LUISA BELCHIOR -Folha
Acho impressionante a força que tem a Semana Santa na Espanha. E não falo (só) do fato de ser um feriadão de quase dez dias, nos quais muita gente aproveita para viajar.
Além
das viagens, o país mergulha em uma intensa programação de missas,
representações da via-crúcis, pessoas carregando cruzes para pagar
promessas e, principalmente, muitas procissões.
Normalmente
eu também viajo na data, mas como este ano fiquei em Madri acompanhei
algumas por aqui e, pela TV, outras ao redor do país.
Só
aqui na capital, há 16 procissões pelas ruas ao longo da Semana Santa.
Já em Sevilla, cidade no sul da Espanha que concentra as principais
festividades da data, são 60. As redes de televisão transmitem as
procissões ao longo de todos os dias. Este ano, por causa da chuva que
atinge quase todo o país neste feriadão, muitas não saíram.
Em
Sevilla, capital da Andaluzia, uma das procissões mais famosas varou a
noite de quinta-feira para sexta-feira. Chamada de “Madrugá” (madrugada,
com a redução da última sílaba típica do sotaque andaluz), saiu pelas
ruas com chuva e frio de 6ºC e cerca de 2.000 seguidores de cada
confraria (são seis no total).
Em Teruel, na região de Aragón (entre Madri e Catalunha), um grupo toca 4.000 tambores (visite o link ao lado, é muito interessante) por
nada menos que 26 horas seguidas. A “tamborada”, como é conhecida a
tradição, começou ao meio-dia desta Sexta-feira Santa e só termina às
14h de sábado (9h no horário de Brasília).
Em La Rioja, homens chicoteiam suas próprias costas para pagar promessas.
A
programação de procissões atrai muitos turistas. Nos aeroportos,
prefeituras distribuem panfletos com todos os horários e itinerários. Em
16 cidades, a festa é considerada de Interesse Turístico Internacional,
uma distinção dada pelo governo da Espanha.
Até uma “procissão” de ateus saiu aqui em Madri este ano, mesmo tendo sido formalmente proibida pelo governo.
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