
Ivanildo Oliveira Junior
Quantas  vezes você já não ouviu esse paralelo ignorante que alguns protestantes  fazem em relação a essas palavras? Quantas vezes você já não foi  questionado a respeito de seu uso e desuso e, por fim, quantos de nós  católicos também caem nessa falácia de que uma difere e profana a outra.  ESTUPIDEZ e IGNORÂNCIA. Veremos que isso nada tem haver com que uma  grande parte da população atual menciona como certo e errado.
Vermelho  ou encarnado? Um termo vale o outro, com a diferença de que “vermelho” é  da língua literária, “encarnado” da língua popular. Igualmente,  “oração” é palavra clássica, ao passo que “reza” é da língua caseira.  Mas o mesmíssimo significado: A elevação da mente e do coração a Deus,  para o adorar, agradecer e pedir-lhe as graças de que necessitamos. É  somente isto a vontade de Deus, não lhe interessa o som das palavras,  diferentes nas várias línguas.
Isso  vale aqueles que, destituídos de um mínimo de cultura ou honestidade  intelectual, fazem das duas palavras, “oração” e “reza”, um cavalo de  batalha. “Nós oramos os católicos rezam: logo, os católicos estão errados”.  Os desinformados e/ou desonestos precisam saber que “oração” “orar”  (sem necessidade de remontar ao hebraico “Or” (Luz)), são palavras  originadas do latim, língua de Roma e, portanto, língua legítima da  Igreja Católica: (Oratio , orare). Até a aparição dos primeiros  protestantes (1520), foram de exclusividade nossa, na liturgia da Igreja  Ocidental. Querer vender-nos o que é nosso é crime de estelionato!
Sendo  um pouco mais específico Orar vem do latim orare; e rezar, do  latim recitare, que também deu em português recitar. Já em latim, os  verbos orare e recitare têm sentidos muito próximos: o primeiro  significa “pronunciar uma fórmula ritual, uma oração, uma defesa em  juízo”; o segundo, “ler em voz alta e clara” (portanto, o mesmo que em  português recitar). Entretanto, para orare prevaleceu na latinidade e  nas línguas românicas o sentido de rezar, isto é, dizer ou fazer uma  oração ou súplica religiosa (cfr. A. Ernout–A. Meillet,Dictionnaire  étymologique de la langue latine — Histoire des mots, Klincksieck,  Paris, 4ª ed., 1979, p. 469). Nós,  católicos, damos ao verbo rezar um sentido bastante amplo e genérico, e  reservamos a palavra oração mais especialmente — mas não exclusivamente  — para os diversos gêneros de oração mental, como a meditação, a  contemplação etc. Não há razão, portanto, para fazer dessa ligeira  diferença, comum nos sinônimos, um tema de disputas.
Os  protestantes, entretanto, salientam a diferença por dois motivos.  Primeiro, porque para eles serve de senha. Com efeito, acentuando  arbitrariamente essa pequena diferença de matiz entre as palavras, eles  utilizam orar em vez de rezar, e assim imediatamente se identificam como  crentes (como diziam até há pouco) ou evangélicos (como preferem dizer  agora). Isso tem a vantagem, para eles, de detectar entre os  circunstantes os outros protestantes que ali estejam. É um expediente ao  qual recorrem todas as seitas dotadas de um forte desejo de expansão,  como é o caso dos protestantes no Brasil.
Por  outro lado, a oração, para os protestantes, não tem o mesmo alcance que  para nós, católicos. Enquanto para nós o termo oração engloba todos os  gêneros de oração — desde a oração de petição até as orações de louvor e  glorificação de Deus — os protestantes esvaziam a necessidade da oração  de petição, que para eles tem pouco ou nenhum sentido. Com efeito, como  nós, católicos, sabemos, a vida nesta Terra é uma luta árdua, em que  devemos pedir a Deus em primeiro lugar os bens eternos, e depois os bens  terrenos de que temos necessidade. É o que ensinou Nosso Senhor Jesus  Cristo.
Até  ontem, quando a Missa era em latim, assim como ainda hoje em boa língua  portuguesa, o termo clássico era de uso comum, durante a Missa e  ouvirão, mais de uma vez, o convite do celebrante: “Oremos!” E, uma vez o solene: “Orai irmãos para que nosso sacrifício seja aceito por Deus Pai, Todo Poderoso”.  Dizer que a Igreja não ora é no mínimo preguiça de pesquisar a verdade,  a Igreja nunca fez distinção entre uma coisa e outra, pois via e  continua a ver o mesmo significado em ambas as palavras, o que sempre  foi real, os santos e santas que nos antecederam assim já nos  demonstravam:
“Depois que ficava em oração, via que saia dela muito melhorada e mais forte.” Santa Teresa d’Ávila
“Assim  como necessitamos continuamente da respiração, assim também temos  necessidade do auxílio de Deus; porém se queremos, facilmente podemos  atraí-lo pela oração.” São João Crisóstomo
“Ora et Labora!”Reza e trabalha! São Bento
“Sabe viver bem quem sabe rezar bem.” Santo Afonso Maria de Ligório
“A oração consiste em tratar a Deus como um pai, um irmão, um Senhor e um Esposo.” Santa Teresinha
“Quem começou a rezar não deve interromper a oração, em que pesem os pecados cometidos.”
“Com a oração poderá logo soerguer-se, ao passo que sem ela ser-lhe-á muito difícil. Não deixe que o demônio o tente a abandonar a oração por humildade” Santa Teresinha
Podemos  perceber então que tal distinção não fazia e nunca fez parte da vida  religiosa dos santos e santas da Igreja, como então continuarmos com  esse paralelismo que, até entre os católicos hoje existe? Basta parar de  acreditar na primeira besteira que se ouve e buscar a Sabedoria da  Igreja de dois mil anos, que tem todas as respostas necessárias.
Ainda  neste contexto perceberemos que nem mesmo o Catecismo da Igreja  Católica difere uma coisa da outra, pois ao utilizar ambas demonstra que  não existe e nunca existiu diferentes significados, podendo assim serem  usadas sem problema algum de cometer um dito “erro”, vejamos:
“A Oração é a elevação da alma a Deus ou o pedido a Deus nos bens convenientes. De onde falamos nós, ao rezar?…” CIC 2559
“[...]  Os Salmos alimentam e exprimem a oração do povo de Deus como  assembléia, por ocasião das grandes festas em Jerusalém e cada sábado  nas sinagogas. [...] Rezados e realizados em Cristo, os Salmos são  sempre essenciais à oração de Sua Igreja.” CIC 2586
“A  oração não se reduz ao surgir espontâneo de um impulso interior; para  rezar é preciso querer. Não basta saber o que as Escrituras revelam  sobre a oração; também é indispensável aprender a rezar, E é por uma  transmissão viva (a Sagrada Tradição) que o Espírito Santo, na ‘Igreja  crente e orante’, ensina os filhos de Deus a rezar.” CIC 2650
Fica  evidente então a Sabedoria da Igreja e a Verdade que nela, através de  Nosso Senhor, se expressa. Em outra Crítica protestante acerca da  prática de tais palavras veremos, a seguir, o cuidado que devemos ter.
A CRÍTICA PROTESTANTE A RESPEITO DAS PALAVRAS REPETIDAS
Para sustentar que “não devemos orar repetidas vezes”, os protestantes, como diz a missivista, apelam para a Bíblia. Provavelmente se referem ao Evangelho de São Mateus (6,7): “Nas vossas orações, não queirais usar muitas palavras, como os pagãos, pois julgam que, pelo seu muito falar, serão ouvidos”.
A interpretação deste texto de São Mateus não é entretanto a que os protestantes lhe dão. Ele significa simplesmente que a eficácia da oração não decorre da loquacidade, mas sobretudo das boas disposições do coração.  As disposições sendo boas, em princípio, quanto mais se reza, melhor! E  o próprio Jesus Cristo Nosso Senhor deu o exemplo de uma oração longa e  repetitiva no Horto das Oliveiras, quando, prostrado com o rosto em  terra, rezou por mais de uma hora, dizendo: Pai, se é possível, afaste-se de mim este cálice; mas não se faça a minha vontade, e sim a vossa (cfr. Mt 26, 39-44; Lc 22, 41-45).
Quanto  à necessidade da insistência na oração, no Evangelho de São Lucas (11,  5-8) se lê a impressionante lição do Divino Mestre: “Se algum de vós  tiver um amigo, e for ter com ele à meia-noite, e lhe disser: Amigo,  empresta-me três pães, porque um meu amigo acaba de chegar a minha casa  de viagem, e não tenho nada que lhe dar; e ele, respondendo lá de  dentro, disser: Não me sejas importuno, a porta já está fechada, e os  meus filhos estão deitados comigo; não me posso levantar para te dar  coisa alguma. E, se o outro perseverar em bater, digo-vos que, ainda que  ele se não levantasse a dar-lhos por ser seu amigo, certamente pela sua  importunação se levantará, e lhe dará quantos pães precisar”.
A  reiteração de nossos pedidos a Deus deve pois chegar a esse ponto da  importunação, segundo o conselho do mesmo Nosso Senhor. E por aí se vê  como os protestantes, abandonando a sabedoria da Igreja e arrogando-se o  direito ao livre exame, se afastam da reta interpretação das Sagradas  Escrituras, fazendo ilações lineares, sem levar em conta outras  passagens sobre o mesmo tema, o que é indispensável para chegar ao  verdadeiro sentido de todas elas.
Que Nosso Senhor sempre vos Ilumine e que vosso coração sempre tenha espaço para a Santíssima Virgem Maria!
 
 

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