Certamente já escutamos dos nossos pais e avós este adágio: ''A consciência é o santuário da vida.'' E que tamanha afirmação. Deus, no ato supremo da criação; plasmara o homem à sua imagem e semelhança, dotando-lhe de inteligência, vontade e liberdade e, sendo assim, é inato ao ser criado, o discernimento do que é certo e erado. Eis! A consciência.
Para a recepção do Sacramento da Reconciliação, é disciplinar que o
penitente, antes de aproximar-se do confessionário, faça uma perlustração da
sua consciência, ou seja, um exame detalhado das transgressões cometidas ao
Decálogo e deste modo o sacerdote ministre-lhe a Confissão cumprindo com os
ritos peculiares a tal liturgia sacramental. Ainda existe, numa das horas
canônicas do Ofício Divino, as Completas, a última, antes do repouso, um exame
de consciência, precedente ao 'Confiteor', conforme orienta as rubricas do
Breviário. E qual o porquê de examinarmos nosso interior? Há uma certa
mentalidade antiga, assim: 'a vida é minha' ou 'não devo nada a ninguém' e vai
relativizando aquele 'eu' do âmago em não assumir as consequências
dos atos voluntários.
Analisar a consciência é permitir o livre acesso de Deus
que sonda-nos o mais íntimo. O estabelecimento da reta consciência, formada
ciente das fragilidades humanas, auxilia-nos no autoconhecimento, de maneira
tal, que vamos escalando os obstáculos, para galgarmos a recompensa dos
bem-aventurados: a santidade de vida. Exame de consciência: ''Antes
de tudo, trata-se, sobremaneira, de atitudes comportamentais que nos ajudam a
melhorar nossa relação com Deus, com nós mesmos e com os irmãos, em progresso permanente
na virtude da santidade; trata-se de rever, com coragem e determinação, a
oportunidade momentânea de amadurecimento no curso de nossa sincera conversão,
de mudança de gestos e atitudes que, não apenas identifiquem um caminhar com
segurança, mas que o demonstrem, de fato.'' ( cf. Artigo:
'Olhando dentro de nós mesmos'. Pe. Gilvan Rodrigues dos Santos).
Ao examinarmo-nos, estamos, desde já, aniquilando o que
existe de caduco e infrutífero, permitindo assim, o advento duma nova
mentalidade e por conseguinte a aquisição da resolução em não cedermos as
práticas de outrora. Apraz-nos em recordar um dos insignes monarcas de Israel, Davi.
Infiel à aliança, vê-se contrito! '' Reconheço a minha iniquidade e
meu pecado está sempre diante de mim (...) Cria em mim, ó Deus, um
coração puro, renova em mim um espírito resoluto.'' ( cf.
Sl 50). A consciência não nos leva ao desespero, como em Judas Iscariotes, mas,
conduze-nos a revisão de vida. Ela nos edifica e educa para sermos pessoas
virtuosas.
Por vezes, na Sagrada Escritura, é patente a presença da consciência.
Numa das parábolas da misericórdia, ( cf. Lc 15) precisamente a do Pai
misericordioso, narra-se que o filho rebelde, após experimentar a ruptura com
Pai, cai por terra e diz: 'Já sei o que fazer! Voltarei à casa do meu
Pai.' O que mais seria esta resolução, senão a consciência
humana, perante a negligência? Eis! Espírito resoluto.
Formados pela
consciência nossa, experimentamos, não obstante aos erros, a perene
misericórdia de Deus; e a pedagogia de Jesus para com a mulher flagrada em
adultério? No colóquio, Jesus diz-lhe: 'Mulher, onde estão eles?
Ninguém te condenou? Ela responde-lhe: ''Ninguém Senhor!''
Jesus, então, lha diz: ''Eu também não te condeno. Vai, e de agora em
diante não peques mais.'' Vai, não peques mais. O Senhor faz com que
aquela, tida como pecadora, auto-reconheça o erro, ajuda-lhe a abre-lhe o
íntimo para a possível falta cometida. Enfim, irmãos, a sã consciência,
revela-nos, e outrossim, a Deus, nosso misericordioso Senhor, para
decidirmos por Ele, nossa vida e felicidade.
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