Difícil seria conceber uma sociedade
bem constituída, desprovida de sacerdotes. Pois, como assinala com proverbial
singeleza o Santo Cura d’Ars, “sem o Sacramento da Ordem, não teríamos o
Senhor”.
Acrescenta
ele: “Quem O colocou ali naquele sacrário? O sacerdote. Quem acolheu a vossa
alma no primeiro momento do ingresso na vida? O sacerdote. Quem a alimenta para
lhe dar a força de realizar a sua peregrinação? O sacerdote. Quem há de
prepará-la para comparecer diante de Deus, levando-a pela ultima vez o sangue
de Jesus Cristo? O sacerdote, sempre o sacerdote. E se esta alma chega a morrer
[pelo pecado], quem a ressuscitará, quem lhe restituirá a serenidade e a paz?
Ainda o sacerdote”.
Estas
palavras de São João Maria Vianney – oportunamente lembradas pelo Papa Bento
XVI na Carta para proclamação do Ano
Sacerdotal, de 16/09/2009 – realçam a importância da vida sacramental para
autêntica vitalidade do Corpo Místico de Cristo, mas também quanto a boa
ordenação social depende da dedicação e virtude dos ministros consagrados.
Muito
a propósito advertiu Dom Chautard, em seu célebre livro A alma de todo apostolado, que a um sacerdote santo corresponde um
povo fervoroso; a um sacerdote fervoroso, um povo piedoso; a um sacerdote
piedoso, um povo honesto; e a um sacerdote honesto, um povo ímpio...
O
Sacramento da Ordem eleva quem o recebe a uma dignidade régia no meio dos
fiéis, não apenas representando o Cristo, mas agindo in persona Christi, em diversas oportunidades. Ascende, assim, o
sacerdote, ao ser “consagrado na verdade” (Jo 17, 19) pela imposição das mãos
do Bispo, a uma dignidade superior à dos anjos, segundo Santo Afonso Maria de
Ligório.
A
tal elevação deve corresponder um desejo constante de em tudo se configurar com
Cristo. E, em consequência, uma respeitabilidade proporcionada a tão alta
missão, que se reflete não apenas no comportamento exímio, mas também na adequação
da postura, do modo de ser e do traje.
Sobretudo,
ensina o Concílio Vaticano II, deve o sacerdote ter presente a centralidade da
Eucaristia no seu ministério: “A Eucaristia aparece como fonte e coroa de toda
a evangelização” (Presbyterorum ordinis,
n. 2). Pois no sacrifício Eucarístico se exerce a própria obra da Redenção (cf.
idem, n. 13).
Também
nos dias atuais, a vitalidade da Igreja depende em boa medida dessa
configuração com Cristo, condição necessária e base de qualquer autêntica
renovação. Assim o salientou o Papa Bento XVI na homilia
da ultima Missa Crismal: “Quem observa a história do período pós-conciliar pode
reconhecer a dinâmica da verdadeira renovação, que assumiu amiúde formas
inesperadas em movimentos cheios de vida e que tona quase palpáveis a
inexaurível vivacidade da Santa Igreja, a presença e a ação eficaz do Espírito
Santo. E, se observarmos as pessoas das quais dimanaram, e dimanam, esses rios
pujantes de vida, vemos também que, para uma nova fecundidade, é preciso estar
cheio de alegria da fé; são necessárias também a radicalidade da obediência, a
dinâmica da esperança e a força do amor”.
Mais
uma vez, a santidade, portanto!
Fonte:Editorial – Revista Arautos do
Evangelho – Maio de 2012, nº 125
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