Caros irmãos! Após debruçarmo-nos cinco domingos ao decurso
dessa segunda parte do Tempo Ordinário em que ouvimos de Nosso Senhor a solene
catequese acerca do ‘’mistério do Pão da Vida’’, principiado com o sinal,
(milagre), consoante a literatura joanina, chegamos ao ocaso de quão magnífico
sermão proferido em Cafarnaum, cidade ministerial do Messias davídico.
Voltemo-nos,
nesse ínterim, à primeira leitura da Sagrada Liturgia hodierna. Eis! A ‘’Assembleia
de Siquém’’. O grande sucessor de Moisés, Josué, conduzira Israel à terra prometida
e, com essa peregrinação, muitas são as vicissitudes pelas quais o Povo da
Aliança antiga é provado. Lembremo-nos
das queixas de Israel: ‘’Por que nos fizestes subir do Egito para morre neste
deserto. Pois não há nem pão, nem água; estamos enfastiados deste alimento de
penúria.’’ (cf. Nm 21). Em via dolorosa à terra reservada ao patriarca Abraão e
para toda a sua estirpe, a raça dos isarelitas fora influenciada pelos ídolos
dos povos politeístas instalados nas mediações da chamada ‘’Meia Lua Fértil’’.
Os amorreus, os jebuseus, os amonítas, os mesopotâmicos... Efraim é infidedigno
à Aliança Sagrada, sancionada com Moisés, no Monte Sinai.
A Assembleia de
Siquém é um estopim fundante na paulatina história da salvação, pois ela abrira
a consciência para a liberdade de Israel. ‘’Se vos parece mal servir ao Senhor
escolhei hoje a quem quereis servir: se aos deuses a quem vossos pais serviram
na Mesopotâmia, ou aos deuses dos amorreus, em cuja terra habitais. Quanto a
mim e a minha casa, nós serviremos ao Senhor.’’ (cf. Js, 24). Para tal
interpelação o povo, unânime, como numa solene profissão de fé, herdada dos
seus pais, respondê-lo-á: ‘’Longe de nós abandonarmos o Senhor, nosso Deus, ele
mesmo, é quem nos tirou, a nós e a nossos pais, da terra do Egito, da casa da
escravidão.’’
Pertinente é tal
acontecimento para sermos cônscios que, diante de Deus, é mister sermos
resolutos em esolhas que sempre resultarão em consequências. Diz-nos a
Escritura no Livro do Deuteronômio: ‘’Ponho diante de vós dois caminhos: o da
vida e o da morte, quais deles escolhereis? Agora, caros cristãos, reparemos
bem: quando escolhemos o Evangelho, aquele ‘’caminho estreito’’ do qual falara
Jesus, quando os seus discípulos indagaram-lhe quem se salvaria, saibamos que
defronte à existência, iremos nos deparar com, como diz São Paulo, a ‘’cruz que
é a sabedoria de Deus.’’ E depois Santa Rosa de Lima, cuja memória celebramos
por esses dias: ‘’ A cruz é a nossa escada para o céu.’’
À segunda
leitura, extraída da epístola de São Paulo aos Efésios, o apóstolo exorta aos cônjuges,
para a vivência diligente da vocação matrimonial. Notabilíssa é a analogia: ‘’Maridos
amai as vossa esposas como Cristo amou a sua Igreja e por ela se entregou.’’ O
miolo da vocação matrimonial e de todos quantos decidem-se pelo projeto
salvífico de Deus, perpassa as aparências, o verniz. Seja na relação conjugal,
elevada à dignidade de sacramento, outrossim no ministério de presbíteros... Sempre
urge fixarmos os nossos olhares e elevarmos o nosso coração no Mistério Pascal.
A vocação específica de cada cristão nasce e ganha vigor na vivência da Páscoa,
ou seja, quotidianamente, experimentarmos o que dissera Jesus: ‘’se o grão de
trigo cai na terra e não morre ficará só um grão de trigo, mas se morre
produzirá muitos frutos.’’ A capacidade do exercício do amor oblação, permite,
em nossa carne, como diz o Apóstolo, ‘’ completar o que faltou na paixão de
Cristo.’’
No Evangelho, como
sabemos, Jesus concluira o discurso sobre o Pão da vida. Mostrando aos seus
fieis seguidores quem o era, o milagre da multiplicação do pães, conduze-os a
permanecer com Ele. Agora, Atenção! Permanecer após o Mestre que durante a sua
vida pública estara subindo a Jerusalém, é saber que, chegaremos ao Gólgota. Ao
Monte Calvário. Por isso mesmo que adverti-os: ‘’Esta palavra é dura. Quem
consegue escutá-la? Palavra que sempre comprometeu. Pensemos nos doze, em Maria
Santíssima, nos santos, nos Papas, bispos, sacerdotes. Quando nos encontramos
com quão desafiadora palavra, dizemos como Simão Pedro: ‘’Em atenção a vossa
palavra lançaremos as redes.’’ Jesus, no final desse discurso solene, vai
querer dos seus a liberdade resiliente para segui-lo. Muitos, como aquele jovem
rico, ‘’ a partir daquele momento, voltaram atrás e não andavam mais com ele.’’
Até que o magno apóstolo São Pedro, o mesmo que na fraqueza, negá-lo-ia, Pedro,
em nome dos doze, dos discípulos.
Sempre Pedro, a Igreja, fidedigna servidora
do Evangelho, responde, com coração de quem conhece Aquele que segue: ‘’A quem
iremos, Senhor? Tu tens palavras de vida eterna. Nós cremos firmemente e reconhecemos
que tu és o Santo de Deus.’’ Diletos, vejamos, ‘’nós cremos’’, a fé de Pedro, a
genuína, é mesmíssima ontem, hoje e sempre! Com Pedro, com o Vigário de Cristo,
decidimos por Jesus, não obstante, às consequências de tal seguimento. A Ele, o
primogênito dentre os mortos, a glória, a honra, o louvor pelos séculos dos séculos.
Amém!
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