Livro da Sabedoria.  ‘’(...) se, de fato, o justo é ‘Filho de Deus’, Deus o defenderá e o livrará das mãos dos seus inimigos. Vamos pô-lo à prova com ofensas e torturas, para ver a sua serenidade e provar a sua paciência (...)’’  Diletos irmãos cristãos esta é a terribilíssima concepção dos iníquos, ou seja, aqueles que não esperam em Deus, todavia em seus estratagemas e maquinações. Pronto! Reparemos o redemoinho do mundo que almeja as facilidades na vida fútil; oca! O justo, à qual a Escritura refere-se, é deveras o sensato que não põe a sua segurança no homem, porque uma vez colocada, logo ruirá.

      Nós que militamos, imersos no ‘’lacrimarum valle’’, somos, consoante São Paulo ‘’provados de todos os lados’’ sobretudo, na conjuntura da pluralidade dos analgésicos que os malfeitores oferecem às turbas, para gozarem duma existência fantasiosa. Quem pois, é fiel discípulo do Filho de Deus, precisa permanecer cônscio que cruzará com a ‘’via crucis’’ com a abnegação da própria vida. Lembremo-nos da feliz advertência de Jesus: Se alguém me quer seguir, renuncie a si mesmo, tome sua cruz e me siga. Pois quem quiser salvar a sua vida perdê-la-á, mas quem perder a sua vida por causa de mim e do Evangelho, vai salvá-la.

   Nas adversidades do quotidiano aí é que somos provados, precisamos da maturidade dos santos, da têmpera dos mártires, de ficarmos em pé sob a cruz  como Maria Santíssima, João, o Apóstolo...

    À segunda leitura da missa, da Epístola de São Tiago, é uma exortação para honrarmos o nome de cristãos. Onde há inveja e rivalidade, aí estão as desordens e toda espécie de obras más. Por outra parte, a sabedoria que vêm do alto é, antes de tudo, pura, depois pacífica, modesta, conciliadora, cheia de misericórdia e de bons frutos, sem parcialidade e sem fingimento.’’ A sabedoria, no Antigo Testamento, sempre fora visualizada, ainda que patente, como personificação da encarnação do Logos, do Verbo Eterno de Deus. Na plenitude dos tempos ei-la pois: Jesus, o Santo Cristo. Diz-nos o apóstolo dos gentios: Tendes em vós, os mesmos sentimentos existentes em Cristo Jesus.

    Permitamo-nos no copioso exercício da vida do Filho de Deus, que, sempre, procurou agradar Àquele que o enviará, o Pai. Detestemos todas as ações que  se desviam da benevolência do Cristo. Sim! É Ele o Homem perfeito e nós, como que atletas, esforçamo-nos, para chegar a estatura do Novo Adão.

Quanto ao Evangelho, a Liturgia hodierna, apresenta-nos o segundo anúncio da Paixão do Senhor. Há, contudo, agora, uma agravante entre aqueles que com Jesus subiam a Jerusalém.  A Palavra de Deus mostra o quanto o homem tende a desviar-se do plano salvífico: ‘’Israel, quanto dista o céu da terra tal qual dista os meus pensamentos dos vossos pensamentos.’’  Os discípulos discutiam ente si ‘’quem era o maior!’’ Aqui estar uma mentalidade dos negócios dos homens. Saber qual o holofote que mais alumia, tentar perlustrar quem fez mais, quem deu mais, enfim, como aqueles primeiros, saber quem o maior!

   Jesus inverte os pseudos-valores. O maior não é um herói, um super- homem, mas sim, o que serve. Se alguém quiser ser o primeiro, que seja o último de todos e aquele que serve a todos! Exclamara Jesus ao Colégio dos Doze primeiros, à Igreja mesmíssima de ontem, de hoje e de sempre. O critério fundante do discípulo-apóstolo do Senhor, ramo da sua Jerusalém, da sua Esposa é a diaconia. É depor a capa e cingir-se com o gremial da Quinta-Feira Santa. Dobrar-se aos pés de alhures como é mister a quem tem espírito de apóstolo. Vejamos, caros meus, Jesus é por antonomásia o Diácono da Humanidade. Ao inclinar-se diante dos pés, ao deitar água, faz ele um gesto de ‘’kenosis’’, anunciando a sua oblação total na ara da cruz. Eis irmãos! O nosso Divino Salvador quebrou-se por inteiro. Serviu até o extremo! Por isso mesmo que, solenemente, exclamara o apóstolo João, narrando o Testamento da Caridade. Tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até o fim!( cf. Jo, 13)

     Oxalá, disponhamo-nos tudo para todos, pois o ‘’Filho do Homem veio par servir e não para ser servido.’’ A Ele, que é o Alfa e o Ômega, a doxologia eterna! Amém!

 

 

domingo, 9 de setembro de 2012

XXIII Domingo Comum- ''Efatá'', disse o Messias Davídico!.


                        
 
         ’’Hosana ao Filho de Davi! Bendito Aquele que vem em nome do Senhor!’’  Esta é a soleníssima exclamação que tributamos ao Cordeiro Imolado na Liturgia dos Santos Mistérios, na Santa Missa. Reconhecemos que o Cordeiro imolado é Deus e Senhor. Debaixo do seu senhorio, do Deus Messias, colocamos o existir, para, que em nossos intentos, desejos, ações... correspondamos, de fato, a sermos agradáveis a Deus. É característico do Tempo Litúrgico que ora celebramos, o Tempo Ordinário, mostrar a vida pública de Jesus, que justamente, conforme os sinóticos, principia com o Batismo, às margens do Jordão, a tentação no deserto. O Divino Salvador, através dos milagres, clarividencia quem o é. Ele é Deus Santíssimo, consubstancial ao Pai, a Palavra criadora e dinâmica que tudo fizera e sem a qual, como canta o prólogo joanino, ‘’nada do que existe seria feito’’.
        À primeira leitura extraída do Livro do Profeta Isaías, precisamente  o dito ‘’Terceiro Isaías’’, também conhecido como o opúsculo apocalipse de Isaías. Contextualizemo-nos quanto à época. Esta parte do livro mostra  o regresso do povo de Israel da  mazela do exílio em a Babilônia.Reparemos a terrível situação. Israel passara por cruéis momento no exílio e, um deles, foi  deixar-se influenciar pelos ídolos, pelos deuses estrangeiros e por conseguinte cometeram a idolatria. Abandonaram o Deus da Aliança para servir aos estranhos. Qual a esperança, então, daquele povo? Eis! ‘’Dizei às pessoas deprimidas: Criai ânimo, não tenhais medo! Vede, é vosso Deus, é a vingança que vem, é a recompensa de Deus; é ele que vem para vos salvar.’’ O profeta evidencia que a esperança dar-se no advento do Messias davídico, cuja presença é a autenticidade através dos atos: ‘’ se abrirão os olhos dos cegos e se descerrarão os ouvidos dos surdos. O coxo saltará como um cervo e se desatará a língua dos mudos, assim como brotarão águas no deserto e jorrarão torrentes no ermo.’’  Assim profetizara Isaías e, tal cumprimento, vemo-lo, na pessoa de Jesus que é verdadeiramente o Deus Messias! Noutra passagem o mesmo profeta diz: ‘’O Espírito do Senhor Iahweh está sobre mim, porque Iahweh me ungiu; enviou-me a anunciar a boa nova aos pobres a curar os quebrantados de coração e proclamar um ano aceitável a Iahweh.’’ (cf. Is, 61)
        A ação redentora de Cristo através dos milagres, dos prodígios, portentos é a caminho de Jerusalém, no lenho da cruz, ele esclarece com a oblação da sua vida, qual a missão que viera cumprir. Lembremo-nos quando da vez que os discípulos de João Batista acorreram a Nosso Senhor e lhes perguntaram: ‘’És tu mesmo que devia vim ou devemos esperar um outro?’’ Eis a resposta daquele que o Batista anunciara como a Luz. ‘’Digam a João que os cegos veem, os surdos ouvem, os coxos andam e o Evangelho é anunciado.’’ Pronto! Aqui fica esclarecido que o Filho do Carpinteiro e de Maria Santíssima é o Messias Santo prometido na Escritura do Antigo Israel.
   Na segunda leitura, extraída da epístola de São Tiago, as admoestações do apóstolo são, deveras, precisas para o Cristianismo. ‘’Meus irmãos a fé que tendes em Nosso Senhor Jesus Cristo glorificado não deve admitir acepção de pessoas.’’ O testemunho intrépido que damos da nossa adesão ao projetode Deus deve acompanhar a nossa praxe na vivência da caridade. Caridade verdadeira em que comungamos na face dos mais frágeis, a face de Cristo. ‘’Um copo de água que deres a um desses pequeninos é a mim  que estais dando.’’ Apraz-nos as palavras de São Paulo: ‘’Ainda que eu falasse línguas, as dos homens e as dos anjos, se eu não tivesse a caridade, seria como bronze que soa ou como címbalo que tine.’’ (I Cor. 13) Oxalá a nossa experiência com o Ressuscitado nos transforme em luminosos faróis, de maneira tal, que a caridade evangélica conquiste a muitos. A Beata Tereza de Calcutá dizia para as suas irmãs ‘’comungastes ao Senhor no Sacramento da Caridade, comungue-o agora no rosto desfigurado dos mais indigentes.’’
   Chegamos ao Evangelho, centro da Liturgia da Palavra. A missão do Filho de Deus fora libertar o homem da escravidão do pecado. Para a mentalidade cultural-religiosa dos judeus, se um indivíduo possuísse uma enfermidade como lepra e, até mesmo, deficiências como a surdez, a paralisia era excluído da convivência normal.
    A página do Evangelho é caríssima de significados. ‘’Jesus afastou-se com o homem, para fora da multidão; em seguida, colocou os dedos nos seus ouvidos, cuspiu e com a saliva tocou a língua dele. Olhando para o céu, suspirou e disse: ‘’Efatá!’’, que quer dizer: ‘’Abre-te!’’ Pensemos nesse ínterim nas benditas palavras proferidas pelo centurião romano quando do martírio do nosso Salvador, ‘’verdadeiramente esse Homem era o Filho de Deus!’’ Eis! O Obedientíssimo, o Unigênito, que na carne humana, tirou o pecado do mundo. Abriu-nos as portas do céu. Aquele que é o primogênito dos mortos! Pensemos, irmãos, nos pormenores que são os gestos de Jesus, pois esses são  salvíficos cuja máxima é o sinal da cruz.
      As ações sensíveis de Cristo. (1) Colocou os dedos nos ouvidos do surdo; ( 2) cuspiu; (3) tocou a língua dele. Aonde bebemos desse manancial da salvação? Nos santos sacramentos da Igreja. Eles são a solene e verdadeira perpetuação do Mistério Pascal, em que Cristo, através e com a Igreja, Esposa Imaculada, salva-nos! Conforme registra-se nos primeiros sacramentais, o sacerdote, antes de deitar  a água batismal, tocava os ouvidos dos neófitos e proferia o ‘’Efatá’’  e a seguir colocava sal na boca.
    Abre-te! Esta é a ordem do Cristo para o cristão, nós, que somos partícipes do mistério da salvação, que aceitamo-Lo como nosso Senhor. Mais que os ouvidos físicos; abramo-nos inteiramente às exigências do fiel seguimento a Cristo, de maneira tal, que afirmem: ‘’Ele tem feito bem todas as coisas: Aos surdos faz ouvir e aos mudos falar.

domingo, 2 de setembro de 2012

XXII DOMINGO DO TEMPO COMUM- O MANDAMENTO DO SENHOR!



   Irmãos caríssimos, ‘’eleitos segundo a presciência de Deus Pai para obedecer a Jesus Cristo e participar da bênção da aspersão do seu sangue, graça e paz vos sejam concedidas abundantemente!’’ Com esta exortação do apóstolo São Pedro principiamos nossa reflexão dominical em que a Igreja celebra, na via á Páscoa eterna, o vigésimo segundo domingo do Tempo Ordinário. À priori detenhamo-nos em tal indagação: O que é superior? O homem ou a lei?Ou, então, acaso não deve a lei está disposta a servir ao antrophos, para este, sempre, encontrar a vida? A disposição necessária para a sua existência enquanto, aqui, dentre muitos, ele é um transeunte? A hodierna Liturgia dos Mistérios do Corpo e Sangue do Senhor nos leva a pensar acerca dessas interrogações.

       À primeira leitura, extraída do Livro do Deuteronômio, ouvimos Moisés, falando para  Israel: ‘’Ouve os decretos que eu vos ensino a cumprir, para que, fazendo-o, vivais e entreis na posse da terra prometida pelo Senhor Deus de vossos pais. Nada acrescenteis, nada tireis, á palavra que vos digo, mas guardai os mandamentos do Senhor vosso Deus que vos prescrevo.’’ Eis diletíssimos! Eis aqui o coração da fé dos nossos irmãos judeus. Consiste em guardar o Decálogo, observá-lo, aprazendo-se em fazer a vontade de Deus. Constantemente na Escritura, faz memória dos feitos, dos poderios que Adonai fizera pelo povo, como diz o salmista, ‘’que o Senhor escolheu por sua herança.’’

    O credo do judeu explica a predileção de Deus por este pequenino povo e, também, para que o mesmo sempre corresponda fidedignamente. ‘’Ouve, ó Israel! O Senhor teu Deus é o único Senhor! Amá-lo-á de todo o coração, com todas as tuas forças, com todo o teu entendimento!`` E isto perdurara por todas as gerações. O Deus mesmíssimo que chamara o estrangeiro Abrão a ser patriarca duma posteridade, que escolheu para si Jacó e Isaac, que libertara com braço poderoso a sua raça eleita da escravidão egípcia. Escutai e sabei: este é o nosso Deus e que, como registra a Escritura, ‘’é um Deus ciumento!``

         Os mandamentos, a Lei, sancionada em o Sinai  fora estabelecida para que o povo da aliança antiga encontrasse sempre a vida! Por isso mesmo canta o Livro dos Salmos: ‘’A Lei do Senhor Deus é perfeita, conforto para alma. Suas palavras são mais doces que o mel, que o mel que sai dos favos das abelhas!’’ Mas, sabemos nós, o quanto Israel deixou-se infectar pela idolatria, cultuando aos falsos deuses, ao bezerro de ouro, posto no Templo ‘’um deus tão ínfimo!’’ Diz a Palavra de Deus, quanto àqueles: ‘’têm olhos, mas não podem ver, têm ouvidos, mas não podem ouvir, têm nariz, mas não podem cheirar! Trocaram Deus por um bezerro que come feno!’’ Eis a terribilíssima desgraça do Povo de Deus! Não cumprir com os mandamentos. Cair na Idolatria! A observância dos mandamentos fora querida pelo Senhor, não obstante, a infidelidade, pois doutra maneira, estariam imersos na ignorância e no pecado. A Lei de Deus consiste na prática dos mandamentos, que, por sua vez, pautam-se no entranhado Amor.

     À  segunda leitura extraída da Epístola de São Tiago é crucial para a compreensão da praxe da fé cristã. A vivência da caridade. ‘’Não somos a religião do livro, mas do Verbo encarnado!’’ Assim, em séculos remotos, exclamara o abade e teólogo São Bernardo de Claraval. O apóstolo exorta à comunidade, mediante à fé dispensada, mostrá-la através das atitudes cristãs, as ditas práticas de misericórdia. ‘’A religião pura e sem mancha diante de Deus Pai, é esta: assistir os órfãos e as viúvas em suas tribulações e não se deixar contaminar pelo mundo."
   O nosso testemunho na prática do bem, estar, concomitantemente intrínseco ao seguimento a Cristo. Diz-nos o Apóstolo dos gentios, o magno Paulo de Tarso, ‘’se não tivesse a caridade, seria como bronze que soa ou como címbalo que tine.’’ E, recordemos de Nosso Senho,r quando aos doze dissera: ‘’Nisto saberão que vós sois os meus discípulos: se amardes uns aos outros!’’ A caridade cristã não é um ato filantrópico, como se aprecia nas ONGs, em que o intento das doações é uma ato voluntário. Nunca, e jamais será, no Cristianismo. Neste a ‘’cáritas’’ é uma condição à vivência do Evangelho.’’Vês a caridade? Vês a Trindade!’’ dizia o Bispo de Hipona, Santo Agostinho.  
    No Evangelho, Jesus censura um comportamento tido como legalismo por parte da ideologia dos fariseus. Esta facção transformara toda a Lei de Deus num fardo. Os fariseus e os mestres a Lei interpretavam a Lei, como a Lei, e que, o homem, a ela, dever-se-ia condicionar a sua vida. Eram muitos os preceitos a serem cumpridos, mas atos vazios! Jesus é a máxima da Lei. Ele mesmo dissera: ‘’Eu não vim  revigorar a Lei ou os Profetas. Não vim revogá-los, mas dar-lhes pleno cumprimento.’’ Cristo, plenitude da Revelação do Pai, afirma, com a sua encarnação, morte e ressurreição, que o mandamento estabelecido desde sempre aos nossos pais é a prática do amor. Entende-lo consoante os atos benfazejos. Nosso Senhor é direto com a hipocrisia daquelas facções. ‘’De nada adianta o culto que me prestam, pois as doutrinas que ensinam são preceitos humanos.’’ Vós abandonais o mandamento de Deus para seguir a tradição dos homens.’’
     O cristão deve prezar pelas incontáveis atitudes, não porém, para receber os elogios dos homens, porque estes passam e, doutra maneira, estão sujeitos a pseudos-intentos, antes, e sobretudo, a nossa praxe cristã é ter um coração agradável a Deus a práticas que são como que passos para o céu. ‘’E o teu Pai que ver o que oculto estar dar-te-á a recompensa.’’ Jesus é incisivo também em mostrar às claras, a turba, que o seguia, que a não vivência do amor tanto para si, quanto para o próximo é o que deveras torna o homem impuro. Quando, aí, de fato, somos infieis aos santos preceitos. Glória ao Pai, ao Filho e o Espírito Santo pelos séculos dos séculos. Amém!

 

    

 

domingo, 26 de agosto de 2012

XXI Domingo Comum- '' A quem iremos Senhor? Só tu, tens palavras de vida eterna!''


          Caros irmãos! Após debruçarmo-nos cinco domingos ao decurso dessa segunda parte do Tempo Ordinário em que ouvimos de Nosso Senhor a solene catequese acerca do ‘’mistério do Pão da Vida’’, principiado com o sinal, (milagre), consoante a literatura joanina, chegamos ao ocaso de quão magnífico sermão proferido em Cafarnaum, cidade ministerial do Messias davídico.

       Voltemo-nos, nesse ínterim, à primeira leitura da Sagrada Liturgia hodierna. Eis! A ‘’Assembleia de Siquém’’. O grande sucessor de Moisés, Josué, conduzira Israel à terra prometida e, com essa peregrinação, muitas são as vicissitudes pelas quais o Povo da Aliança antiga é provado.  Lembremo-nos das queixas de Israel: ‘’Por que nos fizestes subir do Egito para morre neste deserto. Pois não há nem pão, nem água; estamos enfastiados deste alimento de penúria.’’ (cf. Nm 21). Em via dolorosa à terra reservada ao patriarca Abraão e para toda a sua estirpe, a raça dos isarelitas fora influenciada pelos ídolos dos povos politeístas instalados nas mediações da chamada ‘’Meia Lua Fértil’’. Os amorreus, os jebuseus, os amonítas, os mesopotâmicos... Efraim é infidedigno à Aliança Sagrada, sancionada com Moisés, no Monte Sinai.

       A Assembleia de Siquém é um estopim fundante na paulatina história da salvação, pois ela abrira a consciência para a liberdade de Israel. ‘’Se vos parece mal servir ao Senhor escolhei hoje a quem quereis servir: se aos deuses a quem vossos pais serviram na Mesopotâmia, ou aos deuses dos amorreus, em cuja terra habitais. Quanto a mim e a minha casa, nós serviremos ao Senhor.’’ (cf. Js, 24). Para tal interpelação o povo, unânime, como numa solene profissão de fé, herdada dos seus pais, respondê-lo-á: ‘’Longe de nós abandonarmos o Senhor, nosso Deus, ele mesmo, é quem nos tirou, a nós e a nossos pais, da terra do Egito, da casa da escravidão.’’

      Pertinente é tal acontecimento para sermos cônscios que, diante de Deus, é mister sermos resolutos em esolhas que sempre resultarão em consequências. Diz-nos a Escritura no Livro do Deuteronômio: ‘’Ponho diante de vós dois caminhos: o da vida e o da morte, quais deles escolhereis? Agora, caros cristãos, reparemos bem: quando escolhemos o Evangelho, aquele ‘’caminho estreito’’ do qual falara Jesus, quando os seus discípulos indagaram-lhe quem se salvaria, saibamos que defronte à existência, iremos nos deparar com, como diz São Paulo, a ‘’cruz que é a sabedoria de Deus.’’ E depois Santa Rosa de Lima, cuja memória celebramos por esses dias: ‘’ A cruz é a nossa escada para o céu.’’

      À segunda leitura, extraída da epístola de São Paulo aos Efésios, o apóstolo exorta aos cônjuges, para a vivência diligente da vocação matrimonial. Notabilíssa é a analogia: ‘’Maridos amai as vossa esposas como Cristo amou a sua Igreja e por ela se entregou.’’ O miolo da vocação matrimonial e de todos quantos decidem-se pelo projeto salvífico de Deus, perpassa as aparências, o verniz. Seja na relação conjugal, elevada à dignidade de sacramento, outrossim no ministério de presbíteros... Sempre urge fixarmos os nossos olhares e elevarmos o nosso coração no Mistério Pascal. A vocação específica de cada cristão nasce e ganha vigor na vivência da Páscoa, ou seja, quotidianamente, experimentarmos o que dissera Jesus: ‘’se o grão de trigo cai na terra e não morre ficará só um grão de trigo, mas se morre produzirá muitos frutos.’’ A capacidade do exercício do amor oblação, permite, em nossa carne, como diz o Apóstolo, ‘’ completar o que faltou na paixão de Cristo.’’

        No Evangelho, como sabemos, Jesus concluira o discurso sobre o Pão da vida. Mostrando aos seus fieis seguidores quem o era, o milagre da multiplicação do pães, conduze-os a permanecer com Ele. Agora, Atenção! Permanecer após o Mestre que durante a sua vida pública estara subindo a Jerusalém, é saber que, chegaremos ao Gólgota. Ao Monte Calvário. Por isso mesmo que adverti-os: ‘’Esta palavra é dura. Quem consegue escutá-la? Palavra que sempre comprometeu. Pensemos nos doze, em Maria Santíssima, nos santos, nos Papas, bispos, sacerdotes. Quando nos encontramos com quão desafiadora palavra, dizemos como Simão Pedro: ‘’Em atenção a vossa palavra lançaremos as redes.’’ Jesus, no final desse discurso solene, vai querer dos seus a liberdade resiliente para segui-lo. Muitos, como aquele jovem rico, ‘’ a partir daquele momento, voltaram atrás e não andavam mais com ele.’’ Até que o magno apóstolo São Pedro, o mesmo que na fraqueza, negá-lo-ia, Pedro, em nome dos doze, dos discípulos.
        Sempre Pedro, a Igreja, fidedigna servidora do Evangelho, responde, com coração de quem conhece Aquele que segue: ‘’A quem iremos, Senhor? Tu tens palavras de vida eterna. Nós cremos firmemente e reconhecemos que tu és o Santo de Deus.’’ Diletos, vejamos, ‘’nós cremos’’, a fé de Pedro, a genuína, é mesmíssima ontem, hoje e sempre! Com Pedro, com o Vigário de Cristo, decidimos por Jesus, não obstante, às consequências de tal seguimento. A Ele, o primogênito dentre os mortos, a glória, a honra, o louvor pelos séculos dos séculos. Amém!

      

 

 

 

quarta-feira, 22 de agosto de 2012


Somos chamados para o céu
“Vocação!”. Do latim vocare (chamado), se chamado, ou melhor, receber uma missão essa é a primordial vocação que somos inseridos; devemos ter em mente que todos nós somos chamados à vida. Vida é o ponto a ser observado; nesse contexto, quantas pessoas estão perdendo o sentido? A primeira de todas que é viver a vida dada por Deus para Deus, perdido em mundo sem volta, ilusão de procura nas coisas desse mundo o sentido da existência humana.
Tendo observando esse ponto notamos que muitos cristãos estão com dúvida, ou melhor, perda de identidade do que é ser verdadeiramente cristão. Sobre esse aspecto é bom notar, que Cristo nos chama para viver o Evangelho. Então nesse sentido ser cristão é seguir o chamado de Deus primeiramente vivendo a vida ao qual ele nos dá e em sintonia na vivência dos mandamentos.
Chamados à “Santidade” a Santa Mãe Igreja Católica nos ensina que todos devemos cumprir o paulatino itinerário em alcançar a santidade, ou seja, seguindo o exemplo de Cristo que dissera: “sede santos como vosso Pai do céu é Santo” ou seja, na caridade em suma consumação pelo Pai. Viver a Santidade no tempo contemporâneo é uma luta constante contra o mal. Qual mal? A mídia que envenena a mente de tantas pessoas. É só ligar a televisão para entrar em crise, uma pessoa que já vive uma rotina desgastante no seio da família. Por que familiar? É a próxima vocação à qual estamos voltados. Perda de sentido do que é família, gerando assim, para a sociedade, em um todo, uma desestruturação, pois os valores são invertidos e se perdem por valores efêmeros. Vocação familiar é viver o pleno amor para com todos os membros da família na busca da plena harmonia para que todos cheguem à estatura do homem perfeito.
Em suma toda vocação é um chamado que Deus em seu amor infinito nos convida para estar ao seu lado, vivendo uma doação na correspondência do amor para com a Trindade Santa e a humanidade redimida no sangue do Cordeiro.
Por.: Seminarista Francisco Santos

O homem no tempo e a oportunidade

    Canta-se nos primeiros versos da canção oração ao tempo: ''És um senhor tão bonito... tempo és um dos deuses mais lindos.'' Eis! O ''antropos'' permanece em Kronos desde o dia da sua concepção em que aprouvera Deus, em sua infinita bondade, mesmo sendo libado, pelo pecado dos primeiros ancestrais, os dons preternaturais. Ao tempo condicionamos a existência nossa de transeuntes.
   
    O ser humano, em seus infindos, como se pode conceber, ofícios, ao decurso das horas.
Será que a correlação existencial entre o homem e o tempo, fazendo uma análise da conjuntura à qual pertencemos, é deveras salutar? Imergidos na mazela que se pode converter a rotina, vai se priorizando o que ora não é mister, logo tornamo-nos alienados pelo ''senhor'' kronos jogado ao abstrato e eis ai o ilusório, o banal e, por conseguinte, o efêmero.
   
     Ouve-se de alhures, o que diziam os mais antigos, ''ter tempo é questão de preferência'', outrossim vamos priorizando o indispensável, sobretudo as relações pessoais que na era dos avanços tecnológicos vão ficando longínquas. Nos tempos hodiernos, infelizmente, contemplamos as dissaborosas realidades à vida humana e deste modo, vamos perdendo a identidade genuína do ''eu''' com o ''nosso''.
    A Escritura, sapientemente, no Eclesiastes, assegura: ''Há um tempo para tudo debaixo do céu.''Oxalá o animal racional, nas vicissitudes dos acontecimentos, na ciranda da vida, perlustrem as suas ações e, como diz Exupery, conclua: ''O essencial é invisível aos nossos olhos''; de maneira tal, a deixar a superficialidade frenética e obter uma ótica existencial mais profunda em que encontrar-se-á.

 

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Consagrados na verdade


Difícil seria conceber uma sociedade bem constituída, desprovida de sacerdotes. Pois, como assinala com proverbial singeleza o Santo Cura d’Ars, “sem o Sacramento da Ordem, não teríamos o Senhor”.

            Acrescenta ele: “Quem O colocou ali naquele sacrário? O sacerdote. Quem acolheu a vossa alma no primeiro momento do ingresso na vida? O sacerdote. Quem a alimenta para lhe dar a força de realizar a sua peregrinação? O sacerdote. Quem há de prepará-la para comparecer diante de Deus, levando-a pela ultima vez o sangue de Jesus Cristo? O sacerdote, sempre o sacerdote. E se esta alma chega a morrer [pelo pecado], quem a ressuscitará, quem lhe restituirá a serenidade e a paz? Ainda o sacerdote”.

            Estas palavras de São João Maria Vianney – oportunamente lembradas pelo Papa Bento XVI na Carta para proclamação do Ano Sacerdotal, de 16/09/2009 – realçam a importância da vida sacramental para autêntica vitalidade do Corpo Místico de Cristo, mas também quanto a boa ordenação social depende da dedicação e virtude dos ministros consagrados.

            Muito a propósito advertiu Dom Chautard, em seu célebre livro A alma de todo apostolado, que a um sacerdote santo corresponde um povo fervoroso; a um sacerdote fervoroso, um povo piedoso; a um sacerdote piedoso, um povo honesto; e a um sacerdote honesto, um povo ímpio...

            O Sacramento da Ordem eleva quem o recebe a uma dignidade régia no meio dos fiéis, não apenas representando o Cristo, mas agindo in persona Christi, em diversas oportunidades. Ascende, assim, o sacerdote, ao ser “consagrado na verdade” (Jo 17, 19) pela imposição das mãos do Bispo, a uma dignidade superior à dos anjos, segundo Santo Afonso Maria de Ligório.

            A tal elevação deve corresponder um desejo constante de em tudo se configurar com Cristo. E, em consequência, uma respeitabilidade proporcionada a tão alta missão, que se reflete não apenas no comportamento exímio, mas também na adequação da postura, do modo de ser e do traje.

            Sobretudo, ensina o Concílio Vaticano II, deve o sacerdote ter presente a centralidade da Eucaristia no seu ministério: “A Eucaristia aparece como fonte e coroa de toda a evangelização” (Presbyterorum ordinis, n. 2). Pois no sacrifício Eucarístico se exerce a própria obra da Redenção (cf. idem, n. 13).

            Também nos dias atuais, a vitalidade da Igreja depende em boa medida dessa configuração com Cristo, condição necessária e base de qualquer autêntica renovação. Assim o salientou o Papa Bento XVI na homilia da ultima Missa Crismal: “Quem observa a história do período pós-conciliar pode reconhecer a dinâmica da verdadeira renovação, que assumiu amiúde formas inesperadas em movimentos cheios de vida e que tona quase palpáveis a inexaurível vivacidade da Santa Igreja, a presença e a ação eficaz do Espírito Santo. E, se observarmos as pessoas das quais dimanaram, e dimanam, esses rios pujantes de vida, vemos também que, para uma nova fecundidade, é preciso estar cheio de alegria da fé; são necessárias também a radicalidade da obediência, a dinâmica da esperança e a força do amor”.

            Mais uma vez, a santidade, portanto!



 Fonte:Editorial – Revista Arautos do Evangelho – Maio de 2012, nº 125
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