domingo, 23 de setembro de 2012

XXVº DOMINGO COMUM- Se alguém quiser ser o primeiro, que seja o último de todos e aquele que serve a todos!





      Eu sou a salvação do povo, diz o Senhor. Se clamar por mim em qualquer provação eu o ouvirei e serei seu Deus para sempre. 
     São com estes períodos, contidos na Antífona da Entrada da Santa Missa Dominical, que principiamos a nossa reflexão acerca deste Vigésimo Quinto Domingo Comum. O que são as provações? Cravemos os nossos olhares e abramos os nossos ouvidos ao que sabiamente enaltece a Escritura Sagrada quanto a indagação. Eis as benditas palavras do Eclesiástico: Meu Filho, se te ofereceres para servir ao Senhor, prepara-te para a prova. Endireita teu coração e sê constante, não te apavores no tempo da adversidade. Une-te a ele e não te separes, a fim de seres exaltado no teu último dia. Tudo o que te acontecer, aceita-o, e nas vicissitudes que te humilharem sê paciente, pois o ouro se prova no fogo, e os eleitos, no cadinho da humilhação. Na doença e na indigência, conserva tua confiança. Confia no Senhor, ele te ajudará, endireitai teus caminhos e espera nele. (cf. Ecl. 2, 1 sg.)            

       Desta feita, recobremos a precedente Liturgia do Vigésimo Quarto Domingo. Nosso Senhor, após ouvir a solene e intrépida profissão de fé petrina, anuncia aos seus seguidores, às turbas, o que suceder-lhe-ia ao chegar à cidade santa de Jerusalém que o Filho do homem sofreria em demasia, seria rejeitado pelos anciãos, sumos sacerdotes e doutores da Lei; devia ser morto, e ressuscitar após três dias. Pedro censura o Senhor. Como pode se conceber um Messias fraco? Esperara-se um Libertador com aquele poderio de Elias que fora arrebatado na carruagem de fogo, ou, ainda, tal qual Isaías e Jeremias, profetas valentes. Jesus, logo, repreendera-o: ‘’Afasta-te de mim Satanás! Tu não pensas como Deus, mas como os homens.’’

O nosso Messias Santo é segundo a profecia de Zacarias: ‘’Dizei à Filha de Sião: Eis que o rei vem a ti, manso e montado num jumento, num jumentinho, num potro de jumenta.’’ (cf. Zc, 9, 9)

   À primeira leitura pertence ao bloco da Literatura Sapiencial, o Livro da Sabedoria.  ‘’(...) se, de fato, o justo é ‘Filho de Deus’, Deus o defenderá e o livrará das mãos dos seus inimigos. Vamos pô-lo à prova com ofensas e torturas, para ver a sua serenidade e provar a sua paciência (...)’’  Diletos irmãos cristãos esta é a terribilíssima concepção dos iníquos, ou seja, aqueles que não esperam em Deus, todavia em seus estratagemas e maquinações. Pronto! Reparemos o redemoinho do mundo que almeja as facilidades na vida fútil; oca! O justo, à qual a Escritura refere-se, é deveras o sensato que não põe a sua segurança no homem, porque uma vez colocada, logo ruirá.

      Nós que militamos, imersos no ‘’lacrimarum valle’’, somos, consoante São Paulo ‘’provados de todos os lados’’ sobretudo, na conjuntura da pluralidade dos analgésicos que os malfeitores oferecem às turbas, para gozarem duma existência fantasiosa. Quem pois, é fiel discípulo do Filho de Deus, precisa permanecer cônscio que cruzará com a ‘’via crucis’’ com a abnegação da própria vida. Lembremo-nos da feliz advertência de Jesus: Se alguém me quer seguir, renuncie a si mesmo, tome sua cruz e me siga. Pois quem quiser salvar a sua vida perdê-la-á, mas quem perder a sua vida por causa de mim e do Evangelho, vai salvá-la.

   Nas adversidades do quotidiano aí é que somos provados, precisamos da maturidade dos santos, da têmpera dos mártires, de ficarmos em pé sob a cruz  como Maria Santíssima, João, o Apóstolo...

    À segunda leitura da missa, da Epístola de São Tiago, é uma exortação para honrarmos o nome de cristãos. Onde há inveja e rivalidade, aí estão as desordens e toda espécie de obras más. Por outra parte, a sabedoria que vêm do alto é, antes de tudo, pura, depois pacífica, modesta, conciliadora, cheia de misericórdia e de bons frutos, sem parcialidade e sem fingimento.’’ A sabedoria, no Antigo Testamento, sempre fora visualizada, ainda que patente, como personificação da encarnação do Logos, do Verbo Eterno de Deus. Na plenitude dos tempos ei-la pois: Jesus, o Santo Cristo. Diz-nos o apóstolo dos gentios: Tendes em vós, os mesmos sentimentos existentes em Cristo Jesus.

    Permitamo-nos no copioso exercício da vida do Filho de Deus, que, sempre, procurou agradar Àquele que o enviará, o Pai. Detestemos todas as ações que  se desviam da benevolência do Cristo. Sim! É Ele o Homem perfeito e nós, como que atletas, esforçamo-nos, para chegar a estatura do Novo Adão.

Quanto ao Evangelho, a Liturgia hodierna, apresenta-nos o segundo anúncio da Paixão do Senhor. Há, contudo, agora, uma agravante entre aqueles que com Jesus subiam a Jerusalém.  A Palavra de Deus mostra o quanto o homem tende a desviar-se do plano salvífico: ‘’Israel, quanto dista o céu da terra tal qual dista os meus pensamentos dos vossos pensamentos.’’  Os discípulos discutiam ente si ‘’quem era o maior!’’ Aqui estar uma mentalidade dos negócios dos homens. Saber qual o holofote que mais alumia, tentar perlustrar quem fez mais, quem deu mais, enfim, como aqueles primeiros, saber quem o maior!

   Jesus inverte os pseudos-valores. O maior não é um herói, um super- homem, mas sim, o que serve. Se alguém quiser ser o primeiro, que seja o último de todos e aquele que serve a todos! Exclamara Jesus ao Colégio dos Doze primeiros, à Igreja mesmíssima de ontem, de hoje e de sempre. O critério fundante do discípulo-apóstolo do Senhor, ramo da sua Jerusalém, da sua Esposa é a diaconia. É depor a capa e cingir-se com o gremial da Quinta-Feira Santa. Dobrar-se aos pés de alhures como é mister a quem tem espírito de apóstolo. Vejamos, caros meus, Jesus é por antonomásia o Diácono da Humanidade. Ao inclinar-se diante dos pés, ao deitar água, faz ele um gesto de ‘’kenosis’’, anunciando a sua oblação total na ara da cruz. Eis irmãos! O nosso Divino Salvador quebrou-se por inteiro. Serviu até o extremo! Por isso mesmo que, solenemente, exclamara o apóstolo João, narrando o Testamento da Caridade. Tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até o fim!( cf. Jo, 13)

     Oxalá, disponhamo-nos tudo para todos, pois o ‘’Filho do Homem veio par servir e não para ser servido.’’ A Ele, que é o Alfa e o Ômega, a doxologia eterna! Amém!

 

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...