quarta-feira, 9 de novembro de 2011

A busca pela vida ascética e mística - parte I

Por Sem. Damião Clodoaldo Oliveira
Filósofo pela UFS e estudante de Teologia do Seminário Maior Nossa Senhora da Conceição

“É justo que muito custe o que muito vale”
Santa Teresa de Jesus D’Ávila

Pensar em vida espiritual séria, profunda e feliz é pensar nos grandes santos da Igreja. Onde suas vidas e seus escritos tem levado a tantos cristãos a viver uma profunda vida de oração como caminho de encontro com Cristo. Unir-se a Jesus não é mais meta de alguns poucos, mas de todos os batizados. Porém, uns desenvolvem mais essa vida profunda de intimidade com Deus, como é o caso dos santos da Igreja. Sem a oração, que inclui necessariamente os sacramentos, não há como viver a caridade de Cristo e por ela unir-se ao Esposo. O poder da oração profunda é tão extraordinariamente transformador que envolve a vida em todos os seus aspectos e com tal profundidade que o orante vem dizer como São Paulo: “Já não sou eu que vivo”. É Cristo que vive em mim!”. Assim, é a oração, relacionamento de amizade com Deus, fonte de felicidade e de santidade.

Jesus é, portanto o interlocutor do orante, o mais intenso desejo e único caminho do homem. Caminho diferente de todos os outros apresentados pela engenhosidade humana. Caminho esse de perfeição apresentado por Santa Teresa D’Ávila no seu escrito Caminho de perfeição que é tornar-se cada vez mais configurado a Cristo, a cada dia mais perfeito na caridade, na vontade e aos segredos do coração do Esposo.

Nesta pesquisa faremos uma análise sobre a vida ascética e mística que reconhece na vida contemplativa os meios de unir-se a Deus. Caminho de ascese que leva o homem a um profundo autoconhecimento de si mesmo e dos designos de Deus para si.

Não podemos esquecer a nenhum instante que a vida espiritual é concreta e que compreende ao caminho da pessoa rumo a Deus. É o homem inserido em sua condição histórica e individual. É preciso tomar consciência que nesse caminho o homem enfrentará obstáculos interiores e exteriores. É necessário, sobretudo, identificar os efeitos do pecado sobre nossa vida cristã e os meios que temos para lutar na busca da santidade e do assemelhar-se a Cristo. Para que haja progresso na vida espiritual é preciso reconhecer os aspectos que dificultam o movimento da graça.

Ascese: Definição e Etimologia

Partindo dessas considerações e da condição do homem em ser pecador, na busca da santidade surge à necessidade da ascese. A palavra ascese do grego σκησις, significa exercício, esforço, que consiste na prática da renúncia do prazer ou mesmo a não satisfação de algumas necessidades primárias, com o fim de atingir determinados fins espirituais. É um exercício voluntário que visa subordinar todas as tendências negativas à luz da razão e ao movimento e dinamismo da graça.
           
“Todos os fiéis cristãos, de qualquer estado ou ordem são chamados a plenitude da vida cristã e à perfeição da caridade”. (Lumem Gentium, 40)

O caminho de perfeição passa pela cruz. Não existe santidade sem renúncia e sem combate espiritual. O progresso espiritual envolve ascese e mortificação, que levam gradualmente a viver na paz e na alegria das bem-aventuranças. Todos são chamados à santidade: “Deveis ser perfeitos como vosso Pai celeste é perfeito”( Mt 5,48).           

Caminhos e meios de ascese

Essa necessidade de luta espiritual é afirmada de forma clara nos Evangelhos, em que toda vida moral e religiosa está icluído concretamente um esforço de ascese. “A essa necessidade se relaciona marcadamente o sentido da penitência, necessária para reparação dos pecados e para obtenção de graças particulares: oração, jejum e obras de misericórdia, retiros, exames de consciência, direções espirituais e os sacramentos completam-se reciprocamente”. São João Batista representa exatamente uma corrente de vida espiritual fundamentada na austeridade, disciplina da vida e apresentada como preparação para a conversão. Aos atletas se impõem uma ascese rigorosa; eles, por uma coroa perecível, mas, nós por uma coroa imperecível. Portanto, todos são chamados a viver uma disciplina que os faça reconhecer os seus pontos fracos levando o mesmo a se esforçar para libertar a vida de caridade voltada para Deus e para os outros.
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Um comentário:

  1. Tudo isso por Cristo, com Cristo e em Cristo. Bendito o Senhor nosso, que como diz o salmista, ''olha os nossos farrapos e os transformam em adornos de alegria!''

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