segunda-feira, 26 de março de 2012

A confissão é necessária?

O sentido esponsal do corpo e a pornografia.


A revolução sexual tem sido comparada a um esgoto com muitos bueiros. A pornografia e a masturbação são dois “bueiros” desse “esgoto”. A sexualidade pode se tornar perversa. Ao invés de tornar as pessoas livres, como deve acontecer com marido e mulher, o sexo se torna uma forma de escravidão.
A pornografia e a masturbação representam a destruição do sentido esponsal e simbólico do corpo humano. Na pornografia se apresenta uma imagem. O foco está tão somente no visível e no erótico. A pessoa humana é reduzida ao que pode ser visto. Não há nenhum traço da dimensão invisível – da intimidade e sacralidade da pessoa humana. Note-se, também, que na pornografia não há ninguém ali. É um mundo de fantasia. Ninguém está realmente presente.
Portanto, quando um homem olha repetidamente para pornografia, ele encontrará dificuldade em se relacionar com mulheres na vida real. Ele se acostuma a ver as mulheres como objetos a serem usados. Ele se contenta com uma visão apenas erótica da mulher, e por isso destrói o sentido esponsal e simbólico do corpo humano. A luxúria toma o lugar do amor, e a fantasia substitui a realidade.
Muito disso tudo pode ser dito também da masturbação. Ela é um mundo irreal de fantasia. Note-se, entretanto, o modo como a masturbação destrói o sentido esponsal do corpo. Deus dotou todos os homens e mulheres de energia sexual. Chamamos talvez de desejo sexual. Isso é bom, e faz parte da atração entre homem e mulher, que é parte constituinte do sentido esponsal do corpo. A energia sexual, portanto, precisa encontrar sua expressão no amor, não na luxúria.
A energia erótica foi feita para ser direcionada a outra pessoa, no amor. Se você é homem, então ela se direciona para a mulher, e vice versa. Na masturbação a energia sexual se volta para si mesmo. A pessoa se torna sexualmente “vesga”. O que foi feito para uma outra pessoa se volta para a gratificação de si mesmo. A masturbação, portanto, é um símbolo não do amor, mas do egoísmo.
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Trecho do Livro: “Theology of the Body Made Simple”, de Anthony Percy, p. 63.

Masturbação: Considerações Pastorais e Psicológicas na superação do vício.

Por John F. Harvey, OSFS

Muito já se escreveu sobre masturbação, e alguém pode perguntar porque a necessidade de escrever mais sobre o assunto. Mas há novas maneiras de pensar o problema, bem como a minha própria experiência no contato e ajuda a pessoas que procuram deixar a masturbação, o que me deu vários “insights” sobre a psicologia da masturbação, a partir do estudo do vício em sexo, do qual a masturbação é um grande exemplo.

Fiquei também impressionado com grupos de suporte que levam a sério a questão da masturbação, tais como o “Sexaholics Anonymous (S.A.), Sex and Love Addicts Anonymous (S.L.A.A.), e Courage.

Outra razão para que eu escreva é que muitas pessoas que lutam contra essa fraqueza não recebem o adequado aconselhamento espiritual e moral. Em alguns casos eles são orientados de forma errada, dizem-lhes que a masturbação melhora a “performance” do ato conjugal, ou que faz parte do processo de recuperação de dificuldades sexuais. É bem sabido que o hábito da masturbação atinge pessoas de todas as idades, sendo encontrado entre crianças, adolescentes, adultos, casados, idosos..
Por favor observe que digo “tendência” (mais precisamente, tendência desordenada). Muitas pessoas têm encontrado, de diversas formas, controle sobre essa tendência com um programa espiritual. Outros, entretanto, lutam no escuro, e é para esse grupo que escrevo.
Considerações psicológicas sobre o hábito da masturbação
A masturbação é algumas vezes chamada de “auto-abuso”, ou onanismo, ou ainda em livros seculares, “auto-estimulação”. Quando a estimulação psíquica acontece durante o sono, é conhecida como polução noturna.
O Pe. Benedict Groeschel usa o termo masturbação para referir-se a ações que acontecem no estado de sono ou quase sono, ou a ações de crianças e comportamento sexual pré-adolescentes, reservando o termo “auto-erotismo” para a atividade de adolescentes mais velhos e adultos “que por uma variedade de razões voltam-se a si mesmos e encontram aí um substituto para a vivência real nesse comportamento simbólico e intensamente frustrante”.
No clássico artigo, o Pe. Jos. Farraher, S.J. descreve a masturbação como “a estimulação dos órgãos sexuais externos até um ponto de clímax ou orgasmo pela própria pessoa, através de movimentos com a mão ou outros contatos físicos ou através de estímulos como figuras ou imaginações (masturbação psíquica), ou através de uma combinação de estimulação física e psíquica”. Em um sentido mais amplo, isso inclui a masturbação mútua, na qual as pessoas tocam os genitais um do outro.

Mas talvez a descrição mais incisiva do hábito da masturbação esteja em uma carta de C.S. Lewis, citada por Leanne Payne em “The Broken Image”:
“Para mim o verdadeiro mau da masturbação consiste no fato de que ele pega um apetite que, no uso correto, levaria o indivíduo para fora de si a fim de completar (e corrigir) a própria personalidade na personalidade de outra pessoa (e finalmente nos filhos e até nos netos) e a inverte, fazendo-a voltar-se para a prisão do “si mesmo”, a fim de manter um harém de esposas imaginárias. E esse harém, uma vez admitido, trabalha contra a chance da pessoa um dia sair dele e realmente se unir a uma mulher real. Isso porque esse harém está lá, sempre acessível, sempre subserviente, não exige sacrifícios ou ajustes, e pode ser acompanhado de atrações eróticas e psicológicas que nenhuma mulher real pode trazer”. Essa citação pode ser aplicada também às mulheres. Ela expressa o significado da masturbação como uma fuga pessoal da realidade em direção à prisão da luxúria.

Fatores que contribuem ao hábito da masturbação
A masturbação é um fenômeno complexo. Não iremos compreender porque uma pessoa cai nesse hábito enquanto não conhecermos algo sobre sua história, sobre as causas do problema. Escutando as pessoas logo se vê que a solidão é a principal causa, levando o indivíduo ao isolamento, fantasia, e masturbação. A solidão geralmente vem acompanhada de sentimentos de profunda auto-depreciação e ressentimento. Quando o mundo real é duro e proibitivo, a pessoa se volta para a fantasia, e quando a pessoa perde muito tempo em um mundo de fantasia, torna-se escravo de objetos sexuais (pois essa é a maneira com que ele vê as pessoas, como objetos sexuais).
Daí a pessoa entra no mundo irreal, mas prazeroso, da própria imaginação. Esse é o princípio do vício sexual, tão bem descrito por Patrick Carnes.
O hábito da masturbação se transforma muito frequentemente em vício, ou seja, a pessoa não consegue mais controlar a atividade masturbatória, apesar de grandes esforços nesse sentido. Normalmente falta a essa pessoa um “insight”, ela precisa de terapia em conjunto com uma direção espiritual.
Entretanto, às vezes o hábito da masturbação é temporário e circunstancial.
Lidando com a masturbação a partir do ponto de vista religioso
Ao nível pastoral não tem sentido nem serve para nada especular o quão responsável foi o viciado em masturbação pelo seu passado. É melhor ajudá-lo a preparar um programa espiritual.
A maneira mais errada de lidar com a questão é pensar que os adolescentes vão parar de se masturbar quando crescerem. Muitos não deixam.
Outro mito é dizer que quem pratica a masturbação tem menor chance de ter relações reais com outra pessoa de outro sexo ou do mesmo sexo. Isso pode ser verdade em algumas circunstâncias, mas a masturbação pode levar a agir com outras pessoas. Em alguns casos a masturbação já foi até recomendada como meio de aliviar as tensões do corpo, como uma forma de “terapia sexual”. Outros terapeutas usam a masturbação como um modo (alegam) terapêutico de reviver experiências sexuais traumáticas da infância (esse tipo de tratamento não é mais usado por terapeutas de prestígio). A masturbação mútua tem sido usada por homossexuais como forma de “sexo seguro”.
Outros conselheiros minimizam o problema, não dão conselho algum, a não ser “não se preocupe com isso”. De fato muitos consideram a masturbação um “não-assunto”, ou talvez um problema puramente psicológico. E por aí vai.

Parece, entretanto, que a atitude correta é tratar a masturbação habitual e compulsiva como um problema aberto à soluções, desde que a pessoa siga um projeto espiritual. Ele deve assumir a responsabilidade pelo seu futuro. À medida que vai se tornando mais livre da desordem, ele também se torna mais responsável. Isso vai se tornando mais claro, e posso mostrar algumas situações típicas.
Adolescentes.
É fato que adolescentes têm sido bombardeados com estímulos sexuais pela mídia, e os pais muitas vezes falham em dar orientações morais. Por isso não é surpresa alguma que os adolescentes não saibam nada sobre a moralidade da masturbação. Muitos já se envolvem e se tornam viciados na prática antes mesmo de se conscientizarem plenamente que ela é moralmente errada. Eu uso o termo “plenamente” porque, apesar de toda a lavagem cerebral de nossa cultura, muitos jovens sentem que a masturbação é errada.

Ao mesmo tempo eles se sentem incapazes de controlar um hábito já existente, e em sua vergonha e culpa escondem-se e fogem de discutir o assunto com conselheiros. Incertos sobre si mesmos, confusos acerca dos valores propostos pela cultura, e algumas vezes pela própria família, esses jovens facilmente se refugiam no mundo da fantasia do prazer sexual.
Muitas vezes temerosos de relacionamentos reais com pessoas do outro sexo, eles mergulham no mundo da fantasia da masturbação. Adicione-se a isso o caos moral e os conselhos errados sobre masturbação em aulas e “especialistas” e você pode compreender porque nossos jovens sequer mencionam no confessionário a masturbação como um problema moral.
Precisamos fornecer direcionamento espiritual adequado aos jovens, reconhecendo seu desejo de ser casto, e dando-lhes conselhos específicos no assunto.
Talvez falhemos em perceber a quantidade de culpa presente em jovens com o hábito da masturbação. Eles percebem que há algo errado no que fazem, apesar de lhes falarem para “não se preocupar com isso”, ou “você não pode fazer nada”, ou “quando você crescer isso passa”. Eles precisam de orientação, mas não a receberão enquanto não forem informados sobre a moralidade da masturbação, e os fatores psicológicos que muitas vezes os impedem de exercer o livre-arbítrio. A minha opinião (e a de outros confessores) é que muitos adolescentes não comparecem à Santa Comunhão aos domingos por sentirem que não conseguem superar o hábito.
Já com relação aos jovens adultos, o mito diria que esse hábito é para passar nessa idade. Mas com o casamento acontecendo cada vez mais tarde (depois dos 25 anos), com noivados durando anos a fio, e com o constante estímulo da mídia e da propaganda, não é surpresa que muitos homens e mulheres da masturbação, algumas vezes masturbação mútua.
Outras pessoas solteiras vivem na fantasia quando não estão trabalhando. Sem namorar com ninguém por uma variedade de razões, incertos sobre o que fazer da vida, e sem compromisso com esposa e filhos, frequentemente eles buscam refúgio em várias formas de fantasia, como revistas eróticas, etc. Estão muito ocupados com vários compromissos, e muito solitários. Sua tendência a se masturbar muitas vezes extrapola para um intercurso genital quando surge a oportunidade. Em outras palavras, seu ídolo é o sexo.
É muito difícil chegar a esse grupo, que muitas vezes só vem à Igreja na Páscoa e no Natal, para agradar a família. Talvez quando chegarem aos 30 anos e perceberem que há mais na vida do que só sexo, aí então venham buscar auxílio espiritual. Aqui a atividade sexual não é tanto o problema, mas um sintoma de uma profunda fuga do que é espiritual.
Quanto aos adultos mais maduros, é minha experiência que quando cristãos atingem os 30 anos sem ter escolhido uma vocação na vida, tal como casamento, vida religiosa, sacerdotal, ou uma vida de solteiro servindo a Cristo no mundo, eles começam a se perguntar pelo sentido da vida pessoal. Ainda assim, os desejos sexuais permanecem fortes como antes, e talvez mais intensos, e a pessoa pode gastar mais tempo da fantasia, levando à masturbação freqüente.
Isso, por sua vez, produz fortes sentimentos de vergonha e culpa. Se a pessoa não procura orientação espiritual para o problema, ou se quando procura não encontra nenhuma ajuda, ela vai continuar levando esse peso para a terceira idade.
Algumas diretivas espirituais
Acredito que as seguintes diretivas são úteis:
(1) Ajude a pessoa a refletir sobre o sentido da vida, suas esperanças, suas conquistas, seus desapontamentos, suas frustrações, sua solidão. Tente descobrir o que consome a pessoa, já que a masturbação geralmente é um sintoma da inquietude da alma, e precisamos atacar as causas do problema primeiro.
(2) Se possível, procure construir com a pessoa um projeto espiritual de vida.
(3) Conscientize a pessoa que a maioria dos seres humanos têm a tendência de fugir para mundos prazerosos de fantasia quando a realidade se torna dura e difícil, e a masturbação geralmente surge a partir da fantasia sexual. A estratégia espiritual é aprender como trazer a pessoa de volta da fantasia para a realidade tão cedo quanto possível, assim que se percebe que a fantasia sexual está envolvendo a pessoa.
A oração ajuda muito, assim como começar a fazer algo de externo e físico, como por exemplo caminhar, fazer algum trabalho doméstico, e daí por diante. Já aconteceu de você se encontrar em uma fantasia de raiva, de inveja ou sexual, e o telefone tocar, e quando você vai atender a fantasia desvanece? A questão é se manter na realidade.

(4) Além de compartilhar o problema com um diretor espiritual, tente encontrar um grupo de suporte com o “Sexaholics Anonymous (S.A.)”. Cultivar amizades reais com pessoas reais reduz significativamente o poder da fantasia sexual, e dá à pessoa um sentido de valor pessoal.
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Trecho do artigo “The Pastoral Problem of Masturbation”, de John F. Harvey, OSFS. Disponível no site Courage.net

quinta-feira, 22 de março de 2012

Em meio a Travessia do deserto quaresmal - IV DOMINGO DA QUARESMA

             

Eis queestamos atravessando o IV Domingo da Quaresma, 'a estrada do êxodo pascal' chega à sua metade, para que celebremos piedosos e vitalmente os santos ritos da Páscoa anual do Senhor, vértice do Ano Litúrgico. A ininterrupta tradição litúrgica, vê neste dia, uma vez que celebramos o 'Dies Domini', um domingo denominado 'Laetare', comumente, Domingo da Alegria. ''Na antiguidade cristã, o dia de hoje era o ''dia das rosas''. Os cristãos se presenteavam mutuamente com as primeiras rosas do verão. A Santa Igreja, como o faz no Advento, interrompe também na Quaresma a sua penitência. Demonstra alegria, pelo toque do órgão, pelo enfeite dos altares e pelo róseo dos paramentos. Lembremo-nos que, antigamente, faziam os catecúmenos, neste dia, um juramento solene e eram recebidos no seio da Igreja, representada pela igreja da 'Santa Cruz em Jerusalém'' ( Missal Quotidiano. Edição 1958, comentário do IV Domingo da Quaresma ) Ressalta-se ainda, a Antífona da Entrada.'' Alegra-te Jerusalém! Reuni-vos, vós todos que a amais; vós que estais tristes, exultai de alegria! Saciai-vos com a abundância de suas consolações.'' ( cf. Is 66, 10-11)

E o porquê do uso, ainda que facultativo, do róseo? Este sinaliza a manifestação jubilar da Esposa de Cristo por sua Páscoa que ora aproxima-se, cuja participação dá-se no Sagrado Banquete Sacrificial da Páscoa, a Eucaristia. O róseo, também, quebra o uso do roxo penitencial que cinge os ofícios quaresmais desde à Quarta-Feira de Cinzas, logo, é o resultado do roxo quaresmal com o branco cândido pascal. Estes reverentes sinais litúrgicos, ajudar-nos-ão a celebrar a Páscoa do Senhor. Sendo assim, o Seminário Arquidiocesano Sagrado Coração de Jesus, ao crepúsculo deste dia singular, o Domingo, celebrou este dia.

A Sagrada Liturgia foi presidida pelo Magnífico Reitor, o Pe. José Horácio Matos Fraga.

  postando fotos depois...

Vaticano adverte os teólogos: “não é lícito a um teólogo opor-se ao Magistério da Igreja”

Prof. Felipe Aquino
O Vaticano retomou um tema importante em um novo pronunciamento através da “Sagrada Congregação da Fé” e da sua “Comissão Teológica Internacional”, onde deixa claro que os teólogos devem se submeter aos bispos porque são “os autênticos intérpretes da fé”.
O documento é intitulado “Teologia hoje: Perspectivas, princípios e critérios”, com 35 páginas, foi aprovado em novembro passado e sua publicação foi autorizada pelo cardeal William Levada, Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, com o aval do Papa Bento XVI.
O novo documento da Comissão Teológica Internacional propõe  “critérios metodológicos determinantes para a teologia católica em relação a outras disciplinas afins, como as ciências religiosas”. E faz isso em três capítulos:
a teologia pressupõe a escuta da palavra de Deus amparada na fé (capítulo 1);
se realiza em comunhão com a Igreja (2);
tem como fim dar razão à verdade de Deus (3).
Certamente virão muitas criticas ao Papa e à Congregação da Fé por este documento, especialmente por aquelas escolas de teologia que não obedecem o Magistério da Igreja e não respeitam os dogmas como ensinamentos perenes, e fazem teologia segundo os “seus” critérios e não os da Igreja. Mas a Santa Sé tem a missão de guardar “o deposito da fé”, a “sã doutrina” (1Tim 1, 10; 6,20; Tt 1,9; 2,1.7) intacto como o recebeu de Cristo. Os dogmas são as colunas e o fundamento da nossa fé, revelados por Deus, e não podem se alterados ou esquecidos. Quando era Prefeito da Congregação da Fé, em 1985, o atual papa disse:
“Numa visão subjetiva da teologia, o dogma é muitas vezes considerado como uma camisa-de-força intolerável, um atentado à liberdade do estudioso, individualmente considerado. Perdeu-se de vista o fato de que a definição dogmática é , ao contrário, um serviço à verdade, um dom oferecido aos crentes pela autoridade querida por Deus. Os dogmas, disse alguém, não são muralhas que nos impedem a visão, mas ao contrário, janelas abertas que dão para o infinito.” (A Fé em Crise? O Cardeal Ratzinger se interroga”; J. Ratzinger/ V. Messori; Ed. Pedagógica e Universitária LTDA; E.P.U.; 1985, pg. 49/50)
O documento salienta que os teólogos, para realizar seu trabalho, devem reconhecer a jurisdição dos bispos para “uma interpretação autêntica da palavra de Deus transmitida pela escritura e a tradição”.
O documento da Santa Sé não trás nada de novo, mas reafirma a necessidade dos teólogos não se afastarem dos dogmas da fé, o que alguns mais “modernos” se arriscam. Se o trem sair do trilho, descarrilha.
Falando aos membros da Comissão Teológica Internacional, em 2006, o Papa Bento XVI advertiu que os teólogos devem “procurar a obediência à verdade” e não desvirtuar a palavra e a alma “ao falar obedecendo à ditadura das opiniões comuns”. O Santo Padre lembrou que “falar para encontrar aplausos, falar orientando-se ao que os homens querem escutar, falar obedecendo à ditadura das opiniões comuns, considera-se como uma espécie de prostituição da palavra e da alma”. (ACI, Vaticano, 06 out 06)
Disse o Papa que “o teólogo deve seguir a disciplina dura da obediência à verdade, que nos faz colaboradores” e “bocas da verdade”.
O teólogo é um pesquisador que procura aprofundar o sentido das verdades da fé reveladas por Deus através dos Patriarcas, dos Profetas e da pregação de Jesus Cristo. Estas verdades estão na Tradição (= transmissão) oral e nas Sagradas Escrituras. Por isso o teólogo estuda a Bíblia Sagrada e suas ciências auxiliares (a lingüística, a arqueologia, a história…) assim como os documentos emanados da Igreja através dos séculos e a Filosofia, a fim de ilustrar e transmitir ao Povo de Deus o conteúdo dos artigos  da fé.
Em 24 maio 1990 a  Congregação para a Doutrina da Fé, quando o seu Prefeito era o Papa Bento XVI, publicou uma Instrução “Sobre a Vocação Eclesial do Teólogo”, onde chama a atenção dos teólogos para vários pontos importantes, como:
“O teólogo, de modo particular, tem a função de adquirir, em comunhão com o Magistério, uma compreensão sempre mais profunda da Palavra de Deus contida na Escritura inspirada e transmitida pela Tradição viva da Igreja” (N.º 6).
“O objeto da teologia é dado pela Revelação, transmitida e interpretada na Igreja sob a autoridade do Magistério, e acolhida pela fé. Descurar estes dados, que têm valor de princípio, seria equivalente a deixar de fazer teologia”. (n.12)
Portanto, não é lícito a um teólogo opor-se ao Magistério da Igreja, A teologia  professa a assistência do Senhor ao Magistério da Igreja (cf. Jo 14, 15.25; 16,12-13), assistência de que ele, teólogo, pessoalmente não goza.
Infelizmente os maus teólogos recorrerem aos meios de comunicação para exercer pressão sobre a opinião pública contra o Papa e a Santa Sé. A Instrução alerta que a Igreja não é uma simples democracia onde tudo se resolve pelo voto e pelo gosto da maioria:
“Não se podem aplicar à Igreja, pura e simplesmente, critérios de conduta que têm a sua razão de ser na sociedade civil ou nas regras de funcionamento de uma democracia. Menos ainda se podem inspirar as relações no interior da Igreja à mentalidade do mundo circunstante (cf. Rm 12,2). Indagar da opinião da maioria o que convém pensar e fazer, recorrer, à revelia do Magistério, à pressão exercida pela opinião pública, aduzir como pretexto um consenso dos teólogos, sustentar que o teólogo é o porta-voz profético de uma base ou comunidade autônoma que seria assim a única fonte da verdade, tudo isto revela uma grave perda do sentido da verdade e do sentido da Igreja” (n.º 39).
“O pluralismo não é legitimo a não ser na medida em que é salvaguardada a unidade da fé no seu significado objetivo” (n.º 34).
“Não se pode recorrer aos direitos humanos para fazer oposição às intervenções do Magistério. Um tal comportamento desconhece a natureza e a missão da Igreja” (n.º 36).
“Falar neste caso de violação dos direitos humanos não têm sentido, porque se estaria desconhecendo a exata hierarquia desses direitos, como também a natureza da comunidade eclesial e do seu bem comum. Além disso, o teólogo que não está em sintonia com o “sentire cum Ecclesia” se põe em contradição com o compromisso, livre e conscientemente assumido por ele, de ensinar em nome da Igreja” (n.º 37).
“A argumentação que alude ao dever de seguir a própria  consciência, não pode legitimar a dissensão. Antes de tudo, porque este dever se exerce quando a consciência ilumina o juízo prático em vista de uma decisão a ser tomada, enquanto aqui se trata da verdade de um enunciado doutrinal. Além disso, se o teólogo deve, como qualquer fiel, seguir a sua consciência, ele é também obrigado a formá-la. A consciência não é uma faculdade independente e infalível… A reta consciência do teólogo católico supõe, portanto, a fé na Palavra de Deus, cujas riquezas ele deve  penetrar, mas também o amor à Igreja, da qual ele recebe sua missão, e o respeito pelo Magistério divinamente assistido” (n.º 38).
“Às vezes, o Magistério pode ser levado a tomar graves providências, como, por exemplo, quando retira a um teólogo que se afasta da doutrina da fé, a missão canônica ou o mandato do ensinamento que lhe havia confiado, ou ainda quando declara que alguns escritos não estão de acordo com esta doutrina. Agindo dessa forma, o Magistério entende ser fiel à sua missão, porque defende o direito do Povo de Deus a receber a mensagem da Igreja na sua pureza e na sua integridade, e, assim, a não ser perturbado por uma perigosa opinião particular” (n.º 37).
“Às vezes a dissensão recorre também a uma argumentação sociológica, segundo a qual a opinião de um grande número de cristãos seria uma expressão direta e adequada do senso sobrenatural da fé O fiel pode  ter opiniões errôneas, porque nem todos os seus pensamentos procedem da fé. Nem todas as ideias que circulam entre o Povo de Deus são coerentes com a fé, tanto mais que podem facilmente sofrer a influência de uma opinião pública veiculada pelos modernos meios de comunicação” (n.º 35).
Enfim, a missão do teólogo não é contestar as verdades de fé confirmadas pela Igreja e seu Magistério, assistido permanentemente pelo Espírito Santo, mas ajudar a Igreja a entendê-las cada vez melhor.

A Fé em Cristo e a superação de nossos limites. Confira!

quarta-feira, 21 de março de 2012

Bento XVI vai ao México!


Oração cotidiana, revisão dos discursos e um grande amor pela Virgem de Guadalupe. Deste modo Bento XVI transcorre os dias que o separam de sua 23ª viagem apostólica a México e Cuba. Por este motivo, os compromissos semanais do Papa - inclusive a audiência geral de desta quarta-feira, 21 -  foram anulados.

Em entrevista à rede de televisão mexicana Televisa, o secretário de estado do Vaticano, Cardeal Tarcísio Bertone, explicou o que levou o Papa a escolher tal destino.

"A escolha pelo Mexico, sem duvida, é um grande ato de amor do Papa pelo país, este grande país da América Latina, um grande país católico, uma país em pleno desenvolvimento, mas que ao mesmo tempo atravessa problemas e desafios, sobretudo os desafios da violência, os desafios da corrupção, do narcotráfico, que exigem o empenho de todos (...) O Papa quer levar uma mensagem de encorajamento diante de tudo isso e quer falar sobretudo aos jovens para que eles não desanimem", explicou.

Bento XVI visitará o estado de Guanajuato, considerado o coração geográfico e espiritual do México. O cardeal revela que Bento XVI escolheu a cidade motivado por um sonho antigo de João Paulo II.

"Sabemos os motivos desta escolha do Papa. Uma escolha, confesso, extraordinária, que me tocou desde quando soube das motivações do Papa. João Paulo II, recordamos, desejava muito ir em peregrinação àquele santuário e não poderia fazê-lo por muitos motivos. Sendo assim, Bento XVI disse: 'Eu devo realizar este desejo de João Paulo II e ir lá, como seu sucessor, àquele Santuário que é o coração da fé heróica do povo mexicano' ", afirmou Bertone. 

Celibato não é obstáculo para novas vocações, afirma Prefeito vaticano


MADRI, 21 Mar. 12 (ACI/EWTN Noticias)

O Prefeito da Congregação para o Clero, Cardeal Mauro Piacenza, descartou que o celibato seja um obstáculo a um novo florescimento vocacional de sacerdotes, pois "não devemos trair os jovens rebaixando os ideais, e sim devemos ajudá-los a alcançá-los".

"Dos últimos cinqüenta anos virou quase uma moda agredir ciclicamente o celibato eclesiástico. Em alguns ambientes é fácil intuir que se trata de uma verdadeira e própria estratégia", criticou a autoridade vaticana. 

Em declarações ao site espanhol de informação católica Religión Digital, o Cardeal Piacenza sublinhou que "a Igreja é plenamente consciente da extraordinária riqueza desse dom, que Deus lhe deu. Certamente não é apenas uma lei eclesiástica".

O celibato, explicou o Prefeito da Congregação para o Clero, é "uma normal conseqüência, particularmente acorde à identidade do sacerdote e de seu ser configurado a Cristo, totalmente entregue à obra da redenção".

Questionado sobre a possibilidade de admitir o sacerdócio feminino como alternativa para aumentar as vocações, o Cardeal Piacenza assinalou que esta questão foi resolvida pelo Beato Papa João Paulo II em sua Carta Apostólica Ordinatio Sacerdotalis, onde este assinalou que a ordenação sacerdotal está reservada só aos homens.

O Cardeal também se referiu à firme intenção de Bento XVI de limpar a Igreja de maus elementos em seu interior. "É necessário estar sempre vigilantes, porque jamais se termina de ‘fazer limpeza’, meramente porque nunca se termina de converter-se, e a luta contra o pecado durará até à consumação da história", assinalou.

O prefeito vaticano recomendou àqueles sacerdotes que tenham perdido a ilusão em sua vida consagrada, que vivam "a oração e a fraternidade".

"A primeira nos põe continuamente em contato com Deus e com a origem e a razão de nossa existência e de nosso ministério. A segunda é condição imprescindível de uma experiência existencial autenticamente humana, na qual a comunhão e a fraternidade é sinal da nova vida que Cristo inaugurou".

O Cardeal afirmou que "na vida sacerdotal, cada novo dia e cada dia o Senhor reserva algo grande. Se somos realistas e honestos conosco mesmos, todos entendemos que o dom do sacerdócio floresce em nossas mãos dia após dia, ano após ano e, depois de muitos lustros, apresenta-se com toda sua beleza, como jamais poderíamos ter imaginado no dia abençoado de nossa ordenação". 

"Estou acostumado a viver a dimensão da lembrança, que chega a ser memória. Eu recordo e volto a me apaixonar por Deus", concluiu.

segunda-feira, 19 de março de 2012

Santidade não tem idade!!!



Pe. GILVAN Rodrigues dos Santos
Muitas vezes, a busca frenética pela felicidade não encontra os verdadeiros meios para atingi-la. Até dizemos cantando que “amar não é pecado”! Verdadeiramente, “amar não é pecado!”. Pecado é a maneira como, em não raras oportunidades, queremos demonstrar que amamos alguém. Pecado é amar segundo as veleidades de nossas presunções egoístas e interesseiras, mal intencionadas. Sem dúvida, a modernidade tem nos apresentado um universo fútil e medíocre onde os autênticos valores da dignidade humana já se perderam na voracidade inconsequente dos anseios ateus da realização humana sem Deus.

No garimpo desértico da humanidade hodierna, o testemunho de Carlo Acutis, um jovem italiano, filho de uma família cristã da Arquidiocese de Milão, devorado pelo acometimento de uma leucemia implacável e deletéria, é não somente edificante, mas, sobretudo, reflexivo, isto é, mergulha nossa alma e nosso espírito nos desvãos escondidos de nossa interioridade face aos apelos divinos à santidade, um estágio de vida espiritual, que não tem idade, o que significa dizer que a santidade não tem prazo de validade. Qualquer tempo é tempo de vivência generosa, fiel e alegre à incondicional amizade com Cristo, o “único amigo de nossa existência”, como diria o Cardeal Van Thuan, já servo de Deus, cuja causa de beatificação está em andamento. Curiosamente, o jovem oferecera sua vida e o seu sofrimento pela Igreja e pelo Papa. Imaginem, que oferecimento! Não quero ser presunçoso, muito menos comparar-me à generosidade desse jovem, mas ele me fez lembrar do breve discurso que eu disse ao Santo Padre, o Papa Bento XVI, na praça do Vaticano, no dia 15 de junho de 2005: “Santidade, sou um sacerdote brasileiro, e oferecerei todos os meus sacrifícios pelo seu pontificado e pela sua missão”. Sua resposta foi breve, mas significativa: “Obrigado pelo afeto!”. No mês seguinte, eu fui à África, e fui agredido pela terrível doença chamada malária, uma perturbação da saúde que pode matar em pouco tempo. Vá fazer determinadas promessas! Não obstante tudo, a consciência de que o Papa sempre precisa ser sustentado pela oração e pelo sofrimento dos cristãos, que se unem ao Cristo sofredor por meio de suas aflições, é um gesto sincero do dever dos seguidores de Cristo.

A Igreja de Jesus tem sido tão maltratada, perseguida e violentada pelos seus inimigos, que somente a serenidade interior dos cristãos convictos pode ser uma resposta válida e corajosa diante dos lobos ferozes que se encontram à espreita dos amigos de Cristo. Depois de fazer a sua primeira comunhão, Carlo Acutis nunca mais deixou de ter o seu encontro diário como o Cristo-Hóstia, o Homem discreto da Eucaristia, que não afasta de si nenhum dos que se aproximam dele com sinceridade de coração. Pena que, hoje, até mesmo a “primeira comunhão” tenha se tornado uma espécie de comércio, especialmente, em colégios particulares onde o “quite eucaristia” custa tão caro no pacote da escolaridade que o preço de Cristo não encontra um valor à altura de sua Pessoa, nem de sua dignidade, nem do preço que ele pagou por cada um dos homens que o rejeitam tanto! Quanto vale a Eucaristia, se até o paganismo moderno também se apropriou dela sem a devida autorização de quem de direito ou, o que é pior, com a conveniência comercial das autoridades constituídas da Igreja que nunca levaram a sério a questão e deixam que cada gestor das escolas particulares a faça, com rápida preparação, inclusive, impingindo o batismo dos alunos não batizados, por emergência do momento, sem a devida preparação.

Carlo Acutis, morto em 2006, aos 15 anos de idade, deixa-nos o legado de seu testemunho destemido, mormente, para a nossa juventude, tão perdida nos imperativos hedonistas da prevaricação do comportamento segundo a vontade de Cristo e de Deus. Seu testemunho é também a certeza de que, nas fileiras dos soldados de Cristo, espalhados por toda a terra, há muita gente, também, jovens, que levam Jesus Cristo a sério e se dispõem a dar a vida por Cristo e pela sua Igreja. E poderíamos dizer que não são exemplos raros. Esporádicas são as oportunidades ou as motivações para que vidas desse tipo sejam mais noticiadas e colocadas à luz do dia como modelos para os jovens que tentam identificar-se mais com Cristo. Um Cristo jovem, eterno, perene, verdadeiro, amigo, que não se destrói diante dos paradigmas dogmáticos do iluminismo covarde do mundo libertino em que nos encontramos. A biografia do jovem que morreu com fama de santidade, da autoria de Nicola Gori, e cujo processo de beatificação é provável que seja instaurado a qualquer momento pela Arquidiocese de Milão, intitula-se: “Eucaristia, minha rodovia para o céu. Biografia de Carlo Acutis!”. Certamente, fruto da consciência de que, diante de Cristo, tudo e toda a vida humana se relativizam na contemporaneidade efêmera da beleza, da saúde, da musculosidade sarada, da vitalidade fugaz da existência, dos bens materiais, enfim, da própria imanência existencial, culminando na morte, que é o caminho aberto à plenitude da vida eterna diante de Deus. De fato, não é a brevidade ou a longevidade da vida que conta, mas a intensidade de amor ao Senhor da vida com que ela é encarada e vivida serenamente.

O testemunho de um jovem como Carlo Acutis faz-nos refletir sobre a estupidez de nossa arrogância, muitas vezes, arvorada na sabedoria insana de pensar que a vida não se acaba nunca, quando, na verdade, toda a sabedoria e autossuficiência humanas se dissipam e se acabam no casco quebrado do crânio onde o estudioso encontrou senão a matéria morta e desprovida de vida. Destarte, ao lume da brevidade da vida, encontra-se a possibilidade do vislumbre eterno que o tempo permite ser vivido depois. Pensemos nas crianças que morrem em tenra idade, vitimadas por tantas espécies de cânceres malignos. Vidas ceifadas na flor do existir. É como se as crianças pudessem dizer, em forma de oração a Cristo: “O Senhor me mandou ao mundo, mas logo veio buscar-me! Mesmo assim, foi a brevidade do tempo passado na terra que me deu a grandeza e a oportunidade de viver a longa eternidade de Deus no céu, com todos os amigos de Cristo”. No entanto, a intimidade com Cristo e o oferecimento de nossas dores unidas a Ele, podem ser o grande consolo de sua presença fiel e oferente. Com efeito, viver com Cristo e para Cristo significa fazer morrer em nós muitas vontades humanas que não correspondem à sua santa vontade. Sim, a vontade de Deus independe de nossa vontade.

Quantos sonhos são sacrificados na vida de quem se despede do mundo aos quinze anos de idade! Morar com Cristo é o desejo mais íntimo dos santos que aceitam diluir a gota de sua existência na perenidade profunda e inatingível do mar da essência divina. Lembro-me do jovem São Luís Gonzaga, que viveu no final do século XVI, escrevendo à sua querida mãe, como que antevendo a doçura do que seria viver eternamente com Cristo, seu Bem mais amado: “Os médicos, que não sabem como irá acabar, procuram fazer todo o possível para a saúde do corpo. Mas para mim é mais importante pensar que Deus nosso Senhor queira conceder-me uma saúde melhor do que aquela que possam obter os médicos; e, portanto, estou verdadeiramente feliz, porque espero que dentro de poucos meses Deus nosso Senhor me chame da terra dos mortais para o reino dos vivos” . Muito bonito o exemplo do Santo que, aos 23 anos de vida, mudou-se, chamado por Cristo, para o “reino dos vivos”.

Como é difícil acertar nossa vida com a de Cristo quando os apelos do mundo nos chamam numa direção totalmente contrária, distraindo-nos do bem Supremo que é o próprio Deus. Acossados pela pressa do mundo moderno, que Carlo Acutis nos ajude a contar com sabedoria interior os dias que correm na terra e nos levam ao encontro definitivo com Cristo, no céu. Amém!

Modelo de pai e esposo, protetor da Sagrada Família, São José foi escolhido por Deus para ser o patrono de toda a Igreja de Cristo.

 
Não é sem razão que a Igreja, no meio da Quaresma, tira o roxo no dia 19 de março e coloca o branco na liturgia, para celebrar a festa de São José, esposo da Virgem Maria. Entre todos os homens do seu tempo, Deus escolheu o glorioso São José para ser pai adotivo de seu Filho divino e humanado. E Jesus lhe era submisso, como mostra São Lucas.
Santo Gertrudes (1256-1302), um grande místico da Saxônia, disse que “viu os Anjos inclinarem a cabeça quando no céu pronunciavam o nome de São José”.

Santa Teresa de Ávila (1515-1582), a primeira Doutora da Igreja, a reformadora do Carmelo, disse: “Quem não achar mestre que lhe ensine a orar, tome São José por mestre e não errará o caminho”. E ensinava que em todas as suas festas lhe fazia um pedido e que nunca deixou de ser atendida. Ensinava ainda que cada santo nos socorre em uma determinada necessidade, mas que São José nos socorre em todas.

O Evangelho fala pouco de sua vida, mas o exalta por ter vivido segundo “a obediência da fé” (Rm 1,5). Deus nos dá a graça para viver pela fé (Rm, 5,1.2; Hb 10,38) em todas as circunstancias. São José, um homem humilde e justo “viveu pela fé”, sem a qual “é impossível agradar a Deus” (Hab 2,3; Rm 1,17; Hb 11,6).

O grande Doutor da Igreja Santo Agostinho compara os outros santos às estrelas, mas, a São José, ele o compara ao Sol. A ele Deus confiou suas riquezas: Jesus e Maria. Por isso, o Papa Pio IX, em 1870, declarou São José padroeiro da Igreja Universal com o decreto “Quemadmodum Deus”. Leão XIII, na Encíclica “Quanquam Pluries”, o propôs como “advogado dos lares cristãos”. Pio XII o propôs como “exemplo para todos os trabalhadores” e fixou o dia 1º de maio como festa de ao José Trabalhador.

``A história de São José``, com padre Fernando Santamaria

São José foi pai verdadeiro de Jesus, não pela carne, mas pelo coração; protegeu o Menino das mãos assassinas de Herodes o Grande, e ensinou-lhe o caminho do trabalho. Jesus não se envergonhou de ser chamado “filho do carpinteiro”. Naquela rude carpintaria de Nazaré ele trabalhou até iniciar Sua vida pública, mostrando-nos que o trabalho é redentor.

Na história da salvação coube a São José dar a Jesus um nome, faze-lo descendente da linhagem de Davi, como era necessário para cumprir as promessas divinas. A José coube a honra e a glória de dar o nome a Jesus na sua circuncisão. O Anjo disse-lhe: “Ela dará à luz um filho e tu o chamarás com o nome de Jesus, pois ele salvará o seu povo dos seus pecados” (Mt 1,21).
A vida exemplar de São José é exemplo para todos nós. Num tempo de crise de autoridade paterna, onde os pais já não conseguem “conquistar seus filhos” e fazerem-se obedecer como devem, o exemplo do Menino Jesus submisso a seu pai torna-se urgente. Isto mostra-nos a enorme importância do pai na vida dos filhos. Se o Filho de Deus quis ter um pai, ao menos adotivo, neste mundo, o que dizer de muitos filhos que crescem sem o pai? O que dizer de tantos “filhos órfãos de pais vivos” que existem no Brasil, como disse-nos aqui mesmo em 1997 o

Papa João Paulo II? São José é o modelo de pai presente e atencioso, de esposo amoroso e fiel.

Celebrar a festa de São José é lembrar que a família é fundamental para a sociedade e que não pode ser destruídas pelas falsas noções de família, “caricaturas de família”, que nada têm a ver com o que Deus quer. É lutar para resgatar a família segundo a vontade e o coração de Deus. Em todos os tempos difíceis os Papas pediram aos fiéis que recorressem a São José; hoje, mais do que nunca é preciso dizer: São José, valei-nos! Falando de São José, o Papa João Paulo II na exortação apostólica “Redemptoris Custos” (o protetor do Redentor), de 15 de agosto de 1989, disse: “assim como cuidou com amor de Maria e se dedicou com empenho à educação de Jesus Cristo, assim também guarda e protege o seu Corpo Místico, a Igreja” (nº1). “Hoje ainda temos motivos que perduram, para recomendar todos e cada um dos homens a São José (nº 31).

Celebrar a festa de São José é celebrar a vitória da fé e da obediência sobre a rebeldia e a descrença que hoje invadem os lares, a sociedade e até a Igreja. O homem moderno quer liberdade; “é proibido proibir!”; e, nesta loucura lança a humanidade no caos.

São José, tal como a Virgem Maria, com o seu “Sim” a Deus no meio da noite, preparou a chegada do Salvador. Deus contou com ele, e não foi decepcionado. Que possa contar também conosco! Cada um de nós também tem uma missão a cumprir no plano de Deus. E o mais importante é dizer “Sim” a Deus como São José. “Despertando, José fez como o anjo do Senhor lhe havia mandado” (Mt 1,24).

Celebrar a festa de São José é celebrar a santidade, a espiritualidade, o silêncio profundo e fértil. São José entrou mudo e saiu calado, mas nos deixou o Salvador pronto para começar a Sua missão. É como alguém disse: “o servo que faz muito sem dizer nada; o especial agente secreto de Deus”. Ele é o mestre da oração e da contemplação, da obediência e da fé. Com ele aprendemos a amar a Deus e ao próximo.

São José viveu o que ensinou João Batista: “É preciso que Ele cresça e eu diminua” (Jo 3,30).

Prof. Felipe Aquino

sexta-feira, 16 de março de 2012

beleza do Cristianismo

Ele não é apenas belo em si, também é produtor de beleza

O filósofo espanhol Julián Marías, ao comentar sobre as perseguições antigas e presentes ao Cristianismo, afirmou que não se compreende a hostilidade contra algo que é admirável. Assim, o ódio anticristão seria intrinsecamente irracional. Efetivamente, o que há de mais belo neste mundo do que o Cristianismo? Uma Virgem concebe e dá à luz um Menino. Este Menino é o próprio Deus feito homem, andando no mundo e vivendo a vida dos homens, com suas dores e alegrias; o Verbo Criador, sem nada perder de Sua divindade, assume a natureza humana de Sua criatura. «Verdadeiro homem, concebido do Espírito Santo e nascido da Virgem Maria, viveu em tudo a condição humana, menos o pecado, anunciou aos pobres a salvação, aos oprimidos, a liberdade, aos tristes, a alegria» (Oração Eucarística n. 4).
Filho eterno de Deus Pai, consubstancial com o Pai e o Espírito Santo na mesma e única Essência divina, doou-se totalmente para a salvação da humanidade e reparar o pecado do homem. «Porque Deus amou de tal modo o mundo, que lhe deu seu Filho Unigênito, para que todo o que crê n’Ele não pereça, mas tenha a vida eterna» (Jo 3,16). Este Deus feito homem deixou-se crucificar pelos homens e ao terceiro dia ressuscitou dos mortos, vencendo a morte e nos dando a vida. Após a Ressurreição, apareceu aos discípulos e subiu aos céus, «não para afastar-se de nossa humildade, mas para dar-nos a certeza de que nos conduzirá à glória da imortalidade» (prefácio da Ascensão).
Pois então, existe história mais bonita que esta? Uma história sublime e ao mesmo tempo tão simples, que não encontra emulação em página alguma da literatura humana. Podem convocar todos os críticos literários do mundo, nenhum deles, honestamente, poderá apontar narrativa mais bela que o Evangelho. Nada do que a criatividade humana soube escrever pode ousar comparar-se. Esta é uma das provas da autoria divina dos Evangelhos: aquilo não pode ser obra humana, pois nada do que o homem produziu se lhe compara. Só o mesmo Deus poderia compor história tão bela, capaz de comover os homens de todos os tempos e de todos os lugares. Ademais, as narrativas que o homem criou foram inventadas pela imaginação e produzidas com papel e tinta, enquanto Deus fala nos fatos: antes de ser escrita nos livros, a narrativa evangélica foi representada diante dos homens por personagens de carne e osso, mediante fatos reais.














E se o Evangelho, centro da Sagrada Escritura, resplandece por sua sublime beleza, nem por isso o restante da Sacra Página encontra-se privado de encanto e ornamento. Vejam só a história de Abraão e de Sara, de Isaac e de Rebeca, e de Jacó que «sete anos de pastor serviu Labão, pai de Raquel, serrana bela» (Camões). A história de José, vendido por seus irmãos e depois salvando os mesmos irmãos que o tinham entregue, numa figura do Messias que viria. A singela história de fé de Tobias e a luta heroica dos macabeus. E, no Novo Testamento, a conversão de São Paulo no caminho de Damasco: o perseguidor que se torna o apóstolo dos gentios, pregando o Verbo entre os surdos e os descrentes. Entre tantos outros episódios que poderiam ser citados.
Porém, de fato, o que pode haver de mais belo do que Deus assumindo a nossa própria natureza? «O Verbo se fez carne, e habitou entre nós» (Jo 1,14). Este é o mistério da Encarnação do Verbo Divino; é, em certo sentido, a diferença específica do Cristianismo. Em nenhuma outra religião o Deus único e Criador de todas as coisas assumiu a natureza humana, tornando-se «em tudo à nossa semelhança, exceto no pecado» (cf. Hb 4,15), tomando para si um corpo e uma alma de homem. Ainda não contente, quis esse Deus ser mesmo nosso alimento na Eucaristia, em que Ele está substancialmente presente em Sua divindade e humanidade.
O Cristianismo não é apenas belo em si, como também é produtor de beleza. Por séculos, a verdade cristã inspirou os maiores artistas e promoveu a produção de inúmeras obras artísticas que enriqueceram a civilização não apenas nas letras, como em cada uma das belas artes. Diante dos magníficos tesouros artísticos produzidos e inspirados pelo Cristianismo, o que uma doutrina como o ateísmo teria a oferecer de semelhante? Será que a negação de Deus pode ser suficiente para inspirar um artista a produzir coisas belas?
Rodrigo R. Pedroso
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